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quinta-feira, 24 de março de 2016

TRAÍDORES DO POVO DE DEUS, MISSÃO NA ÍNTEGRA REÚNE PASTORES E LÍDERES EM 25 ESTADOS BRASILEIROS LANÇOU UM MANIFESTO A FAVOR DE LULA E DILMA CRITICAM O JUÍZ SERGIO MORO E VÃO LEVAR ABAIXO ASSINADO PARA CONSELHO NACIONAL DA JUSTIÇA PARA AFASTAR-LO DA OPERAÇÃO LAVA JATO

renato santos
24/03/2016
O grupo Missão na Íntegra, que reúne pastores e líderes em 25 estados brasileiros, lançou um manifesto em defesa do Estado Democrático e de Direito. Segundo os organizadores, a iniciativa busca romper com a visão de que os protestantes estão quase sempre associados ao retrocesso e à intolerância.
Essa foto  esta  na página  do PT, que foi  publicado no dia 23  de março de 2016 

Esse manifesto  não está assinada, encontra-se  na página  do próprio PT, o conteúdo  as  fotos  são os palestrantes que  irão participar  em novembro estão na página deles ,agora  fica uma pergunta, esse manifesto faz parte deles  também, ou estão sendo traidores de CRISTO,cabe a cada  um deles se manifestar  e  a publicaremos.  

ARIOVALDO RAMOS

Idealizador e anfitrião

ED RENE KIVITZ

Pastor da Igreja Batista de Água Branca

PAULO JUNIOR

Fundadores e coordenador do Ministério Sal da Terra

ZIEL MACHADO

Historiador e pastor

ANTONIO CARLOS COSTA

Pastor da Igreja Presbiteriana da Barra da Tijuca

CARLINHOS QUEIROZ

Pastor da Igreja de Cristo no Brasil

RICARDO AGRESTE

Teólogo, filósofo e escritor

NEIL BARRETO

Pastor da Igreja Batista Betânia

MÁRIO FREITAS

Pastor, teólogo, mestre em Missiologia

MARCELO GUALBERTO

Pastor da Congregação Presbiteriana Central

LEVI ARAÚJO

Pastor da Igreja Batista da Água Branca

FÁBIO SILVA

Empreendedor Social

THIAGO CRUCCITI

Fundador & CEO da Máquina do Bem

GUILHERME BURJACK

Pastor da Igreja Cristã Sal da Terra Cidade
O manifesto em defesa da democracia critica os procedimentos adotados na Operação Lava Jato e deverá ser protocolado até quarta-feira (23) no Congresso Nacional, além de também ser encaminhado para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Para a próxima segunda-feira (28), está previsto ainda um ato em que os evangélicos convidarão juristas e intelectuais para uma conversa sobre a legalidade da operação. A ideia é abrir espaço para o debate e alertar para a importância de preservar a democracia no país.
Leia o manifesto na íntegra:
Manifesto de Evangélicos pelo Estado de Direito – Iniciativa do Missão na Íntegra

Nestas últimas semanas, a nação brasileira tem vivido momentos de aflição, angústia e ódio. A ausência de serenidade e cautela, nesta hora crítica, tem despertado muita preocupação e tememos que o acirramento provocado venha custar vidas humanas.

