RENATO SANTOS 11/01/2020 SEGUNDA SEMANA DO ANO A situação a cada momento se complica no Irã. A queda de um avião ucraniano no Irã na madrugada de quarta-feira (8), mesmo dia em que o país atacou duas bases americanas no Iraque, levantou suspeitas se a tragédia tinha sido um acidente ou não.
Desde o primeiro momento, o governo iraniano descartou as hipóteses, confirmadas por membros da inteligência americana a uma revista e pelo primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e dizia que iria investigar a causa do acidente.
Porém, na noite de sexta-feira (10), o Irã confirmou que abateu sem querer o avião. A revelação, agora, pode ser o estopim para mais pressão e conflitos com outros países, além de protestos da população.
A Ukraine International Airlines disse neste sábado (11) que seu avião que caiu no Irã na quarta-feira não recebeu qualquer aviso do aeroporto de Teerã sobre uma possível ameaça à sua segurança antes de decolar a caminho de Kiev.
Em entrevista a jornalistas, o presidente e o vice-presidente da companhia aérea também negaram que a aeronave tenha saído de seu curso normal, após um comunicado militar iraniana afirmar que o avião voou perto de um local militar sensível da Guarda Revolucionária.
Os executivos da companhia aérea se irritaram com o que eles disseram serem sugestões do Irã de que a tripulação não agiu corretamente.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, exigiu neste sábado (11) que o Irã permita a continuidade dos protestos no país e advertiu que não pode ocorrer "outro massacre de manifestantes pacíficos nem cortes de internet".
"O governo do Irã precisa permitir que grupos de direitos humanos monitorem e relatem fatos dos protestos do povo iraniano. Não pode haver outro massacre de manifestantes pacíficos nem cortes de internet. O mundo está de olho", afirmou no Twitter.
Trump se referiu aos protestos que começaram em novembro do ano passado, após o aumento do preço da gasolina. Os tumultos gerados já deixaram pelo menos 304 mortos e milhares de feridos, de acordo com a Anistia Internacional. Para conter a organização dos protestos, o governo bloqueou o acesso à internet por seis dias.
Em tweet escrito tanto em inglês como em farsi, Trump expressou apoio aos protestos deste sábado em Teerã, onde centenas de pessoas soltaram a voz contra o regime e a Guarda Revolucionária.
"Ao valente povo do Irã, que sofre há muito tempo: tenho estado ao seu lado desde o início da minha presidência, e meu governo continuará com vocês. Estamos acompanhando seus protestos de perto, inspirados pela sua coragem", tuitou.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, também falou sobre o assunto nas redes sociais, postando um vídeo que parece mostrar os protestos de centenas de iranianos em Teerã neste sábado. Na gravação, os manifestantes gritam contra o governo iraniano e a Guarda Revolucionária.
"A voz do povo iraniano é clara. Eles estão fartos das mentiras do regime, da corrupção, da inaptidão e da brutalidade da Guarda Revolucionária sob a cleptocracia de Ali Khamenei (líder supremo do país). Estamos do lado do povo iraniano, que merece um futuro melhor", escreveu Pompeo.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, afirmou neste sábado (11) que espera que os responsáveis pela queda de um avião de passageiros de uma companhia ucraniana derrubado em nos arredores de Teerã sejam levados à justiça e que o governo iraniano pague as indenizações pelo acidente.
O governo do Irã admitiu ter derrubado por engano o Boeing 737-800 da Ukraine International Airlines, com 176 passageiros, na última quarta-feira (8). Não houve sobreviventes.
A aeronave havia acabado de decolar da capital iraniana com destino a Kiev, na Ucrânia. Minutos após levantar voo o jato foi abatido por um míssil antiaéreo.
"O Irã se declarou culpado de derrubar o avião ucraniano. Mas insistimos em admitir totalmente a culpa. Esperamos do Irã garantias de sua disponibilidade para uma investigação completa e aberta, levando os responsáveis à justiça, o retorno dos corpos dos mortos, o pagamento de indenizações, desculpas oficiais por canais diplomáticos", escreveu o presidente da Ucrânia no Facebook.