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terça-feira, 31 de março de 2015

DE RENATO SANTOS PARA UMA PROFESSORA DE JORNALISMO BIA Beatriz Thielmann "O meu jeito de ser jornalista é o inconformismo :

DE  RENATO  SANTOS
PARA A  PROFESSORA BIA  "O meu jeito de ser jornalista é o inconformismo
A  BIA, não  morreu, ela  deixou  para  todos  nós  uma  história  de  vida, sempre lutadora  aos  desafios  da  profissão,  ela  conseguia  fazer  desse  desafio  sua trajetória, a sua  biografia  ou  bibliografia  de  vida, sempre  vai  deixar  sua  marca, BIA, simplesmente  deixou  aqui  para  nós  o que  é  ser  JORNALISTA, sempre cuidadosa  em  suas  palavras  e  carinhosa  com  as pessoas, jamais  foi  uma pessoa arrogante , uma  vez  fui  testemunha  em  uma  dessas  reportagens  de rua  que  ela fazia.

Eu  estava  ansioso  por  conhece-la  pessoalmente  e  por  acaso ,  queria  tanto  falar com  ela,  simplesmente  olhou  para  mim  e  disse  ; ' TENHA  CALMA  UM DIA  VAI CHEGAR A  SUA  HORA ", de  fato BIA, longe  no RIO DE JANEIRO, passei acompanhar  seu  trabalho  na TV  GLOBO, sendo um  que  me  chamou  bem atenção.
o trabalho sobre crianças desaparecidas que  hoje  mantenho  no  meu  blog  (  fotos e  noticias ) .