Conquanto tenhamos entre os membros de nosso movimento, como em todo o universo evangélico, as mais diversas opiniões políticas, ideológicas e opções partidárias, há em comum a pregação da tolerância, da paz e da justiça, conforme a orientação das Escrituras Sagradas. Desejamos, neste manifesto, nos posicionar a respeito desses acontecimentos.
Todos os signatários deste manifesto declaram que:
• como cristãos, rejeitamos e denunciamos com veemência a corrupção, a iniquidade, a impunidade e o ataque ao Estado Democrático de Direito. Esses desvios fazem com que o pão não esteja na mesa do pobre, e deixem os enfermos e os órfãos desamparados.
• entendemos que a corrupção e a impunidade têm sido problemas endêmicos na sociedade brasileira. E que a indignação de todos nós contra isso é justa e profética. Contudo, rejeitamos igualmente toda indignação pecaminosa que suplante o ordenamento jurídico, que aja com parcialidade e dissemine o ódio e o desejo de vingança entre os brasileiros.
• somos favoráveis a que todos, em quaisquer posições que ocupem ou de quaisquer camadas da sociedade, denunciados na forma da lei por possíveis crimes, sejam investigados e julgados. Porém, só se faz justiça civil pela aplicação rigorosa e exclusiva da lei. Não concordamos que os ritos necessários para o juízo legal sejam adulterados apenas para atender ao clamor público.
• rejeitamos a postura midiática tendenciosa com divulgações editadas dos processos investigativos. Essa prática irrefletida apenas tem promovido dias de aflição e angústia para os brasileiros, além de propagar o ódio e a intolerância com quem pensa de forma diferente sobre a condução dos processos. Por isso, nós pedimos à nação, e em especial aos nossos irmãos em Cristo, muita cautela e serenidade, e que o desejo de justiça não nos torne injustos.
• sabemos que os gritos de “crucifica-o” são motivados, muitas vezes, por gente mal intencionada e isso pode nos trair e nos levar a julgamentos precipitados. Entendemos que condenar alguém, antes que todo o processo investigativo seja concluso, antes que se dê amplo direito de defesa, e antes que um tribunal dê sua sentença final, constitui um perigoso precedente para que quaisquer poderes, seja o Executivo, o Legislativo ou o Judiciário, excedam os seus limites constitucionais.
• exigimos respeito ao voto. Toda eleição é uma convocação e um embate entre eleitores, e o voto é o suporte da legitimidade. Se a escolha dos eleitores corre o risco de ser invalidada, tem de haver um processo segundo o ordenamento jurídico, logo, isso tem de ocorrer de forma isenta e sob o império da Lei. O mandato outorgado pelo povo, por meio do voto, não pode ser levianamente questionado.
• rejeitamos todo ódio. O ódio, constatado muitas vezes nos discursos de figuras públicas, incita a violência e isso, segundo a nossa fé, é diabólico e não pode ser admitido entre os que constituem a Igreja do Senhor Jesus em solo brasileiro. Cabe a todo cristão a tarefa de ter paz com todos, seja em serviço ao próximo, seja em tolerância com quem pensa diferente, sendo capaz de amar e interceder por seu oponente. Intercessão que, rogamos, seja feita por nossa nação.
• defendemos que as investigações devam continuar, que as provas sejam coletadas e os responsáveis sejam arguidos pelos tribunais, conforme o estabelecido nas leis brasileiras. Que não haja privilégios para qualquer pessoa investigada, independente de posição ou partido político.
• defendemos a democracia como valor inexorável da Nação e não aceitaremos que nada possa interferir no Estado de Direito. Queremos que a institucionalização seja observada e que prevaleça a serenidade necessária para que o estado democrático seja preservado.
• reiteramos que “a voz” das ruas deve ser ouvida, mas o limite é a Constituição Brasileira. Cremos que todos devem ser investigados, mas dentro das garantias constitucionais. Que o voto e a escolha da maioria devem ser honrados, como reza a lei. Cabem às instituições, designadas democraticamente para tal, a garantia do Estado de Direito, a fim de que quaisquer cidadãos tenham seus direitos respeitados.
Para tanto permaneceremos em vigília e em orações.
Que o Senhor nos faça instrumentos da sua paz e da sua justiça.

AOS JORNAIS INTERNACIONAIS DILMA APRESENTA CONFIANÇA CRITICOU SEUS OPOSITORES E QUE IMPEACHMENT NÃO TEM FUNDAMENTOS LEGAIS

