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terça-feira, 18 de março de 2014

                 GUARULHOS  FICARA  SEM  AGUA 

Empresários de Guarulhos, primeira cidade da Grande São Paulo a sofrer racionamento oficial de água, classificaram como injusto o corte feito pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) apenas para municípios abastecidos pelo Sistema Cantareira que compram água no atacado e disseram que a medida pode afetar a linha de produção das indústrias locais.
Maurício Colin, diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) na cidade, representante de 3.000 empresários de Guarulhos, critica a medida.
— É um absurdo racionar água apenas para uma cidade. Independente de ser do Cantareira ou não, o governo deveria adotar a medida para todos, de forma equitativa. O racionamento pode provocar a paralisação das linhas de produção de várias indústrias
O município começou com o rodízio de um dia com água e um dia sem para cerca de 850 mil pessoas no último sábado (15). O Saee (Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Guarulhos) disse que o racionamento foi "imposto" pela Sabesp, que cortou em 15% o volume de água vendido à cidade. A companhia, por sua vez, informou que o corte foi determinado pela ANA (Agência Nacional de Águas) e pelo DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica).
Embora nesta segunda-feira (17) tenha sido o primeiro dia útil de racionamento oficial na cidade, o presidente da Asec (Associação dos Empresários de Cumbica), Aarão Ruben de Oliveira, disse que muitas empresas do polo industrial na região do aeroporto já tinham começado a comprar água de caminhões-tanque por causa de frequentes cortes no abastecimento nas últimas semanas.
— Nós já vínhamos sofrendo constantemente com redução velada do fornecimento de água. Algumas empresas passaram a usar água de reúso, abriram poço, ou compraram dos caminhões-tanque. Agora, vamos ver como ficará com esse corte efetivo, que consideramos injusto porque os impostos que geramos aqui vai para todo o Estado.
Rodízio
Quem não tem condições de comprar água do caminhão se vira como pode. É o caso do aposentado Roberto Ferreira, de 74 anos, mora na Vila São Jorge e passou a fazer "rodízio de banheiro" em casa para evitar que as caixas d’'água sequem.
— Tenho três caixas de 500 litros. Uma fica só para tomar banho no banheiro do quarto. A outra a gente deixa para fazer as necessidades no banheiro de baixo. E a terceira é a da cozinha. 
Já o vendedor autônomo Willians Rodrigues Costa, de 34 anos, tem sido obrigado a tomar banho na casa da sogra, na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte da capital, desde sexta-feira (14) porque não tem água suficiente na sua rua, na Vila Mena.
— Aqui sempre foi um problema para chegar água. Agora, então, não vem mesmo.
Com as torneiras secas, Costa chega a usar água comprada em galões de 20 litros para consumo próprio para lavar a louça.
— Já não lavamos mais o quintal e uso água da chuva para limpar o xixi do cachorro. E mesmo sem água a conta continua vindo alta.
Segundo a Saae, a Sabesp reduziu a oferta de água para a cidade em 390 litros por segundo, do total de 2,5 mil litros por segundo comprados. A empresa informou ainda que além dos 850 mil moradores que são atendidos com água do Cantareira, outros 210 mil moradores de seis bairros já convivem com problema de desabastecimento desde o início de fevereiro por causa da redução do volume de água fornecido pela Sabesp pelo reservatório de Vila Industrial, em Itaquaquecetuba, pertencente ao Sistema Alto Tietê.
Ao todo, o Saae compra por atacado da Sabesp cerca de 87% da água que distribui aos 1,2 milhão de moradores; o Cantareira é responsável por 62% e o Alto Tietê por 25%. Os 13% restantes equivalem à produção própria do município.

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