AS  MATÉRIAS  QUE  ACOMPANHAVA 
democracia no Brasil foi acompanhada de perto pela jornalista Beatriz Thielmann. Com mais de 30 anos de carreira, ela cobriu importantes momentos do país, como a promulgação da Assembleia Nacional Constituinte, em 1988, a eleição e morte de Tancredo Neves, a implantação do Plano Cruzado, a Eco-92, os Jogos Pan-Americanos,a morte de Niemayer, a Rio+20, a visita do Papa Francisco, a morte de José Wilker, entre outros fatos. Além de inúmeras reportagens que lhe renderam prêmios, como o Ibero-Americano que recebeu da Unicef pela matéria sobre turismo sexual infantil, Beatriz Thielmann também escreveu um livro e dirigiu filmes. 
"O meu jeito de ser jornalista é o inconformismo. Não posso achar que muita coisa faz parte da normalidade. Sou uma pessoa que busca o melhor resultado. Nem sempre chego lá. A maioria das vezes não, mas sempre vale porque o tempo vai te trazendo o resultado de algumas mudanças. Acho que nasci para buscar as coisas, para escutar, para falar. O meu estilo é o de ser repórter”, explica a jornalista que nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 13 de janeiro de 1952.
A primeira escolha profissional foi o curso de direito, mas, depois de dois anos, trocou pelo de jornalismo. “Fui estimulada pela Sandra Passarinho ao vê-la na TV, correndo o mundo atrás de notícias”, relembra Beatriz, que ficou seis anos fazendo o curso. Durante esse tempo, casou com um engenheiro civil, teve dois filhos, mudou-se diversas vezes até se estabelecer em Brasília, no início dos anos 1980.
O começo da vida profissional foi curioso. Apesar de ter feito o curso de comunicação social, Beatriz morria de medo de trabalhar como jornalista. Entrou para o Jornal de Brasília na área de pesquisa, em 1982, mas foi para a rua como repórter já no primeiro dia de emprego. 
A cobertura era sobre uma das maiores secas da história da cidade, e os editores precisavam de reforço na redação. “Quando cheguei me deram uma pauta para passar um dia na emergência dos hospitais. Entrei tremendo no carro e falei para o motorista: ‘Não sei o que fazer’. 
Na volta, tive que escrever o que apurei. O chefe de redação disse que eu até escrevia direito, mas não sabia fazer matéria. Ele sentou comigo e foi me dando dicas. Achei que fosse ser demitida no dia seguinte. Quando acordei, meu nome estava na matéria assinada da primeira página. O médico tinha me dado informações que ninguém tinha. E eu não tinha a menor noção daquilo”, relembra a repórter que acabou desistindo da área de pesquisa do Jornal de Brasília.
No final de 1982, Beatriz ficou sabendo que a Globo abriria uma vaga de editor de texto. Entrou para o estágio e acumulou duas funções. Uma no jornal impresso e outra na TV. “Foi muito difícil, porque eu já estava com dois filhos, um de dois e outro de quatro anos, mas achava que ia valer a pena. Comecei a gostar daquela nova descoberta porque, para mim, a TV foi uma descoberta”, relembra Beatriz que, mais uma vez, não ficou com sua primeira escolha de vaga e acabou parando na reportagem.
Na emissora, passou pelo Bom Dia BrasilJornal da GloboJornal NacionalGlobo Repórter, além da GloboNews. Cobriu diversas áreas, entre cidade, economia e política. Na Globo Brasília, Beatriz lembra de uma fase difícil para a imprensa. 
Ainda havia censura aos meios de comunicação no país. " Nós experimentamos a sensação de fazer matérias lindas e vê-las amontoadas em um canto de parede, montanhas de fitas, todas com risco vermelho, porque o censor ficava dentro da redação." No período de transição da ditadura para a democracia, Beatriz foi eleita presidente do Comitê de Imprensa, que representava os jornalistas na administração do Palácio do Planalto, em Brasília. “A gente estava inaugurando um período novo, onde os jornalistas falavam com os ministros. Acompanhei grandes negociações e acordos. Era um monte de jornalista esperando uma coisa que eles não sabiam nem o que era.”
A cobertura da campanha pelas eleições diretas no Brasil foi um momento importante na trajetória de Thielmann. Ela contou ao Memória Globo que tinha fontes que lhe passavam informações enriquecedoras para suas reportagens, como Ulysses Guimarães e Fernando Henrique Cardoso." Eles enxergavam além do que nós víamos.Grande parte da imprensa era um pouco jovem naquela época." A jornalista lembrou que, no dia da votação da emenda Dante de Oliveira, os repórteres trabalharam com uma peça amarela. " Foi um período muito interessante, de um aprendizado largo e de lembranças maravilhosas de como se faz uma democracia."