Mariana Jungmann – Repórter da Agência Brasil
A presidenta Dilma Rousseff procurou demonstrar confiança em entrevista a seis jornais estrangeiros, hoje (14), em Brasília, diante da crise política que o país enfrenta. Dilma falou com jornalistas do The New York Times (Estados Unidos), El País (Espanha), The Guardian (Inglaterra), Pagina 12 (Argentina), Le Monde (França) e Die Zeit (Alemanha).
Jornais como britânico The Guardian e o americano New York Times destacam os comentários de Dilma sobre o processo de impeachment que tramita na Câmara dos Deputados, as críticas a seus opositores e o tom desafiador dela diante dos pedidos de renúncia. Aos jornalistas estrangeiros, ela disse que o pedido de afastamento em curso “não tem fundamentos legais”.
Esta, aliás, é a terceira vez nas duas últimas semanas que Dilma afirma que não renunciará. No dia 11, a dois dias das manifestações de grupos contrários ao governo realizadas em todo o país, em pronunciamento após reunião com reitores dos institutos federais de Educação, Ciência e Tecnologia no Palácio do Planalto, ela fez a afirmação que ninguém tem o direito de pedir a renúncia de um mandatário sem provar que ele feriu a Constituição. E, nesta semana, no último dia 22, em encontro com juristas, ela discursou defendendo o próprio mandato, assegurando que jamais renunciará e que qualquer tentativa de afastá-la configura golpe.
Segundo os jornais estrangeiros, Dilma criticou fortemente o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), responsável por aceitar o pedido de impeachment contra ela, e lembrou que ele está envolvido em várias denúncias de corrupção. Questionada se aceitará a decisão do Congresso se for pela cassação do mandato, ela disse que “apelará com todos os métodos legais possíveis”.
A presidenta também acusou a oposição de não aceitar o resultado eleitoral de 2014 e de apostar na estratégia do “quanto pior, melhor” para o país. O The Guardian cita a alegação de Dilma de que Cunha e os oposicionistas têm sabotado a agenda legislativa do governo e incitado o país. “Nós nunca vimos tanta intolerância no Brasil. Nós não somos um povo intolerante”, disse a presidenta sobre os protestos, afirmando que menos de 2% da população brasileira foram às ruas e que parte de seus oponentes usa “métodos fascistas” para atacá-la.
O espanhol El País destaca não só que a presidenta disse ser o processo de impeachment “alto muito fraco”, mas também que ela acusa o presidente da Câmara dos Deputados de ter tentado barganhar o andamento do processo de afastamento com o apoio do governo contra o possível processo de cassação que ele pode enfrentar no Conselho de Ética, devido à constatação de que ele tem movimentações em contas na Suíça. “Digo a vocês como esse processo surge: o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, para evitar que a Câmara o investigasse, quis negociar com o governo. Se nós não votássemos contra essa investigação, ele punha o processo em curso. Cunha foi denunciado pelo Ministério Público Federal porque encontraram cinco contas na Suíça. Não sou eu quem digo, quem diz é o Ministério Público Federal”.
Tanto o The Guardian como o El País destacam o que Dilma Rousseff respondeu sobre os pedidos de renúncia que manifestantes contrários ao governo e a oposição, na Câmara, têm feito. “A oposição me pede que eu renuncie. Por que? Porque sou uma mulher frágil? Não, não sou uma mulher frágil. Minha vida não foi isso. Pedem que eu renuncie para evitar a pecha de ter colocado em curso, de forma ilegal, indevida e criminosa, o processo de afastamento a uma presidenta eleita. Pensam que devo estar muito afetada, que devo estar completamente desestruturada, muito presionada. Mas não estou assim, não sou assim. Tive uma vida muito complicada para não ser capaz agora de lutar pela democracia do meu país. Aos 19 anos fui à prisão, na ditadura, e não era uma prisão fácil. Era muito dura. Eu lutei em condições muito difíceis. Ou seja, não vou renunciar, claro que não”.
O americano New York Times explica que, além do impeachment na Câmara dos Deputados, a presidenta e o vice-presidente, Michel Temer, sofrem processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que pode determinar a cassação dos mandatos de ambos caso se confirme receberam dinheiro ilegal do esquema de corrupção da Petrobras em suas campanhas de 2010 e 2014. Isso pode, lembra o jornal, abrir caminho para novas eleições no Brasil.
A relação de Dilma com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a nomeação dele para ministro-chefe da Casa Civil também foram assunto da entrevista, que durou cerca de uma hora e meia, segundo os jornais. O New York Times lembra que Lula e o estrategista de campanha de Dilma, João Santana, estão envolvidos nos escândalos que assolam o país, mas ressalta que a presidenta defendeu o ex-presidente, a quem chamou de “parceiro”.
Segundo o jornal americano, a nomeação de Lula foi justificada pelo talento político dele e sua grande capacidade de articulação em um momento em que o governo está sob forte tensão. Ela negou que tenha havido uma tentativa de proteger o ex-presidente com a nomeação e argumentou que ele continuaria respondendo à Justiça se fosse ministro, porém, ao Supremo Tribunal Federal.
A presidenta ainda disse, segundo o New York Times, que não é agradável o momento que está passando, mas que apesar disso não é uma “pessoa depressiva”. “Eu durmo bem a noite toda”, afirmou Dilma aos jornais estrangeiros.
Após a entrevista no Palácio do Planalto, a presidenta passou pelo Alvorada e depois embarcou para Porto Alegre, onde passará o feriado de Páscoa.

