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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

DINHEIRO DA PETROBRAS PAGOU A MULTA DE JOSE DIRCEU O BRASIL VAI PRESENCIAR A MAIOR CRISE DE SUA HISTÓRIA

Rubens Bueno comentou ainda reportagem da revista Isto É que denuncia a falta de energia no país se deve ao fato de 70% das empresas do setor não existem de fato e nunca existirão.

De acordo com o líder, o país está prestes a presenciar a maior crise política de sua história.



O mensaleiro contou também que em encontro no Hotel Puma, em São Paulo, com a participação de Pinto, Silvio Pereira e Breno Altman.



Segundo afirmou Bueno, o dinheiro emprestado pelo BNDES a essas empresas fantasmas desaparece após incorporações feitas por empresas de investimento, participações e holdings controladas por offshores  em paraísos fiscais



A ex-contadora das empresas do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, revelou nesta quarta-feira na CPMI da Petrobras que o empresário Enivaldo Quadrado, condenado no processo do mensalão, lhe pediu para receber, mensalmente, do jornalista Breno Altman R$ 15 mil. “Ele me dizia que era o PT pagando a multa dele do mensalão”, afirmou a contadora. Altmann, que é ligado ao ex-ministro José Dirceu, seria, segundo Meire, o representante indicado pela direção petista para fazer o pagamento.

A contadora respondia a uma pergunta do líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PR), quando fez a revelação. O parlamentar já pediu a convocação de Altman e também a quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico do jornalista. “A senhora acaba de revelar que após o mensalão existe o prêmio do mensalão para pagar o silêncio dos bandidos que protegem não só o PT, mas todos os envolvidos”, disse Bueno.

Meire deu detalhes sobre o pagamento. Afirmou que recebeu o dinheiro durante três meses a pedido de Quadrado e que os pagamentos eram feitos na casa do jornalista, em São Paulo. Disse ainda que uma das parcelas foi paga em dólares. "Eu lembro que ele tinha uma maleta de dinheiro", disse Meire ao responder o líder do PPS. 

Confrontada com uma foto da prisão de José Dirceu após a condenação por participação no mensalão, a ex-contadora reconheceu Breno Altman.

Chantagem

Bueno havia perguntado se Meire Poza tinha conhecimento de um contrato de R$ 6 milhões para pagamento de chantagem feita contra figuras eminentes do PT para que não fossem revelados detalhes do assassinato de ex-prefeito de Santo André Celso Daniel.

Rubens Bueno queria saber se realmente teria havido chantagem ao ex-presidente Lula, a Dirceu e ao ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) por parte do empresário Ronan Maria Pinto, do ramo de transportes. 

“Tive acesso ao contrato. O senhor Enivaldo (também envolvido na operação Lava Jato, da Polícia Federal) me pediu para que o guardasse”, disse Poza. 

O contrato de R$ 6 milhões

O contrato guardado pela contadora foi firmado entre a 2S Participações, do mensaleiro Marcos Valério, e a empresa Expresso Nova Santo André, do empresário Ronan Maria Pinto. O documento, apreendido durante a operação Lava Jato da Polícia Federal, tratava de um empréstimo de 6 milhões de reais da agência do operador do mensalão do PT para o empresário. 

Valério já falava do contrato

Em 2012, durante depoimento ao Ministério Público Federal, o mensaleiro Marcos Valério já falava da existência desse contrato. Ele disse que foi procurado por Silvinho Pereira, então secretário geral do PT, que lhe relatou que Gilberto Carvalho, Lula e José Dirceu estavam sendo chantageados pelo empresário do ramo de transportes, Ronan Maria Pinto. 

O mensaleiro contou também que em encontro no Hotel Puma, em São Paulo, com a participação de Pinto, Silvio Pereira e Breno Altman, que na época trabalhava para José Dirceu, ficou acertado que o jornalista, o mesmo das parcelas de R$ 15 mil reveladas hoje por Meire Poza, seria o intermediário da negociação. 

Empreiteiras e money delivery

O líder insistiu na convocação de uma reunião administrativa da comissão para que sejam votados os pedidos de quebra de sigilo, principalmente das empreiteiras. “Já temos informações suficientes para essas quebras, mas parece haver uma blindagem com relação às empreiteiras, e não vamos chegar a lugar algum sem investigar essas empresas”, declarou. 

Rubens Bueno mostrou um diagrama de como funcionava o esquema de corrupção na Petrobras, com o dinheiro saindo por contratos superfaturados ou mesmo fictícios, emissão de notas frias e a volta dos recursos para as empreiteiras ou sua distribuição por Youssef para políticos e partidos.

“O pagamento de propina hoje é algo tão refinado que é difícil rastrear porque se criou o money delivery, a propina entregue em domicílio”, disse o deputado, ao lamentar “a que ponto chegou a sofisticação do esquema pós mensalão”.

Empresas fantasmas de energia

Rubens Bueno comentou ainda reportagem da revista IstoÉ que denuncia a falta de energia no país se deve ao fato de 70% das empresas do setor não existem de fato e nunca existirão. “A situação é grave e envolve BNDES, pequenos bancos que quebraram, mas isso não comove o governo, que não toma providências”.

Segundo afirmou Bueno, o dinheiro emprestado pelo BNDES a essas empresas fantasmas desaparece após incorporações feitas por empresas de investimento, participações e holdings controladas por offshores  em paraísos fiscais. “Outra revelação estarrecedora é que muitos bancos pequenos e médios que quebraram foram usados para lavar dinheiro”.

De acordo com o líder, o país está prestes a presenciar a maior crise política de sua história. “Está tudo nas delações premiadas (de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef), a que a CPMI está pedindo acesso”. Para o parlamentar, o país precisa “passar a limpo a quadrilha que tomou conta do poder e que nele quer se manter a qualquer preço”.

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