Como a todos os brasileiros, a doença e morte de Tancredo Neves pegou de surpresa a experiente jornalista. Beatriz estava escalada para as transmissão ao vivo da posse. Tinha separado a roupa que ia usar e sabia exatamente onde ficaria: na rodoviária, à espera do carro aberto que conduziria o novo presidente ao Planalto. " Fui dormir e de madrugada, recebi uma ligação de um amigo do Rio dizendo que o Tancredo estava internado e ia ser operado. 
A gente nunca tinha visto aquilo. Passei a noite em casas de ministros do Supremo. Era muita informação em off.  Acompanheir toda aquela saga. Os depoimentos médicos, as esperanças e desesperanças. Depois, acabei cobrindo todo o período do Sarney."      
Outra passagem marcante que Beatriz Thielmann gostava de ressaltar foi a entrevista com o escritor baiano Jorge Amado. “Acho que foi a maior emoção da minha vida diante de um entrevistado. Fiquei paralisada. Não sabia o que fazer. Jorge Amado fez parte da minha vida, da minha formação. Eu tinha lido todos os livros dele e ele era um mago para mim.”
Beatriz foi a primeira repórter da TV Globo a entrevistar Fidel Castro, em 1987. Ela viajou junto com o ministro das Relações Exteriores na época, Abreu Sodré, e mais uma equipe de sete jornalistas e colunistas. Era a única repórter de televisão. “O Brasil tinha acabado de reatar as relações diplomáticas com Cuba e estávamos às vésperas de declarar a Nova Constituição. 
Era um momento importante política e diplomaticamente. Foi minha primeira cobertura internacional”, relembra Beatriz, que conseguiu uma entrevista exclusiva com o líder cubano durante a inauguração de uma escola. "Fidel deu uma aula para as crianças sobre o Brasil e fiquei muito impressionada com o conhecimento que ele tinha de coisas pequenas. 
Ele falou para as crianças sobre o seringueiro na Amazônia, contou que a capital do Espírito Santo era Vitória e que lá tinha um café que eles consumiam na ilha. Falou de minúcias da cultura brasileira para as crianças, numa linguagem bem infantil," diz Beatriz, que acabou conquistando Fidel Castro e durante um bom tempo recebia em casa o famoso sorvete Copelia que o líder cubano enviava pela embaixada.
A jornalista também acompanhou, por quase 20 dias, uma viagem do então presidente da República, José Sarney, à União Soviética e ao Leste Europeu. “Fui como representante do Comitê do Palácio do Planalto para cobrir os bastidores no avião do presidente. Presenciei as negociações que aconteciam no avião, inclusive na sala de reuniões. Só quando falavam de coisas muito secretas é que pediam para gente sair. Tinha acabado de cair o Muro de Berlim. A Europa estava numa efervescência absoluta, a reintegração dos países comunistas e tudo o mais que poderia acontecer."
Em 1989, a repórter decidiu sair da Globo para fazer a campanha presidencial do PSDB de Mário Covas. Era a primeira eleição direta à presidência da República. “Eu não podia perder aquilo. Queria estar do outro lado agora. Em vez de cobrir, queria ver como funcionava. Foi uma experiência riquíssima. Viajamos por 186 cidades do início de agosto até o final de outubro.”
Quando acabou, fez uma promessa para os filhos: ficaria seis meses sem trabalhar. Mas, ao final da campanha, Beatriz foi convidada a participar das discussões sobre a integração da comunicação na Europa. As reuniões foram em Paris e em Lyon, e ela ficou quase três meses lá. “Foi muito rico pra mim, porque vi como era feita a televisão, os jornais e as rádios na França. Fui para o Le Monde e o Le Point. Na televisão, estive tanto na TF1, quanto na TF, e na França 3, que é a televisão regional. Vi como era feito tudo aquilo e como os jornalistas compartilhavam a ideia de que o país seria sede da grande expansão da comunicação.”
De volta ao Brasil, viu os planos de ficar em casa com os filhos terminarem com o confisco da caderneta de poupança no governo de Fernando Collor de Mello. Logo após o anúncio, recebeu um telefonema para voltar para TV Globo, mas com uma ressalva: não poderia mais ficar em Brasília. “Eu tinha tido um entrevero fazendo uma matéria em Alagoas antes do Collor ser candidato. Tive um problema com ele porque fiz uma matéria de que ele não estava gostando.”
Beatriz cobriu a Eco-92 (Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento)morte de Ayrton Senna, o Plano Cruzado e o Plano Real. Ficou seis anos fazendo Globo Repórter. Neste período, destaca reportagens como o treinamento de aeromoças durante duas semanas na Serra do Mar; o trabalho sobre crianças desaparecidas e outro sobre biopirataria, que denunciava o tráfico de insetos, animais, peles e ervas da Amazônia. 
