RENATO SANTOS
16/02/2016
Nova classe média é uma expressão que se refere, no Brasil, à parte da população anteriormente classificada como classe de renda D e que, na segunda metade da década de 2000, ascende à classe de renda C.
Entre 2003 e 2008, o número de brasileiros estatisticamente considerados como pobres se reduziu em 3 milhões.
Dentro dessa definição, a comissão dividiu a classe média em três grupos: a baixa classe média, composta por pessoas com renda familiar per capita entre R$ 291 e R$ 441, a média classe média, com renda compreendida entre R$ 441 e R$ 641 e a alta classe média, com renda superior a R$ 641 e inferior a R$ 1.019.
Agora em 2016
O governo brasileiro já tem uma nova definição para a classe média brasileira. Considerando a renda familiar como critério básico, uma comissão de especialistas formada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República definiu que a nova classe média é integrada pelos indivíduos que vivem em famílias com renda per capita (somando-se a renda familiar e dividindo-a pelo número de pessoas que compõem a família) entre R$ 291 e R$ 1.019.
"Quem tiver renda per capita nesse intervalo será considerada classe média", disse Ricardo Paes de Barros, secretário de Ações Estratégicas da SAE, na noite desta terça-feira, em São Paulo. Segundo ele, a definição de classe média foi finalizada após análises de propostas com mais de 30 alternativas, feitas em quatro reuniões da equipe técnica da secretaria e mais duas da equipe de avaliação.
"Isso é um ativo para a sociedade brasileira. A classe média do País representa mais da metade da população. Tendo uma definição padrão, que seja aceita por todo mundo, isso vai facilitar muito toda a discussão sobre o que pensa, o que quer, o que espera, o que faz e qual o padrão de consumo dessa nova classe média", disse Barros.
Segundo a comissão, para chegar a essa definição a secretaria levou em consideração o padrão de despesa das famílias e os gastos com bens essenciais e supérfluos. Também foi usado como critério o grau de vulnerabilidade, ou seja, da probabilidade de retorno à condição de pobreza.
Após a definição, a comissão estuda agora aplicar políticas públicas voltadas para essa classe média. A ideia é fazer com que se diminua a rotatividade de emprego entre os trabalhadores formais, aumentando a capacitação profissional. "Queremos estimular relações de trabalho de mais longa duração", explicou.
Segundo Barros, além da qualificação dos trabalhadores, o governo também estuda promover políticas públicas que estimulem, por exemplo, a poupança. "Já estamos trabalhando em políticas de qualificação continuada para trabalhadores ocupados, expansão das possibilidades de microsseguros, educação financeira e outras políticas voltadas para os diferentes segmentos da classe média", disse.
De acordo com o ministro da SAE, Moreira Franco, a próxima etapa do trabalho da comissão será a de criar ferramentas que possam interagir e estimular o debate e a reflexão sobre essa definição. Uma das primeiras ferramentas será a criação de uma pesquisa chamada Vozes da Classe Média, que pretende fazer um levantamento sobre as aspirações e o comportamento das pessoas que fazem parte desse grupo social.O aumento de renda dessas pessoas propiciou uma significativa mudança no seu padrão de consumo, mediante o acréscimo de vários novos itens, especialmente alimentos industrializados e bens duráveis. A inclusão desse grupo na classe média, com base no recente aumento do seu poder de compra, é contestada por alguns autores, que apontam a insuficiência desse critério como definidor de classe social.
Segundo esses críticos, o estrato populacional de renda média não se confunde com a noção de classe média, conceito muito mais abrangente e teoricamente muito mais complexo. Assim, apesar de terem passado a consumir certos bens materiais (alimentos industrializados, roupas, aparelhos eletrônicos etc) e serviços (especialmente bancários) também consumidos pela "velha" classe média, os recém-chegados à classe C teriam valores,hábitos e visões de mundo parcialmente distintos daqueles atribuídos à classe média tradicional.
Definição
A chamada nova classe média brasileira é constituída por famílias com renda per capita mensal entre R$ 291,00 a R$ 1.019,00 e representa mais de 50% da população total . O crescimento desse segmento deve-se principalmente ao aumento na renda dos mais pobres. A elite econômica (classes A e B) tem renda per capita mensal superior a R$ 4.591,00 enquanto os indivíduos da classe D têm renda mensal entre R$ 768 e R$ 1.064. A classe E , por sua vez, reúne famílias consideradas pobres, com rendimentos abaixo de R$768.
Significado econômico
Responsável por injetar cerca de R$ 1,1 trilhão na economia brasileira , a nova classe média tornou-se foco das empresas, que passaram a se adequar para atender a esse novo público . O consumo da nova classe média aqueceu o mercado e ajudou o Brasil a minimizar os impactos da crise internacional de 2008-2011.
Um exemplo dado pelo Instituto Data Popular sobre o consumo em supermercados revela que, em 2002, a nova classe média só consumia 28 categorias de produtos, contra 40 em 2011. Este número é praticamente o mesmo das Classes A e B. Segundo análises da Pesquisa de Orçamentos Familiares feitas pela SAE, o segmento de renda média já representa o maior poder de consumo no Brasil, quer se tome o consumo total (a vista e financiado), quer se tome somente o consumo financiado, o que revela o amplo acesso da classe média a serviços financeiros.
Políticas públicas específicas
Na percepção do governo brasileiro, essa importante parcela da população brasileira requer políticas públicas específicas , que impeçam o seu retorno à pobreza e ofereçam oportunidades eficazes para sua contínua progressão, tais como qualificação profissional.
Com a finalidade de traçar a evolução socioeconômica e o perfil da chamada nova classe média, a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República alcançou o aplicativo Nova Classe Média em Números . Com ele, é possível fazer um diagnóstico dessa população ao longo da última década. Características pessoais, regionais, educacionais e habitacionais; participação no mercado de trabalho, composição familiar e consumo fazem parte dos indicadores que podem ser consultados na ferramenta.
Um grupo de trabalho foi formado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) para trabalhar com o mapeamento dos dados estatísticos, a fim de obter uma definição de classe média empiricamente prática, com bases conceitual e metodológica sólidas, que seja capaz de identificar quem são os membros desta nova classe, avaliar seu tamanho e sua heterogeneidade. O Grupo é formado por representantes da Fundação Getúlio Vargas, do Ministério da Fazenda, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, da Internacional Center for Inclusive Growth, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, do Instituo de Ensino e Pesquisa de São Paulo, da USP e do Instituto Data Popular, entre outros. O resultado dos debates irá orientar a SAE na formulação de uma segunda geração de políticas públicas , específicas para esse público, com a finalidade de evitar que retornem à pobreza e garantam oportunidades para seu desenvolvimento.
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