Os pais de Graciane da Silva Bandeira, 19, continuam na insistente busca pela filha desaparecida desde o dia 10 de outubro de 2005. A família, que reside em Paiçandu, cobra maior empenho da polícia no caso e acredita que a jovem tenha sido vítima do tráfico internacional de mulheres.
A mãe de Graciane, Graciete da Silva Bandeira, 42, voltou esta semana de uma viagem ao Mato Grosso do Sul e Paraguai. Ela seguiu denúncias feitas à polícia de que a filha estaria em Mundo Novo (MS) ou em Salto del Guairá, no Paraguai.
Graciete denunciou o desaparecimento da filha ao Ministério Público na cidade paraguaia. O MP informou à família que irá determinar a realização de buscas em boates da região na tentativa de localizar Graciane.
A mãe da jovem recorreu ao Consulado do Brasil em Salto de Guairá. "Muita gente que conservei no Paraguai disse que o rosto da minha filha é familiar", afirmou.
De acordo com Graciete, o vice-cônsul do Brasil em Salto del Guairá, Paulo Velasco, comprometeu-se em acompanhar de perto o caso no país vizinho. "Acredito que ela tenha sido raptada e levada ao Paraguai", comentou.
Ela espalhou cartazes com a foto da filha em delegacias de Mundo Novo, Guaíra e em Santo Del Guairá.
A mãe e o pai da jovem, Ilário José Bandeira, 48, dizem que a demora em encontrar Graciane é decorrente à negligência da polícia ou apatia nas investigações.
"A polícia tinha que trabalhar mais. Isso deveria ser feito até por amor à profissão", diz Graciete. "Minha filha foi raptada em uma cidade pequena como Paiçandu e até hoje não temos notícias dela", emendou o pai.
Na casa simples da família, na periferia de Paiçandu, estão espalhadas faixas de protesto contra a violência carregadas em passeatas que cobraram maior empenho da polícia no caso.
ENTENDA O CASO
O Graciane desapareceu de sua casa no Jardim Primavera na madrugada do dia 10 de outubro do ano passado.
Vizinha disse ter ouvido gritos. Irmão de Graciane que estava dormindo ao lado diz não ter ouvido nada
Uma semana após o desaparecimento a polícia chegou a divulgar retrato-falado de provável suspeito. Nada ficou provado
A família promoveu diversos manifestos na cidade e distribuiu cartazes com fotos de Graciane, além de fazer buscas na cidade e região
Polícia sem pistas de Graciane
A polícia garante que as buscas por Graciane da Silva Bandeira continuam. Nenhuma das pistas seguidas até agora pela investigação levaram ao paradeiro da jovem.
Depoimentos de uma amiga de Graciane intrigam a polícia. A testemunha afirmou por duas vezes ter visto a jovem sentada numa mureta de uma casa em frente a uma escola de Paiçandu por volta das 17h30 no dia 10 de outubro - horas após a família comunicar o desaparecimento.
A mãe de Graciane, Graciete da Silva Bandeira, assegura que a moça se enganou. "Ela (amiga da jovem) viu minha filha dias antes de ela ter desaparecido e não no dia 10 de outubro de 2005", afirmou.
O inquérito que apura o sumiço da jovem tem 151 páginas. Dezenas de pessoas já foram ouvidas pelo delegado responsável pelas investigações, Nilson Rodrigues da Silva.
A polícia já considerou diversas hipóteses para desvendar o caso. Policiais da delegacia de Paiçandu e do 4º Distrito Policial de Maringá, que auxilia nas investigações, dizem que achar a estudante é uma "questão de honra" para a polícia.
O 4º DP informou que as diligências em busca de Graciane persistem e que qualquer pista está sendo levada em consideração. A polícia se diz mobilizada no caso.
O delegado determinou a distribuição de cartazes com a foto de Graciane em delegacias de várias partes do País na tentativa em obter alguma informação sobre Graciane.
No dia do desaparecimento, polícia, Corpo de Bombeiros e voluntários reviraram Paiçandu atrás de Graciane.
Ao mesmo tempo, moradores organizaram passeatas para cobrar maior empenho da policia no caso. Eduardo Xavier
Família vive em função da esperança
A procura pela filha desaparecida misteriosamente há quase 10 meses faz com que os pais de Graciane da Silva Bandeira vivam uma angústia que parece não ter fim. A busca por qualquer notícia que leve ao paradeiro da jovem é incessante.
"Vivemos hoje em função de procurar por ela. Isso nos corrói. Ficamos pensando se ela está sofrendo, o que está passando perdida por ai", afirmou o pai, Ilário José Bandeira.
A família acredita que Graciane esteja viva. "Se estivesse morta já teríamos tido alguma notícia", afirmou a mãe Graciete da Silva Bandeira com semblante de tristeza.
Abalados, os pais não trabalham desde que a jovem sumiu, em outubro de 2005. Graciete era funcionária de um frigorífico e Bandeira da Ceasa de Maringá.
"Estamos correndo o risco de perder a casa porque não pagamos ela há oito meses já". Na casa, somente o filho Wesley, 21, trabalha. A outra filha, Gislaine, 24, é casada e reside em outro local.
Para viajar em busca da filha, Graciete recorrer aos vizinhos e conhecidos para juntar dinheiro. "Cada pessoa me dá R$ 1 ou R$ 2 para eu ter condições de encontra minha filha", contou a mãe.
Graciete completou 19 anos de idade em 2 de julho passado. A data que deveria ser comemorada foi uma das mais penosas da história da família. Eduardo Xavier
Tráfico tem preferência por brasileira
Pesquisas do Ministério da Justiça e do Escritório das Nações Unidas Contra Drogas e Crimes (UNODC) revelam que as brasileiras estão entre as principais vítimas do tráfico internacional de pessoas para fins de exploração sexual.
As vítimas têm, em média, entre 15 e 27 anos de idade. São aliciadas por taxistas, donos de boates e agências de modelo. Elas são, na maioria dos casos, de origem humilde.
A maior parte é de Goiás, Paraná e Minas Gerais. Cerca de 58% tem ensino médio completo ou incompleto, sendo que uma parte significativa alcançou o ensino superior completo ou incompleto (19,4%).
O tráfico internacional de pessoas está entre as atividades mais rentáveis do crime organizado com movimentação financeira estimada em US$ 9 bilhões por ano.
O Rio Grande do Sul é visto com a rota preferencial, revela a pesquisa "Tráfico de Seres Humanos para Fins de Exploração Sexual no Rio Grande do Sul". Economia local forte, infra-estrutura, transporte (aeroportos) e facilidade de emissão de passaporte são alvos do tráfico de mulheres.
As regiões de fronteira seca também são muito utilizadas em esquemas de tráfico de mulheres.
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