Essa última matéria lhe rendeu prêmios internacionais. “A minha carreira na TV Globo me possibilita viajar em áreas diferentes e fazer a única coisa que eu sei profissionalmente na vida, a reportagem”, define Beatriz.
Em 2003, escreveu o livro “De mulheres para mulheres” com a médica Odilza Vidal, contando o que a medicina apresentava de novo para a vida da mulher depois dos 40 anos. “Eu tinha muita vontade de escrever as minhas experiências com as mulheres que conheci fazendo Globo Repórter. Mulheres de todos os tipos, donas de casa, viciadas em drogas, viciadas em amor, empresárias. Aí surgiu essa oportunidade.”
Beatriz também roteirizou e dirigiu dois documentários. Um foi “O Bicho Dá. O Bicho Toma”, em 2005, a convite da ONG Renctas, que luta pela preservação dos animais silvestres. “Foi um período que saí da TV Globo para escrever o livro e fiquei mais de três anos fora. Nunca tinha feito um longa-metragem, apanhei muito, quebrei muito a cabeça até chegar no ponto, mas foi uma experiência fantástica.”
O outro foi em 2007, “Vento Bravo”, documentário sobre a história musical de Edu Lobo, que dirigiu em parceria com a jornalista Regina Zappa. “Foi outro presente gratificante. A ideia inicial foi dela, nós somos amigas. 
O filme tem direção de fotografia do Waltinho Carvalho, que foi fundamental, e eu e Regina encaramos esse desafio enorme, mas com uma colaboração fantástica do próprio Edu Lobo, sempre disponível. A gente conseguiu fazer duas coisas separadas, o documentário e gravar um show. Descobri esse compositor, um artista obcecado pela perfeição.”
Sobre a carreira de jornalista, nunca colocada de lado, Beatriz afirma que um dos momentos mais difíceis foi uma reportagem que fez para o Globo Repórter na Colônia Juliano Moreira. Durante 20 dias, a equipe acompanhou, diariamente, o cotidiano do hospital psiquiátrico. “Quando terminamos de gravar o programa, não me senti com capacidade para escrever sobre o que tinha visto. Pessoas foram esquecidas lá, nunca mais ninguém foi procurar por elas. A administração do hospital não sabia mais onde estavam as famílias”.
Entre 2008 e 2014, a jornalista cobriu para o Jornal Nacional a morte de colegas da Globo, como Chico Anísio, José Wilker e Hugo Carvana. Acompanhou os preparativos para o debate entre os candidatos à Presidência da República, em 2014, no Projac. Informou aos telespectadores a renúncia do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral; os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade; a inauguração do Museu de Arte do Rio, o Mar e a exposição sobre Roberto Marinho que mostrou a vida e a obra do jornalista.   
Para Beatriz Thielmann, um dos prazeres de ser jornalista é poder conhecer diferentes histórias e estar em diversos locais. “Acho que a nossa profissão nos propicia a riqueza de sermos testemunhas de um caso, mas ela nos devolve, às vezes, um sentimento difícil de ser administrado, mas também nos dá a chance de recuperar, sair, fazer outra coisa, enxergar o mundo de outra maneira e ir conduzindo essa realidade, que é dura. Toda grande cobertura para mim é a em que você se entrega de corpo e alma e consegue fazer isso tudo dentro do deadline. O nosso grande inimigo é o tempo”.


Com mais de 30 anos de carreira, a jornalista mineira Beatriz Thielmann morreu no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, na tarde deste domingo (29), de insuficiência respiratória. 

A jornalista da TV Globo lutava contra um câncer no peritônio - membrana que cobre alguns órgãos do corpo como estômago e bexiga -, e estava internada desde janeiro. Mãe de dois filhos, o corpo de Beatriz será levado para o Rio de Janeiro nos próximos dias e cremado.

Antes de optar pelo jornalismo, Beatriz chegou a cursar direito, mas desistiu das aulas depois de dois anos. No final de 1982, entrou para o estágio na Globo onde acumulou funções no jornal impresso e na TV, onde atuou no "Bom Dia Brasil", "Jornal da Globo", "Jornal Nacional", "Globo Repórter" e "GloboNews". Em 1987, ela se tornou a primeira repórter de televisão a entrevistar o comunista Fidel Castro.

A apresentadora do "RJ-TV", Mariana Gross, que está grávida do primeiro filho, Antonio, postou uma foto da jornalista no microblog. "Chocada com a morte da querida Beatriz Thielmann. Essa era incrível de verdade. Grande profissional e boa amiga".


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