RENATO SANTOS 26/03/2018 O Juíz Sérgio Moro concedeu uma entrevista ao programa RODA VIVA da tv cultura São Paulo.
Sempre respondendo as provocações de alguns jornalistas, mas sempre se saindo muito bem calmo e sereno deu uma pequena introdução do direito criminal.
foto tv cultura |
No #RodaViva, Sérgio Moro fala sobre a série O Mecanismo, da @Netflix, e o filme Polícia Federal - A lei é para todos, ambos feitos a partir de fatos que envolvem a operação Lava Jato."Eu vi tanto o filme (Polícia Federal: a lei é para todos) quanto a série (O Mecanismo).
Os dois produtos têm as suas qualidades, mas agora existe uma série de liberdades criativas. Nem o filme nem a série retratam a realidade", diz Moro .
Sobre o HC preventivo de Lula, Moro preferiu não comentar e disse apenas: "Espero que o STF tome a melhor decisão".
"Na Vara que eu trabalho, são 114 execuções de pena após condenações em segunda instância. Há crimes diversos. Da Lava Jato, são 12 casos. A revisão desse precedente teria um efeito prático de ruim a trágico".
Nunes questiona se Moro tinha ideia, em 2014, da dimensão que a Lava Jato tomaria.
"O caso foi crescendo. Siga o dinheiro, siga o rastro", diz Moro, recorrendo a um clichê.
"O caso foi simplesmente crescendo, com a Polícia [Federal] e o Ministério Público seguindo as pistas."
"Eu não vejo a imprensa falar de que existe esse outro problema de falta de reajuste dos vencimentos há uma longa data", afirmou.
Há 3 anos, diz, o salário dos juízes não aumentou.
Moro defende que o salário da magistratura deve ser competitivo, "para atrair boas pessoas".
"Falar de salário de juiz é sempre antipático, porque nós estamos num país muito desigual. Qualquer comparação, as pessoas chegam à conclusão de que os juízes ganham bem, ganham bastante", diz Moro.
Sérgio Dávila, da Folha, pergunta sobre o auxílio-moradia que Moro recebe (mesmo tendo apartamento próprio em Curitiba).
Prisões provisórias foram usadas para pressionar investigados a fazerem delação?
"A grande maioria das pessoas que fizeram colaboração foram pessoas que estavam em liberdade. Então, não existe uma correlação necessária [entre estar preso e fazer delação premiada.]"
"Espero que o sistema reaja proporcionalmente à gravidade desses fatos. Tenho esperança e confiança que o STF vai tomar as decisões apropriadas pra esses… Eu não digo aqui o caso do ex-presidente… Mas todos os casos envolvendo a Lava Jato."
"Quanto à questão do 'acordão', como juiz não posso acreditar numa questão dessa. Já vi como ele [STF] funciona, tive a possibilidade até de conhecer alguns dos ministros na ocasião, e eu não posso acreditar nisso", diz Moro.
Moro é questionado sobre se há um acordão em curso.
"Não sou censor do Supremo Tribunal Federal", diz de início.
"O instituto do fogo por prerrogativa de fundação, através do qual altas autoridades da República respondem diretamente ao STF, é algo que não funciona muito bem."
Após citar "os milhões de brasileiros" que protestaram, o magistrado se diz cuidadoso com a fama.
"Hoje você é endeusado, mais adiante você pode sofrer um apedrejamento moral, digamos assim", afirma.
"Posso não ter acertado sempre, mas eu sempre agi com a pretensão de fazer a coisa certa", afirma Moro.
"Infelizmente, por conta de ilusões, ou paixões, ou politização que acontece fora das cortes de Justiça, algumas pessoas não se conformam com condenações ou absolvições."
Daniela Pinheiro, da Época, diz que há um protesto em frente à TV Cultura e pergunta a Moro se ele lembra a 1ª vez em que foi chamado de "golpista".
"Seria ótimo esperar o julgamento final [para o cumprimento de pena]", diz Moro, antes de ressalvar que, no Brasil, há "processos sem fim, que levam uma década, ou até mais de uma década".
