FONTE NTNT24 HORAS
A pesquisa da equipe NTN24 Venezuela fez um trabalho sobre o status do trabalho e operacional da Sidor, uma das mais importantes empresas do país.
Durante dois dias, mostrou a cessação da planta, bem como as perseguições a que estão sujeitos os trabalhadores que anteriormente eram os principais aliados do governo de Chávez.
Inéditas imagens tiradas com o auxílio de câmeras escondidas e o apoio dos trabalhadores que são, ao contrário do que acontece lá dentro, este trabalho refuta a executiva nacional que nega uma situação de extrema violência dentro de uma planta que já não controla.
Enquanto o governo dá tempo acordado com os trabalhadores nos bastidores para fazer avançar as negociações com empresas chinesas.
FONTE DA GAZETA CENTRAL E IRBING INTERNACIONAL
A situação na Sidor, é muito grave, há uma suspeita que a CHINA, adquiriu para fazer contrabando de armamento pesado além de fabricação, pois esta Industria é de estratégia na VENEZUELA, e estão usando a mãos da classe trabalhadora venezuelana, para serem seus escravos,a outra possibilidade, é de trazer soldados chineses como trabalhadores, mas simplesmente dominar toda a VENEZUELA.
2009 O COMEÇO DO CAOS
Em 2009,o governo de Hugo Chaves,anunciou que iria pagar cerca de USS 1, 97 bilhão, para uma Empresa da China chamada 'a TERNIUM por toda a fatia da Empresa na SIDOR, a maior siderúgica do país, aparentemente colocando um fim no processo de nacionalização que durou 13 meses.
A Ternium, empresa com sede em Luxemburgo, controlava a SIDOR até a siderúrgica ser oficialmente nacionalizada pelo governo HUGO CHAVES.
Procurada pela GAZETA CENTRAL, a Empresa através de sua assessoria de Imprensa, assim se manifestaram, disse que o governo da Venezuela, por meio de sua hoding estatal da industria pesada, conhecida como CVG, já pagou cerca de US$ 400 milhões. O restante será pago pelo país em suas linhas de financiamento.
Com acordo firmado com o governo em 2009, seria pago a primeira US$ 945 milhões, seria dividido em seis parcelas trimestrais iguais. O restante seria pago em outubro de 2010 que estaria sujeito a pré- pagamentos trimestrais baseadas no aumento de preço do petróleo bruto tipo WTI, negociado em Nova York, em relação ao nivel atualizado, disse o representante da EMPRESA TERNIUM.
EM 2012.
O conglomerado de aço Ternium, controlado pelo grupo argentino Techint, disse hoje que a Venezuela finalmente materializado um pagamento pendente faz a compensação para a nacionalização do aço Sidor.
Em um comunicado para a Comissão valores mobiliários da Argentina por seu acionista Siderar, Ternium disse que tem "pagamento recebido para a parte não paga da compensação acordada em maio de 2009 pela transferência de sua participação na Sidor" e aquele 136,7 milhões de dólares.
O pagamento foi feito por Corporation venezuelana de Guayana (CVG), informou à Agência Efe.
"O recibo de pagamento este resolve o litígio pendente com a Venezuela em relação a nacionalização da Sidor, que foi submetido a arbitragem ao Centro Internacional de resolução de investimentos de disputas (ICSID)," disse Ternium.
Em maio de 2009 o conglomerado concordou em cobrar um total de compensação de 1970 milhões de dólares para a transferência de Sidor para a Venezuela, que decidiu nacionalizar a empresa em 2008.
A GRANDE MENTIRA DO GOVERNO HUGO CHAVES E NICOLAS MADURO
ISSO EM 2008, ELE JOGAVA DOS DOIS LADOS PARA LUCRAR
"reestatização" chavista tal como vem se anunciando, não atende às demandas dos trabalhadores sidoristas. No entanto, o simples anúncio foi alardeado como a comprovação de que Chávez reafirmou o rumo em direção ao socialismo na Venezuela, tanto por parte da propaganda populista do governo, quanto pela sua claque continental de stalinistas, nacionalistas e pseudotrotskistas.
