Convidado para mediar os painéis do Congresso Internacional de Segurança Pública 2014, evento realizado pelo Departamento de Segurança (Deseg) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e que prossegue até quarta-feira (21/05), na sede da entidade, o jornalista Ricardo Boechat, âncora do Jornal da Band, acabou compartilhando com o público um relato bastante pessoal sobre os problemas que ele e sua família já enfrentaram na mão de criminosos.
“Apesar de não ser especialista ou estudioso sobre o tema, sou, sim, um cidadão comum, vítima de extensas experiências com roubos e crimes”, disse o jornalista, na abertura de sua participação no encontro, na manhã desta terça-feira (20/05).
Pai de seis filhos, Boechat revelou que quatro deles já foram vítimas de assaltos à mão armada mais de uma vez. Além disso, o jornalista já foi vítima de quatro invasões à sua residência, além de ter quatro veículos roubados por assaltantes.
Em certa ocasião, uma das minhas filhas, em um ônibus próximo ao Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, foi ameaçada diretamente por um criminoso armado, que dizia que a iria matar”, revelou. “O que mais incomoda é que minha família não é um ponto fora da curva, ela faz parte da curva.”
Segundo Boechat, levantamentos recentes indicam que 16 cidades brasileiras figuram entre as 50 mais violentas do planeta. “Entre elas, nove estão no Nordeste. Sendo que em Maceió, capital do Alagoas, 80 pessoas a cada 100 mil habitantes são assassinadas. Um número, no mínimo, alarmante”.
Curiosamente, segundo o jornalista, a violência não é o motivo de maior preocupação do brasileiro. “O brasileiro se preocupa mais com educação e saúde pública, preocupações também dignas”.
Boechat tentou explicar a razão para a segurança não ser o principal motivo de preocupação do cidadão. “Minha impressão é que o brasileiro não vê a queda da criminalidade como algo possível, palatável. Eles não aspiram a segurança porque sua vivência mostra que ela é utópica, inalcançável”.
Seja como for, o jornalista acredita que o problema deve ser enfrentado. “Podemos atenuá-lo e superá-lo. Não devemos aceitar esse cenário de violência como algo imutável”, encerrou.
BOECHAT TOMANDO UM CAFÉ COM LEITE NA FIESP (FOTO RENATO SANTOS) |
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