Um acidente em um navio-plataforma deixou feridos e mortos nesta quarta-feira (11) no litoral Norte do Espírito Santo, segundo a empresa que é dona da embarcação, a BW Offshore.
Kristian Flaten, vice-presidente de relações com investidores da BW Offshore, empresa sediada na Noruega, disse agora pouco que foi informado de que houve "algumas mortes", mas que ainda é cedo para ele afirmar quantas são exatamente.
Flaten disse que a exploração do petróleo feita com o navio vinha sendo executada pela Petrobras. A tripulação da embarcação é mista de brasileiros e estrangeiros, acrescentou. Segundo Flaten, a BW irá divulgar um comunicado ainda nesta quarta-feira com maiores detalhes sobre o caso.
Vice-presidente de projetos da empresa no Brasil, Benito Ciriza lamentou o acidente e disse ao G1que, no momento, a BW Offshore está dando assistência às vítimas e auxiliando no resgate. Segundo ele, ainda não há informações oficiais sobre o acidente.
De acordo com o coordenador do Sindipetroleiros do Espírito Santo, Paulo Rony, houve uma explosão no navio, que é afretado (contratado) e tem tripulação terceirizada. O acidente teria ocorrido por volta das 12h e, segundo Rony, deixou três mortos, seis desaparecidos e, até o momento, quatro feridos.
O sindicato dos petroleiros informou que a explosão na plataforma pode ter ocorrido na casa de bombas, mas também pode ter sido durante a transferência de gás condensado.
Resgate
O sindicato afirmou que 32 pessoas que estavam na plataforma, que fica a 60 km da costa, no litoral de Aracruz, conseguiram desembarcar, sendo transportadas por um baleeiro (um tipo de barco).
O governo do estado ainda não confirma se houve morte no acidente. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que coordena o atendimento às vítimas do acidente na plataforma. O Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo apoia o socorro.
Ao ser informado sobre o acidente, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, entrou em contato com a direção da Petrobras e colocou o estado à disposição para o socorro e atendimento às vítimas. O governo estadual ainda ofereceu ambulâncias e suporte à logística da operação.
Segundo a assessoria de imprensa do governo estadual, a Petrobras aguarda a finalização do resgate das vítimas para falar sobre o número de feridos no acidente.
A Infraero, empresa que administra os aeroportos, informou que os feridos foram socorridos de helicóptero e levados para o Aeroporto de Vitória. O local está operando normalmente, mas às 13h50 houve acionamento do plano de contingências, um procedimento feito quando há qualquer tipo de emergência.
Cerca de nove ambulâncias com vítimas saíram do aeroporto e foram para hospitais na Serra, Grande Vitória. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, as pessoas estão sendo encaminhadas para os hospitais Vitória Apart e Jayme Santos Neves. Os veículos foram escoltados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), para garantir rapidez no trânsito.
Investigações
A Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos do Espírito Santo (CPES), informou que tomou conhecimento da explosão na plataforma e encaminhou um navio e duas aeronaves para a área, “com a prioridade inicial de realizar a evacuação de pessoal e remover as vítimas para os hospitais da Grande Vitória".
A CPES diz ainda que será aberto um Inquérito Administrativo sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN), para esclarecer as causas e responsabilidades pelo ocorrido na plataforma. "O prazo para a conclusão do inquérito é de 90 dias”, diz a nota.
Plataforma
O navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus foi o primeiro para gás instalado no Brasil e tem capacidade para processar 10 milhões de metros cúbicos de gás e 35 mil barris de óleo por dia.
A plataforma é operada pela BW Offshore. A empresa informa em seu site que a FPSO Cidade de São Mateus tem capacidade de produção de 25 mil barris por dia. O contrato entrou em vigor em 2009 e tem duração até 2018.
A Marinha informou que um navio e duas aeronaves estão a caminho da região do acidente para ajudar a evacuar a área e auxiliar no transporte de vítimas para os hospitais.
"A Capitania dos Portos do Espírito Santo informa ainda que será aberto um Inquérito Administrativo sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN), a fim de esclarecer as causas e responsabilidades pelo ocorrido na plataforma. O prazo para a conclusão do Inquérito é de 90 dias", informou a nota da Marinha.
De acordo com José Maria Rangel, coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), esta plataforma passou por uma inspeção da Marinha em abril de 2014, quando foram encontradas falhas de "salvatagem", nome dado ao setor de combate a incêndios e resgate de vítimas. O documento inclusive foi, segundo ele, enviado à CPI da Petrobras.
O aeroporto de Vitória está recebendo os feridos, que estão sendo transportados de helicóptero. A Infraero informou que criou um plano de contingência para facilitar o embarque e desembarque dos helicópteros com vítimas no Aeroporto de Vitória.
O primeiro helicóptero pousou às 15h30. Ainda segundo a assessoria da Infraero, foram solicitadas 14 ambulâncias para transportar os feridos – com queimaduras e fraturas – aos hospitais mais próximos.
As vítimas serão encaminhadas, segundo a Secretaria de Saúde, para os hospitais Vitória Apart Hospital e Jayme Santos Neves.
“As primeiras informações que temos é de que houve vazamento de gás natural na casa de máquina do navio, o que gerou a explosão. Sabemos que não houve mais explosões. Parece que não há vazamento, mas a equipe de contingência já cercou o local com barreiras, um procedimento padrão”, afirmou Paulo Rony Viana, coordenador geral do Sindipetro-ES .
O FPSO Cidade São Mateus é um navio-plataforma que estoca a produção da plataforma pré-sal. Ele foi produzido pela empresa norueguesa BW Offshore, está a serviço da Petrobras desde 2009, a tripulação é contratada. O contrato entrou em vigor em 2009 e tem duração até 2018.
Segundo informações da BW Offshore, o FPSO Cidade São Mateus tem
capacidade de produção de 25 mil barris de petróleo por dia e 20 milhões de m3 de gás natural.
O navio atuava nos campos de Camaropim e Camaropim Norte, a cerca de 50 km da costa.
Incidente em janeiro
Essa é a segunda explosão envolvendo a Petrobras em 2015. Em janeiro, uma explosão na Refinaria Landulpho Alves, no Recôncavo Baiano, deixou três feridos graves. Segundo a petroleira, o acidente ocorreu durante um serviço envolvendo a geração de hidrogênio da refinaria.