Na entrevista a BBC Ex-assessor da Casa Branca diz que Lava Jato precisará de ponto final: 'Será necessário perdoar os que erraram'


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ReutersImage copyrightReuters
Image captionPoliciais voltam para sede da Polícia Federal após investigação em prédio da Odebrecht
Os mesmos argumentos legais que levaram os Estados Unidos a punir dirigentes da Fifa por atos de corrupção praticados em outros países deverão ser usados pelo governo americano para processar empresas brasileiras condenadas na Operação Lava Jato, diz o ex-assessor da Casa Branca Joel Velasco.
Em entrevista à BBC Brasil, Velasco - que trabalhou com o ex-vice-presidente Al Gore e serviu como conselheiro sênior na embaixada americana no Brasil no governo Bill Clinton - afirma que a operação brasileira representa um caso sem precedentes para autoridades dos Estados Unidos.
Procuradores brasileiros e americanos têm trocado informações sobre a Lava Jato há algum tempo e, por enquanto, sabe-se que o Departamento de Justiça dos EUA investiga o papel da Petrobras no escândalo.
Mas Velasco também defende um ponto polêmico: que, em algum momento, coloque-se um "ponto final" nas investigações da Lava Jato.
"Assim como no fim da ditadura tivemos de reconhecer os erros, prometer nunca mais repeti-los e perdoar os que erraram, no caso da Lava Jato isso vai ser necessário. De chegar num momento em que se diga que investigamos o que deu, que certamente houve outros erros, mas que os maiores culpados estão pagando e é importante que o Brasil comece uma nova fase."
Arquivo pessoalImage copyrightArquivo Pessoal
Image captionEx-assessor da Casa Branca, Joel Velasco diz que nos EUA há uma "decepção enorme" com o que está acontecendo no Brasil
Para Velasco, é questão de tempo até que as autoridades americanas batam à porta de todas as subsidiárias da petrolífera e construtoras implicadas no caso. Dezenas de empresas estão envolvidas na operação, entre as quais algumas das maiores empreiteiras brasileiras. Várias delas já tiveram dirigentes presos e condenados pela Justiça no Brasil.
O Foreign Corruption Practices Act (legislação nos EUA que trata da corrupção de empresas no exterior) e outras leis permitem ao governo americano processar qualquer companhia estrangeira por atos de corrupção executados fora dos Estados Unidos, desde que a empresa tenha algum vínculo - ainda que mínimo - com o país.
A condição, segundo Velasco, se aplica a quase todas as companhias denunciadas na Lava Jato. As investigações, diz ele, deverão render às empresas multas altíssimas nos Estados Unidos, além das que, eventualmente, sejam condenadas a pagar no Brasil.
Nascido nos EUA, Velasco é filho de brasileiros e passou boa parte da juventude no Brasil. Hoje ele é vice-presidente do Albright Stonebridge Group, uma consultoria baseada em Washington.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
BBC Brasil - Como a Casa Branca está encarando a crise no Brasil?
Joel Velasco - Não posso falar pela Casa Branca, mas diria que há uma decepção enorme com o que está acontecendo no Brasil. Os EUA enxergam o Brasil como um grande aliado, um país que pelo menos nas últimas décadas era percebido como um líder emergente.
Hoje essa posição está questionada, e o Brasil é menos reconhecido por sua legitimidade moral e ética. O governo pode cair nas próximas semanas ou meses, mas juntar esses pedaços e reconstruir a credibilidade do Brasil vai levar anos.
Image copyrightBBC World Service
Image captionPróximo presidente terá que enfrentar presença das empresas da Lava Jato nos EUA, diz Velasco
BBC Brasil - Como a crise afeta a relação entre Brasil e Estados Unidos?
Velasco - Uma das grandes dificuldades que vai ficar para o próximo presidente americano é o fato de que quase todas as empresas brasileiras envolvidas com corrupção na Lava Jato têm ações, investimentos ou, no mínimo, negócios aqui nos EUA.
O Departamento de Justiça americano e a comissão de valores mobiliários dos EUA, estão investigando essas empresas e devem lhes propor multas absurdas em termos de valores. Até hoje, acho que a maior multa já dada nos EUA para um caso de corrupção fora do país foi de cerca de US$ 800 milhões. É bem possível que as multas que serão aplicadas sobre empresas brasileiras, no topo da lista a Petrobras, serão duas vezes maiores.
