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sexta-feira, 6 de março de 2015

Cardozo repudia insinuação de influência do governo em lista de Janot SERÁ

Fonte: Estadao Conteudo

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quinta-feira, 5, "repudiar" as afirmações de opositores de que o governo tem pressionado para a inclusão ou retirada de nomes na lista de parlamentares entregue pelo Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF).

"Repudio as manifestações que têm sido feitas por parlamentares de oposição no sentido de que autoridades do governo têm agido para incluir ou retirar nomes da lista apresentada pelo procurador-geral da República no bojo das investigações da Lava Jato", afirmou o ministro em coletiva convocada por ele. "Repudio afirmações de que influenciamos naquilo que é decisão exclusiva do PGR. Estou me referindo a falas de parlamentares oposicionistas. É lamentável e triste que se utilizem desse tipo de expediente. É inaceitável que usem retórica para que fatos relatados em delações sejam mascarados. Repudio a tentativa de dizer que eu tenha agido para evitar ou influenciar resultados", disse o ministro.
Cardozo não mencionou o nome do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), mas as declarações, segundo pessoas próximas ao ministro, se dirigiam ao tucano. Adversário da presidente Dilma Rousseff nas últimas eleições presidenciais, Aécio Neves é um dos congressistas que deve ter arquivada a investigação da Operação Lava Jato em razão de Janot ter considerado insuficientes as informações fornecidas pelo doleiro Alberto Youssef. Na delação, o doleiro afirmou que o tucano teria recebido dinheiro fruto de propina de Furnas, estatal do setor elétrico, por meio "de sua irmã", sem citar nomes ou detalhes.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo nessa quarta, 4, após ser divulgado que havia um pedido de arquivamento contra Aécio, o tucano acusou o governo de ter atuado para incluir a oposição na lista dos políticos acusados de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. "Recebo como uma homenagem o arquivamento. Foram infrutíferas as tentativas de setores do governo de envolver a oposição na investigação", disse o mineiro. Questionado sobre quem teria atuado para prejudicá-lo, o senador não respondeu.
Sem citar Aécio, Cardozo ironizou indiretamente a iniciativa do tucano de ter comemorado o possível arquivamento das investigações ao falar dos vazamentos de parte da lista ocorridos à imprensa. "Acho até curioso e vejo algumas pessoas comemorando arquivamento, se eu não sei se efetivamente ocorreram. Eu não sei. Se alguém comemora alguma coisa antes de se ter ciência pública do que acontece, tem que explicar porque comemorar. Eu não comemoro, não aplaudo, porque eu não sei", afirmou o ministro. A decisão sobre o arquivamento da investigação cabe ao ministro do Supremo Teori Zavascki, relator da Lava Jato na Corte.
Na coletiva, ele também disparou contra a condução das investigações realizadas em governos anteriores ao do PT. "O governo conhece muito claramente o campo de suas atribuições. E é nessa perspectiva que eu posso afirmar em alto e bom som de que, se no passado governos agiam desta maneira, faziam pressões ou utilizavam expedientes, que fugiam à legalidade, para afastar investigados ou incluí-los, não nos meçam por réguas antigas.
Ele condenou ainda os vazamentos ocorridos dos nomes dos parlamentares e até da presidente Dilma que constariam na lista de Janot. Cardozo, no entanto, não quis se posicionar sobre a possibilidade de retirada do sigilo dos processos que podem ocorrer por decisão do ministro Teori Zavascki, que relata as investigações no STF. "Levantar sigilo é decisão judicial. Não emito opinião a respeito, tenho certeza que o ministro Teori Zavascki saberá decidir".
O ministro defendeu ainda que não houvesse prejulgamentos com aqueles que tenham os nomes incluídos na lista de Janot. "Pouco importa quais são os nomes que estão envolvidos, se são da situação, se são da oposição. O que está se discutindo neste momento é abertura de um inquérito que vai investigar pessoas. Avaliar que isso é um prejulgamento, que já é algo que vale uma condenação, é de uma injustiça profunda".

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