Moro afirma que poderosos não podem se valer de um "sistema judiciário de faz-de-conta"
A primeira pergunta é de Augusto Nunes, sobre a posição de Moro em relação ao cumprimento de pena a partir de condenação em 2ª instância — ele é a favor. "Olha, isso demanda uma resposta um pouco mais longa. Vou pedir escusas, até poderia fazer uma palestra sobre isso."
Além dele, entrevistam Moro:
— João Caminoto (diretor de jornalismo do Grupo Estado);
— Sérgio Dávila (editor-executivo da Folha de S.Paulo);
— Ricardo Setti, colunista;
— Daniela Pinheiro (diretora de redação da Época);
— Fernando Mitre, diretor de jornalismo da Bandeirantes.
A edição de hoje será a despedida de Augusto Nunes como apresentador do programa.
"Eu não vejo a imprensa falar de que existe esse outro problema de falta de reajuste dos vencimentos há uma longa data", afirmou.
Há 3 anos, diz, o salário dos juízes não aumentou.
Moro defende que o salário da magistratura deve ser competitivo, "para atrair boas pessoas".
Moro desvia do recebimento do auxílio moradia e puxa para questão dos salários dos magistrados: Tem que pensar nessa questão do subsídio com a necessidade de atrair para a magistratura bons juízes. É preciso ter uma visão mais abrangente.
Moro cita o "departamento de propina de uma grande empresa" [Odebrecht], que continuou funcionando após o início da Lava Jato para justificar o uso de prisões preventivas de forma "excepcional". Diz que + de 70% das delações foram de pessoas que ñ estavam presas.
Questionado sobre um possível "acordão", envolvendo políticos e STF, Moro diz que, como juiz, ñ pode acreditar numa hipótese dessa. Lembra que trabalhou convocado no STF [no Mensalão, auxiliando Rosa Weber], conheceu alguns ministros e não pode crer que seja possível.
Moro, sobre a Lava Jato p/ quem tem foro: Não sou o censor do STF, o que tenho presente é que (e alguns ministrosdizem o mesmo) é que o instituto do foro faz com que as coisas vão mais lentamente no STF, diante dessa constatação, temos de eliminar ou diminuir o foro.;
No @rodaviva, o juiz Sergio Moro critica a execução de pena após última instância: Seria ótimo esperar o julgamento final, mas...a generosidade de recursos consegue ser explorada por criminosos poderosos que contratam os melhores advogados…temos a impunidade dos poderosos.
"Tenho esperança e confiança que o STF vai tomar as atitudes certas em relação à Lava-Jato" Sergio Moro.
"Quanto à questão do 'acordão', como juiz não posso acreditar numa questão dessa. Já vi como ele [STF] funciona, tive a possibilidade até de conhecer alguns dos ministros na ocasião, e eu não posso acreditar nisso", diz Moro.
A entrevista ocorre no mesmo dia em que o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) rejeitou o embargo de declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silvacontra o acórdão que o condenou por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso triplex, a 12 anos e um mês de prisão. A pena foi aumentada pelo TRF-4 em relação à aplicada por Moro, de 9 anos e 6 meses de prisão. Com a decisão unânime da Corte de apelação, o petista poderia ser preso. Mas Lula tem liberdade garantida pelo menos até 4 de abril, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) vai analisar um habeas corpus.
- A entrevista do juiz federal Sérgio Moro ao programa Roda Viva, da TV Cultura, foi encerrada. Esta foi a primeira vez que ele foi sabatinado ao vivo em uma emissora de televisão.
- 23h5626/03/2018O juiz Sérgio Moro afirmou que não se pode pensar que o candidatos à Presidência são "salvadores da pátria" ou são dom Sebastião e que eles simplesmente vão acabar com a corrupção e todos os problemas do País.
- 23h5426/03/2018"Acredito que nós progredimos na construção de instituições mais fortes. Isso não é uma crença, é uma esperança", afirmou o juiz federal Sérgio Moro.
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