RENATO SANTOS 27/06/2021 Derrick Rossi não crê muito na tese dos morcegos e acredita que o vírus responsável pela covid-19 foi criado em laboratório, mas não de forma deliberada. "É a explicação mais lógica que encontro", disse ao jornal espanhol El Comercio.
Derrick Rossi, biólogo e um dos fundadores da farmacêutica norte-americana Moderna, responsável por uma das vacinas contra o coronavírus, não tem dúvidas sobre a origem do vírus da covid-19. Apesar de não ter provas, este especialista acredita que foi criado num laboratório na China, uma versão, aliás, que no último ano e meio tem sido defendida por vários cientistas, mas que a China sempre negou e que a OMS também não chegou nunca confirmou.
"Não temos provas em nenhum sentido, mas este vírus é tão diferente do dos morcegos, que me parece improvável que tenha surgido de uma forma natural. Sabe-se que havia um laboratório em Wuhan (China) que estava a trabalhar nele e estou convencido que saiu dali, que lhes escapou. Não creio que tenha sido de forma deliberada, simplesmente estavam a estudá-lo e houve um acidente. A China continua a negar esta teoria, claro, mas é a explicação mais lógica que encontro", disse Derrick Rossi numa entrevista ao jornal espanhol El Comercio, ele que foi recentemente distinguido com o Prémio Princesa da Astúrias na área de investigação científica e técnica.
O biólogo foi ainda questionado sobre se as vacinas servem para imunizar de forma definitiva a população contra o vírus da covid-19. E levantou algumas dúvidas sobre se não será necessário um reforço. "Ainda é difícil sabermos. Pode ser que a vacina nos faça gerar uma imunidade natural e não seja necessário mais tomas de vacina. Mas também podem acontecer mutações no vírus, e tenhamos que vacinar-nos todos os anos, como é o caso da gripe."
"Em qualquer dos casos, estamos cada vez mais preparados para isso. O mais difícil foi montar as estruturas para produzir e distribuir as vacinas. Mas é uma questão que se está a resolver e cada vez mais conseguimos chegar a todas as partes do mundo", acrescentou.
Rossi também está convencido de que as vacinas atualmente disponíveis podem fazer frente a várias variantes, sobretudo no caso da variante Delta, a que mais preocupa neste momento. "Os vírus são a unidade evolutiva mais perfeita que existe. Sabem adaptar-se a qualquer inconveniente e pode ser que até consigam adaptar-se à vacina. O bom da tecnologia RNA mensageiro é que, rapidamente, somos capazes de adaptar-nos também ao vírus, por isso estou otimista."
O biólogo premiado acredita que no futuro podemos ter que lidar como outro tipo de pandemias, mas confia que com o avanço e os estudos do último ano e meio, a ciência estará preparada para as enfrentar. "Não podemos esquecer outras pandemias do passado, como a gripe de 1918. Mas eu acho que esta pandemia foi excecional, apesar de não termos dúvidas de que vão existir mais vírus a atingir os humanos e que causem doenças. Espero é que estejamos preparados para elas. E certamente haverão no futuro tecnologias que ainda desconhecemos que nos irão ajudar".
O que apurou a equipa da OMS
Em fevereiro, um ano depois de os primeiros doentes terem sido identificados na China, uma equipa de 13 cientistas da Organização Mundial da Saúde (OMS), envolvendo virologistas, epidemiologistas, veterinários, zoologistas e especialistas em segurança alimentar, deslocou-se pela primeira vez à cidade de Wuhan, mais saiu de lá com poucas certezas sobre a origem deste novo coronavírus.
As conclusões deixadas foram que o coronavírus é de origem animal; que é pouco provável que tenha saído de um laboratório; que não é certo que o foco de transmissão inicial tenha sido o mercado de marisco de Wuhan, e que não há evidências de que o vírus já circulava na comunidade antes de dezembro de 2019. A única quase certeza que mantiveram foi a de que os morcegos terão sido o principal transmissor do novo vírus.
O cientista Peter Ben Embarek explicou a metodologia adotada pela equipa que liderou, dizendo que foram analisadas quatro vias possíveis de transmissão do vírus. A primeira é a de transmissão direta do animal para o homem, a segunda através de um hospedeiro intermediário, a terceira por produtos congelados e, por fim, a quarta, a da possível fuga do laboratório.
Segundo o investigador, a segunda hipótese é a mais provável. Em relação à última, Embarek sublinhou ser pouco provável, mas revelou que estará de novo presente nas próximas investigações. O holandês referiu ainda que os morcegos se mantêm como o animal que poderá ter dado origem a este novo coronavírus, que terá sido passado ao homem por um hospedeiro intermediário, por outro animal, que ainda não foi possível identificar.
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