VENEZUELA
SIDOR, CONTROLE ACIONÁRIO ESTATAL BURGUÊS OU ESTATIZAÇÃO TOTAL, SEM INDENIZAÇÃO E SOB CONTROLE OPERÁRIO?
Após 15 meses da heróica luta dos metalúrgicos da Siderúrgica do Orinoco (Sidor), o governo Chávez anunciou a renacionalização da fábrica. Só em 2008, os operários já realizaram nove paralisações exigindo um contrato coletivo de trabalho, aumento salarial, efetivação de 10 mil terceirizados e a estatização da empresa sem indenização e sob controle operário. A reestatização chavista tal como vem se anunciando, não atende às demandas dos trabalhadores sidoristas. No entanto, o simples anúncio foi alardeado como a comprovação de que Chávez reafirmou o rumo em direção ao socialismo na Venezuela, tanto por parte da propaganda populista do governo, quanto pela sua claque continental de stalinistas, nacionalistas e pseudotrotskistas.
O anúncio da reestatização foi seguido pelo da queda do Ministro do Trabalho, o ex-morenista José Ramón Rivero. Sob as ordens superiores de Chávez que se opôs desde o princípio a atender quaisquer das reivindicações dos metalúrgicos, o Ministro não conseguiu, nem pela cooptação, tampouco pela repressão, dobrar a heróica resistência dos sidoristas. A mídia oficial acusou os grevistas de contra-revolucionários. O então Ministro do Trabalho propôs um falacioso referendo antigreve que foi rechaçado pelos sidoristas. Rivero ameaçou impor aos trabalhadores uma Junta de Arbitragem se estes declarassem greve por tempo indeterminado, chantagem que também não logrou o refluxo do movimento. No dia 14 de março, Chávez ordenou que a Guarda Nacional atacasse violentamente os metalúrgicos. Nas violentas batalhas entre o governo e os grevistas, quase uma centena deles foram presos e dezenas ficaram feridos. Os operários não se amedrontaram, incendiaram os ônibus da empresa e ameaçaram declarar greve por tempo indeterminado. A reestatização e a queda do ministro correspondem a um recuo do governo burguês bolivariano.
ESTATIZAÇÃO CHAVISTA: UM GRANDE NEGÓCIO PARA OS CAPITALISTAS DA TECHINT
Foi criada uma comissão governamental para estimar o valor da indenização. As negociações entre o governo bolivariano e o consórcio multinacional dono da Sidor capitaneado pelo grupo ítalo-argentino Techint, composto também pela brasileira Usiminas, apenas foram iniciadas. A Techint alega que sua participação acionária na empresa vale US$ 3,6 bilhões. Chávez barganha oferecendo US$ 800 milhões. Todavia, o governo chavista se adiantou através de Rodolfo Sanz, o "Ministro do Poder Popular para as Industrias Básicas e Mineração": "Sanz advogou que o Techint manifestou sua vontade de ter uma relação minoritária de 10%" (Reuters, 25/04). Vale destacar a promessa de Chávez: "vamos fazer de Sidor uma empresa socialista e o ministro Sanz fica encarregado desta tarefa porque é um socialista de verdade" (Correo del Caroní, 27/04). Enquanto advoga pela multinacional, o ministro do "Poder Popular", revela o conteúdo do "socialismo de verdade" de Chávez, ameaçando aos trabalhadores "não serão assinados contratos coletivos que as empresas não estejam em condições de cumprir e que não vai ser pressionado pelos trabalhadores que pretendem parar fábricas ou protestar." (idem). A reestatização chavista também mantém os salários arrochados. Os metalúrgicos reivindicam 53 Bolivares Fuertes (US$ 24,7) por dia. A multinacional só oferecia 42 (US$ 19,6). Chávez oferece 45BFs (US$ 20,9).
