RENATO SANTOS 12/04/2020 O Brasil e a quase totalidade dos países atravessam a Semana Santa mais triste de sua história.
Em decorrência da ameaça de uma pandemia, mas acima de tudo pela privação das celebrações e graças inerentes a essa festividade, através da qual a Igreja vem rememorando ininterruptamente, desde o remoto ano de 389, a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Vivemos um desses momentos que marcam a História e definem o futuro que recairá sobre as gerações que se sucederão.
A pandemia do Coronavírus, para além do seu aspecto médico, poderá ocasionar as maiores transformações que a humanidade enfrentou nesses dois mil anos de Cristianismo.
Transformações que já estão sendo operadas sem que quase ninguém as analise com profundidade e apresente uma visão de conjunto capaz de alertar a opinião pública, e que vão sendo absorvidas com resignação diante de uma calamidade pública apresentada com proporções apocalípticas.
“Confisco”, “redistribuição de renda”, “novo modelo econômico”, “imposto sobre fortunas”, “ordenação da produção para enfrentar a pandemia” etc., são temas cada vez mais comuns na imprensa. Ao mesmo tempo, espalham-se notícias, carregadas do antigo rancor da “luta de classes”, confrontando quarentenas em “mansões” e em “favelas”.
Dizer que o mundo “não será mais o mesmo” se tornou uma nova “palavra de ordem” repetida em vários círculos sociais. Um mundo mais “igualitário”, “ecológico”, “pós-industrial”.
Entretanto, esse “novo mundo”, segundo seus profetas, não consistiria numa correção dos erros do passado e num “Retorno à Ordem” baseado na Lei Natural e nos princípios de uma sociedade orgânica, mas sim num mundo utópico, seja o dos ecologistas e indigenistas mais radicais, ou aquele sonhado pelos corifeus de uma governança mundial, primeiro sanitária, depois ecológica e finalmente política ou até mesmo filosófica e religiosa.
Para debelar esse perigo e inspirado na obra Baldeação ideológica inadvertida e Diálogo, publicada pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 1966, o Instituto que se honra de levar seu nome apresenta ao público brasileiro esta primeira análise dos riscos que enfrentamos na crítica hora presente, esperando que ela sirva para alertar os espíritos generosos, mas ingênuos, que podem ser vítimas inadvertidas de uma vasta manipulação ideológica.
Tal análise será feita com base nos princípios da Doutrina Social da Santa Igreja, os quais agora mais do que nunca precisam ser relembrados, uma vez que são silenciados em tantas cátedras episcopais infectadas pelo vírus da Teologia da Libertação.
São esses princípios do ensino tradicional da Igreja Católica que neste momento de confusão e relativismo darão o norte necessário a uma humanidade que depositou toda sua confiança na técnica e na ciência modernas e que de repente se vê imersa na insegurança, confrontada com um futuro incerto e ameaçador.
Agora, se já estamos nesse caminho o que dizer,das outras denominações, vivemos num perigo, mas, de transformações.
O Coronavírus é real e seu perigo não deve ser subestimado; mas não se pode, em função de um perigo para a saúde pública, em nome de um bem comum mal entendido, sacrificar valores, quebrar as barreiras ideológicas em relação ao comunismo, aceitar uma mudança de “paradigma” para um novo mundo que será uma antítese da Cristandade.
Ademais, há outra ditadura em gestação. A ditadura do “pensamento único”, que busca silenciar aqueles para os quais o homem não é só corpo, a economia não diz respeito apenas ao dinheiro e o verdadeiro bem comum não prescinde dos valores morais.
Neste momento em que essas barreiras ideológicas estão caindo por medo de um vírus, mais do que nunca importa relembrar os princípios sociais da doutrina católica.
fonte IPCO parte 1