Caixa eletrônico – Se nos imundos subterrâneos do poder existem profissionais, André Vargas Ilário, ex-presidente da Câmara dos Deputados, é um deles. Preso na décima segunda etapa da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, Vargas é acusado não apenas de manter relações canhestras com o doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores do Petrolão, mas de comandar um esquema criminoso de fraudes em contratos com órgãos federais e de receber polpudas propinas.
A força-tarefa da Lava-Jato apurou que André Vargas chefiava um grupo de empresas que fraudava contratos na Caixa Econômica Federal e no Ministério da Saúde.
Após perder o mandato parlamentar por causa de suas relações com Youssef, o ex-petista voltou a frequentar Brasília para dar sequência aos negócios nada ortodoxos. Antes de ser preso pela PF, em Londrina, Vargas esteve na capital dos brasileiros, onde se hospedou na casa de amigos e tratou com seus comparsas o destino de uma nova empresa, a Ilimittati.
Enquanto afinava o tom da nova e criminosa empreitada, o ex-homem forte do PT do Paraná usou a empresa IT7, que mantém em sociedade com Marcelo Simões, para faturar à vontade na Caixa e no Ministério da Saúde.
Nesse emaranhado criminoso criado por André Vargas, um empresário que atua com largueza nos escaninhos da capital federal era presença quase constante. Responsável por ceder a Vargas um jato Citation para viagens de trabalho e de lazer (a aeronave foi largamente utilizada durante a campanha do então parlamentar à vice-presidência da Câmara), o tal empresário, de nome Alceu, está apavorado diante da possibilidade de ter de receber os policiais federais em sua casa.
A PF já monitora o empresário, que a qualquer momento poderá ser conduzido coercitivamente para depor diante da força-tarefa da Lava-Jato.
Considerando que o Brasil foi transformado por petistas e aliados em uma enorme teia de corrupção e crimes correlatos, não causa surpresa o fato de o tal empresário do jatinho atuar com conhecida intimidade na Eletronorte, empresa do grupo Eletrobras que na quarta-feira (15) serviu como pano de fundo para uma operação da Polícia Federal.
Na Eletronorte, o contato do empresário Alceu, que no governo do Distrito Federal teria atuado em parceria com o trepidante Durval Barbosa, é um servidor de origem nipônica conhecido por negociatas e outras incursões afins.
Se por um lado as autoridades da Lava-Jato tentam extrair de André Vargas informações sobre as falcatruas que recheiam seu currículo conturbado, por outro causa estranheza o fato de a ex-secretária do agora preso ainda não ter sido incomodada pelos policiais. Quem conhece a então assessora garante que o temor diante da possibilidade de uma convocação é enorme. Fica a dica para os caciques da Lava-Jato.
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