Em 1997 a Sidor avaliada por US$ 8 bilhões, foi leiloada por míseros US$ 1,8 milhões. Não bastasse este presente, por toda a década seguinte, o Estado venezuelano subsidiou a matéria prima (ferro), o gás, a água, a eletricidade... em favor da multinacional. Por sua vez a fábrica exportava 70% de sua produção e a Venezuela era obrigada a importar aço da China. A produção cresceu em 40% e as exportações em mais de 83% sob um regime de escravidão capitalista que demitiu mais de 2/3 dos 18 mil operários e os substituiu por terceirizados, submetidos às selvagens condições de exploração que provocou a morte de dezenas de operários e centenas de acidentes de trabalho. A pergunta que não quer calar após esta década de privatização é quem deve a quem? Os proletários e o governo "socialista" de Chávez têm respostas opostas. Com os trabalhadores, os capitalistas contraíram uma enorme dívida que vai desde o roubo elementar através da mais valia, passando pelo passivo trabalhista (redução salarial, indenizações por demissões, acidentes de trabalho, mortes), até a devolução do que receberam em subsídios pagos pelo conjunto dos trabalhadores do país. Não contente em conceder tantos privilégios à multinacional durante toda uma década, o governo burguês de Chávez ainda pretende pagar pelo menos US$ 800 milhões para o Techint. O resultado deste negócio não será muito diferente do modelo de empresa mista vigente hoje no campo petroleiro (PDVSA), do proposto à mexicana Cemex, proprietária da indústria do cimento venezuelana ou dos processos de co-gestão Alcasa, Bauxilum e Venalum, que como empresas capitalistas continuam explorando os trabalhadores tanto como antes.
A reestatização chavista aplaudida pelo conjunto da esquerda reformista mundial não passa de um recuo tático do governo bonapartista enfraquecido frente à derrota para a direita oligárquica no referendo constitucional de dezembro, por um lado, e a obstinação do movimento operário, por outro. Um recuo nos marcos de uma manobra que não afete em nada as relações parasitárias do grande capital internacional sobre a Venezuela. Com a reestatização Chávez procura recuperar popularidade junto às massas para evitar uma nova derrota nas eleições de novembro que renovarão governadores e prefeitos.
Ao se manterem firmes até derrotarem todas as investidas do governo burguês, os operários da Sidor saem desta batalha com uma moral elevada. Daí os esforços do regime chavista e de seus apoiadores de todos os matizes para falsificar os acontecimentos, minimizar a importância da intransigente luta operária e embelezar o caudilho venezuelano. Dentre estes se encontra o grupo de Allan Woods que alerta seus leitores para não "caírem em análises reducionistas e simplistas. Talvez pudéssemos dizer que Chávez a nacionalizou, porque já havia advertido que o faria ou porque a situação simplesmente o incomodou. Todavia é o próprio presidente que expressa que graças à luta dos trabalhadores que a Sidor foi nacionalizada" (El Militante, 16/04/2008). A CMI de Woods trata sutilmente de subtrair o papel do proletariado no conflito, falsificando escandalosamente os acontecimentos: "a renacionalização não era parte da ação política da classe trabalhadora sidorista durante o conflito" (idem).
A corrente venezuelana Marea Socialista, que compõe juntamente com o MES/PSOL brasileiro e o MST argentino o agrupamento Reagrupamérica, integra a direção do Sutiss através de José Meléndez. "Meléndez, porta-voz do sindicato de trabalhadores da Sidor, disse que a reestatização 'significa a concretização do sonho dos trabalhadores do socialismo do Século XXI'" (Valor Econômico, 10/04). Em seu site na internet o MES reproduz as posições do Marea Socialista que trata de responsabilizar o ministro demissionário pela repressão enquanto lava a cara de Chávez: "A empresa acreditava que ia ser amparada pelo governo como foi pelo ministro do trabalho, que nunca tentou buscar uma solução favorável para os trabalhadores. Porém se equivocou com nosso povo, (...) que temos dignidade e que o presidente Chávez soube interpretar este sentimento reclamado nacionalmente" (site do MES, 10/04).
