Em uma coletiva de imprensa concedida em Brisbane, na Austrália, a presidente afirmou considerar que a operação "pode mudar o Brasil para sempre".
"Eu acho que isso mudará para sempre as relações entre a sociedade brasileira, o Estado brasileiro e as empresas privadas. O fato de nós, neste momento, estarmos com isso de forma absolutamente aberta sendo investigado, é um diferencial imenso", disse a presidente durante a coletiva.
"Há aí uma diferença substantiva, eu acho que isso pode de fato mudar o país para sempre. Em que sentido? No sentido que vai se acabar com a impunidade", afirmou.
Escândalo
Na última sexta-feira, a sétima fase da operação Lava Jato levou à prisão de quatro presidentes de grandes empreiteiras, 15 executivos e o ex-diretor de serviços da estatal, Renato Duque.
Afirmando que os contratos da Petrobras já estão sendo analisados, a presidente no entanto disse não considerar que o escândalo irá afetar a imagem da empresa como um todo, em um momento em que há um temor de que a credibilidade da estatal entre investidores estrangeiros seja afetada.
Citando casos de corrupção ocorridos em outros países, a presidente disse que “não é monopólio da Petrobras estar sendo investigada por processos internos de corrupção”.
“A maioria absoluta dos membros da Petrobras, dos funcionários, não é corrupta. Agora, tem pessoas que praticaram atos de corrupção na Petrobras. Então, não se pode pegar a Petrobras e condenar a empresa, o que nós temos que condenar são pessoas, e pessoas dos dois lados, os corruptos e os corruptores.”
Dilma defendeu ainda que não é possível fazer generalizações sobre o envolvimento de empreiteiras no escândalo.
“Eu não acho que dá para se demonizar as empreiteiras do país. São grandes empresas e se A, B, C ou D praticaram atos de corrupção, eu acho que eles pagarão por isso”.
Durante a entrevista, a presidente disse ainda que, entre os membros do G20, haveria uma “frustração” com o estado da economia global, já que se esperava um crescimento mais robusto em países desenvolvidos e emergentes.
A presidente voltou a falar que o próximo ano será marcado por “ajustes” na economia brasileira. Embora não tenha entrado em maiores detalhes sobre eventuais cortes, ela sinalizou uma redução de despesas e gastos que “não levam necessariamente à ampliação” de investimentos e do consumo.
“Nós vamos fazer ajustes. Nem todos os ajustes são pelo lado de cortar demanda. Os nossos ajustes, alguns deles, são inclusive reduzindo despesas que nós não achamos que sejam legítimas”, disse.
A presidente Dilma Rousseff encerrou neste domingo (16) sua participação no encontro do G20 – grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo e a União Europeia – posicionando-se sobre os desdobramentos da Operação Lava Jato da Polícia Federal, que investiga o desvio de recursos da Petrobras para partidos políticos.
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