Um pequeno grupo de manifestantes pró-democracia de Hong Kong invadiu o prédio do Legislativo da cidade por uma porta lateral nesta quarta-feira (19), e a polícia deteve outros que abriam caminho à força, num momento de escalada das tensões após um período de calma na metrópole controlada pela China.
O incidente aconteceu poucas horas depois de agentes terem liberado parte de um acampamento de manifestantes no coração da cidade, ocupado por defensores da democracia durante quase dois meses, mas mantendo a maior parte do local dos protestos principais intacto.
Cerca de cem policiais com capacetes, bastões e escudos montaram guarda do lado de fora do edifício do Legislativo nas primeiras horas da quarta-feira, enfrentando os manifestantes que exigem eleições livres para a escolha do próximo líder da cidade em 2017.
Quatro pessoas, de idades entre 18 e 24 anos, foram presas, e três policiais foram levados ao hospital com ferimentos, informou a polícia em um comunicado. O local das manifestações estava tranquilo no final da manhã, só com alguns policiais de guarda.
Foi a primeira vez que os manifestantes invadiram um prédio público importante, desafiando as expectativas de muitos analistas políticos que haviam previsto que o movimento de protesto mais duradouro e perseverante de Hong Kong iria perder força aos poucos.
Um pequeno grupo de manifestantes partiu em direção ao prédio do Legislativo e usou barricadas de metal e placas de concreto para destruir uma porta lateral de vidro. Eles conseguiram rompê-la com golpes e vários entraram no prédio, disseram testemunhas.
Dezenas de policiais do batalhão de choque correram ao local, usando spray de pimenta e bastões para impedir outros manifestantes de também abrirem caminho à força.
Um parlamentar pró-democracia presente à cena, Fernando Cheung, afirmou que ele e outros manifestantes tentaram impedir os ativistas de entrarem recorrendo à violência.
“Este é um incidente muito, muito isolado. Acho que é uma enorme infelicidade, e é algo que não queremos ver acontecer, porque até agora o movimento tem sido pacífico”, disse.
Hong Kong, uma ex-colônia britânica, voltou para o controle da China em 1997 sob a fórmula “um país, dois sistemas”, que dá à metrópole mais autonomia do que à China continental, e vê o sufrágio universal como uma meta de longo prazo.
Pequim disse que irá permitir eleições livres para o próximo líder executivo, como é chamado o governante de Hong Kong, mas só com candidatos pré-aprovados, e os manifestantes exigem liberdade para escolher os concorrentes.
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