Na outra ponta está a LIT/PSTU. Os morenistas, que se negaram a adotar uma política de independência de classe na Venezuela associando-se à oligarquia de direita patrocinada pelo imperialismo defendendo o "Não" no referendo constitucional, agora seguem a linha filo-chavista apresentando a "nacionalização" da Sidor como um "triunfo", limitando-se a "exigir de Chávez uma Sidor 100% estatal" (site da LIT, 14/04). Sem cair em qualquer uma das duas posições frente-populistas, a condição para estabelecer um genuíno núcleo trotskista na Venezuela passa pela construção da oposição operária e revolucionária ao governo Chávez, denunciando que a pseudo-reestatização da Sidor tende a resultar em um mero controle acionário pelo governo, a exemplo da PDVSA, uma empresa de capital misto, que destina a maior parte de sua produção petrolífera para a máquina de guerra imperialista ianque. Chávez pretende suspender o movimento grevista, tido como exemplo para outras categorias proletárias, quebrar o potencial da luta pela efetivação dos terceirizados e manter os salários baixos. Este episódio reafirma que o chavismo é incapaz de conceder mais do que caricaturas das aspirações operárias, sendo preciso usar métodos proletários de ação direta, para que os trabalhadores conquistem o poder na Venezuela e estabeleçam um verdadeiro governo operário e camponês.
ANO 2013 "A história dirá o papel que Hugo Chávez teve na integração daAmérica Latina e o significado de seus 14 anos de governo para o povo venezuelano.” Assim o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou um artigo publicado após a morte de Chávez, em março de 2013.
Porque Lula escreveu esse artigo tão perigoso para a DEMOCRACIA, dentro da AMERICA LATINA, veremos os motivos:
Depois de tudo isso que aconteceu na VENEZUELA, NICOLAS MADURO, poderá responder criminalmente pelo que chamamos o GOLPE BOLIVARIANO, ele ganhou o dinheiro das empresas, vendeu uma terça parte enganado os acionistas internacionais e os trabalhadores da SIDOR, mas, depois ele retomou dando prejuizo de bilhões de dólares e quebrando incluse com a PETROBRAS em suas ações, ja que por de baixo do tapete socialista dinheiro e mais dinheiro estavam sendo investidos na VENEZUELA, em resumo pagamos também por essa roubalheira com SIDOR.
FONTE DA REVISTA EXAME
2014.: SIDOR E O GOLPE DE NICOLAS MADURO REFLETEM NO BRASIL
Os atuais escanda-los envolvendo a PETROBRAS, esta chegando a um caminho muito mais perigoso do que ja estamos vendo, trata-se de um golpe a nivel internacional. A qual ja fez a primeira vitima, a própria VENEZUELA, que se tornou um cenário desolador pois a metade dos produtos básicos estão sumindo das grandes redes de supermecados. a inflação ja ultrapassa a 102 %, ao mês, em uma ano de NICOLAS MADURO, desapareceu medicamentos carne e outros.
Nos protestos contra o governo que acontecem desde janeiro de 2014, 110 pessoas morreram. Multinacionais recomendam que funcionários fiquem em casa. Há lojas e fábricas fechando. A crise é grave — e as decisões tomadas por Chávez desde sua chegada ao poder, em 1999, têm tudo a ver com ela.
Chávez tornou-se um ícone para boa parte da esquerda brasileira, incluindo membros do PT no governo. Para Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais e um dos responsáveis por escrever o programa da candidatura de Dilma Rousseff à reeleição, as dificuldades da Venezuela fazem parte de um processo histórico.
“A transição que Chávez iniciou em direção a uma economia mais complexa está incompleta”, diz Garcia. “A agricultura e a indústria se desenvolveram de modo insuficiente. Isso acarreta distorções, sobretudo quando setores da sociedade ingressam no mercado de consumo.”