Em alguns desses casos a questão será delicada, porque há empresas quase estatais. E nesses casos valerá o doa a quem doer.
O novo presidente ou presidenta dos EUA, já com todas as dificuldades para lidar com o Brasil, terá de ligar para o presidente brasileiro e dizer: "Tenho uma péssima notícia: uma de suas empresas terá de pagar um bilhão de dólares em multa ou será levada à Justiça aqui e pagará bem mais". Como um presidente no Brasil vai engolir que a Petrobras, que já está cheia de dívidas, pague mais uma multa?
BBC Brasil - Isso se aplica a todas as empresas brasileiras condenadas na Lava Jato?
Velaso - Qualquer uma das construtoras e qualquer uma das subsidiárias da Petrobras. O caso da Fifa deixou bem claro. Quem liderou grande parte das investigações sobre a corrupção na organização foi o governo americano, simplesmente porque o dinheiro da Fifa estava passando por contas americanas.
Qualquer dessas empresas brasileiras que fez negócios em dólar, usou contas nos EUA, tem escritório de representação no país pode ser acionada. Não precisa nem ter ações em bolsa aqui.
Segundo a legislação americana, essas questões podem levar certos executivos à cadeia se não houver um acordo. É um megaproblema, e quem acompanha isso nos EUA sabe que vai acontecer. Mas acho que no Brasil ainda não caiu a ficha.
BBC Brasil - Como funcionam esses procedimentos?
Velasco - Após investigações internas do governo americano, eles vão procurar as empresas e perguntar: "você quer que a gente entre num tribunal e conte tudo o que descobriu de vocês, com a possibilidade de cadeia?". Normalmente as empresas propõem um acerto e pagam multa. A outra opção é para lá de dramática. Se deixam a decisão na mão de um juiz, ninguém sabe o que pode acontecer.
É um capítulo que ainda será escrito. Desconheço outro caso tão complexo como este (baseado na Foreign Corruption Practices Act), envolvendo um país tão grande como o Brasil.
BBC Brasil - Qual a melhor solução para a crise no Brasil?
Velasco - Dentre os cenários possíveis, acho que impeachment seria o mais desejável. Mas em qualquer cenário surge a questão: como ficam as investigações? Acho importante as investigações continuarem, mas também reconheço que em algum momento a gente precise pôr um ponto final nessa história.
Assim como no fim da ditadura tivemos de reconhecer os erros, prometer nunca mais repeti-los e perdoar os que erraram, no caso da Lava Jato isso vai ser necessário. De chegar num momento em que se diga que investigamos o que deu, que certamente houve outros erros, mas que os maiores culpados estão pagando e é importante que o Brasil comece uma nova fase.
Num cenário com um novo governo, seja quem for o presidente, possivelmente daqui a dois anos, o Brasil vai ter que ser governado por um pacto nacional. Vai exigir grandeza dos líderes políticos, e parte dessa grandeza vai ser aceitar um perdão.
Todo mundo no Brasil agora faz comparações com Watergate (escândalo que provocou a queda do presidente americano Richard Nixon em 1974). Uma das coisas mais importantes no pós-Watergate foi o fato de que o presidente que assumiu, Gerald Ford, perdoou Nixon e muitas pessoas (nos EUA, o presidente tem o poder de perdoar sentenças). Apesar de no momento ter sido muito impopular, isso foi importante para acalmar os ânimos e fechar o capítulo.
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Image captionSobre comparações com Watergate, americano diz que uma das coisas mais importantes foi o perdão de Ford a Nixon, o que acalmou os ânimos
BBC Brasil - Um arranjo como esse não pode alimentar ainda mais a disputa política? Não dirão que a Lava Jato foi feita para punir alguns partidos e favorecer outros?
Velasco - Não é que o Brasil vá deixar de investigar, mas o Brasil não pode ficar nessa inércia, nesse processo de continuar investigando tanto que o país pare. Em algum momento terá de haver um pacto. O líder que fizer isso vai receber muitas críticas, mas o país aguenta outro governo sem capacidade de governar? Aguenta mais dois anos de investigações?