É preciso fazer uma ressalva — o Brasil não é a Venezuela. Mas é no mínimo desconfortável saber que, entre as lideranças do partido no poder, há vários entusiastas da cartilha implantada por Chávez para levar a Venezuela ao “socialismo do século 21”. Nos últimos 15 anos, regras elementares de uma economia de mercado foram ignoradas e substituídas pela intervenção do Estado.
FONTE DA GAZETA CENTRAL E IRBING INTERNACIONAL
O PRÓRIO PT RECONHECE QUE NICOLAS MADURO PERDEU AS CONDIÇÕES DE GOVERNAR
Diante de tantas denuncias, que envolve o governo de MADURO, nos bastidores do próprio PT, ja se ensaiam criticas contra o mesmo , diz um dirigente do partido. O estranho nisso tudo é porque a DILMA ficou e esta calada, por que a DILMA não se manifesta,. a resposta é simples FIDEL CASTRO.
Trata-se de uma leitura parcial dos fatos: Maduro pode ter acelerado a ruína ao tomar medidas como reduzir por decreto o preço de alimentos e eletrodomésticos, imprimir dinheiro e dificultar a compra de dólares pelas empresas, para ficar em três exemplos. Mas o desfecho dramático da experiência venezuelana não poderia ter sido outro.
A teoria econômica não é, obviamente, passível de ser testada em laboratório. Mas a Venezuela tem funcionado quase como um experimento do pensamento econômico de esquerda. Mostramos, a seguir, as principais políticas do chavismo que levaram a economia da Venezuela ao impasse atual. Uma lição e tanto para os brasileiros.
Estatização em marcha
O governo controla os principais setores da economia
A siderúrgica sidor, na cidade venezuelana de guayana, já foi um dos principais símbolos da indústria do país. Controlada pela argentina Techint, a Sidor chegou a produzir 4 milhões de toneladas de aço por ano. Até que, em 2008, a empresa foi estatizada.
O governo já havia assumido o controle de parte do setor elétrico, bancos, empresas de telecomunicações e da cadeia do petróleo. A Sidor deveria ser um exemplo do poder do Estado. O que obteve foi um fracasso: atualmente, a siderúrgica produz cerca de 1 milhão de toneladas por ano, apenas 25% do que produzia em seu auge.
FONTE DA REVISTA EXAME
Descontrole de gastos
A expansão da despesa pública foi muito além do tolerável
Depois da reeleição de 2006, chávez se afastou da lógica elementar de não gastar mais do que arrecada. Durante boa parte dos últimos 15 anos, o governo da Venezuela viveu como se não houvesse amanhã. Os recursos que entravam no país pela exportação do petróleo eram usados para conceder generosos subsídios para manter artificialmente baixo o preço dos alimentos e dos combustíveis.
O rigor fiscal nunca foi muito bem-visto. Estima-se que, de 1999 a 2008, a folha de pagamentos do governo venezuelano tenha dobrado. Agora a conta chegou. Um relatório do banco britânico Barclays calcula que, no ano passado, o déficit público chegou a 15% do PIB, um pouco menos do que os 20% de 2012, o maior rombo da história da Venezuela.
“Manter as contas públicas balanceadas não é uma questão de ideologia, e sim de responsabilidade”, diz o venezuelano Alejandro Grisanti, analista para a América Latina do Barclays. “Governos de esquerda, como Bolívia, Equador e Nicarágua, perseguem superávits primários como quaisquer outros.”
Desde 2010, o Banco Central da Venezuela tenta cobrir os rombos no caixa do governo imprimindo mais dinheiro. A estratégia se intensificou com Nicolás Maduro no poder. No último ano, a base monetária aumentou 60% — o que é uma evidente fonte de pressão inflacionária.
Uso político das estatais
A petrolífera PDVSA está sendo desmontada
O que exatamente faz uma empresa petrolífera? A resposta parece não ser óbvia na Venezuela de Chávez e Maduro. A PDVSA, estatal de extração de petróleo, distribui alimentos e tem uma rede de supermercados com 159 pontos de venda. Além disso, constrói casas populares e executa obras de restauração urbana para governos locais aliados.
Nos últimos 12 anos, a folha de pagamentos da PDVSA saiu de 30 000 para 120 000 funcionários, o que a torna uma figura central na deterioração das contas públicas deficitárias da Venezuela. Com tantas atividades diferentes para cuidar, não surpreende que o principal negócio da PDVSA enfrente problemas.
Apesar de o governo projetar aumentos de produção ano após ano, os números da empresa só pioram. Em 2013, a extração de petróleo foi 18% menor do que em 1997, auge da produção — a promessa do governo era bater o recorde.
O caso da PDVSA é um exemplo de como o uso político das estatais pode pôr tudo a perder. As dificuldades da empresa começaram em 2003, quando Chávez demitiu 19 000 funcionários, entre os quais um grupo de técnicos experientes e qualificados. Muitos — principalmente nos cargos mais importantes — foram substituídos por pessoas indicadas por razões não profissionais, mas políticas.
Hoje, a PDVSA é conhecida por atrasar os pagamentos dos fornecedores, aos quais deve 16,7 bilhões de dólares. A General Electric, uma das principais fabricantes mundiais de equipamentos para exploração de petróleo, sofre com atrasos de até dez meses para receber.
Uma prova da incompetência na gestão da PDVSA é que tudo isso acontece justamente quando o preço do petróleo está na casa dos 100 dólares o barril. O pior: o país nunca foi tão dependente de sua maior estatal. De 2003 a 2013, a participação do petróleo nas exportações aumentou de 69% para 96%.
Preços tabelados FONTE DA NTTN 24 HORAS
Variação livre de preços e de aluguel? Na Venezuela, não
Imagine um país em que o aluguel e a taxa de condomínio pagos por metro quadrado de um estabelecimento comercial sejam exatamente os mesmos em qualquer lugar, sem levar em conta se a loja fica num shopping sofisticado de uma área nobre ou num bairro da periferia de Caracas. É isso o que acontece na Venezuela.
“Como o valor definido pelo governo para a taxa de condomínio não é suficiente para a manutenção, vários shoppings tiveram de desligar as escadas rolantes para diminuir custos”, diz Claudia Itriago, presidente da Câmara Venezuelana de Centros Comerciais, associação que reúne os principais shoppings venezuelanos.
Mais um exemplo: no ano passado, o presidente Nicolás Maduro baixou uma lei que diminuiu o preço de eletrodomésticos. A população correu às lojas — a polícia militar foi encarregada de fiscalizar se os varejistas estavam vendendo pelo preço determinado. Foi como se o governo venezuelano tivesse decidido revogar a lei da oferta e da procura.Maduro tomou essas medidas em novembro, pouco antes das eleições municipais que serviriam de termômetro para o andamento de seu governo. “Maduro tinha acabado de perder 12 pontos de popularidade quando apertou o controle de preços”, diz Luis Vicente León, presidente do instituto de pesquisa Datanálisis. “As medidas tiveram cunho fortemente político.”
A justificativa era que tabelar os preços ajudaria a conter a inflação. Como bem sabe qualquer brasileiro que tenha atravessado os diversos planos econômicos que foram comuns nas décadas de 80 e 90, esse tipo de coisa não costuma dar certo.
Resultado: a inflação venezuelana seguiu em alta e alcançou um acumulado de 57% nos 12 meses anteriores a fevereiro — maior taxa registrada no mundo. O monstro está cada vez mais assustador. E não vai ser fácil domá-lo.
Câmbio controlado
Trocar bolívares por dólares está cada vez mais difícil
A cervejaria Polar é a maior da Venezuela, com mais de 70% do mercado. Crescer, no entanto, está cada vez mais difícil. Das quatro fábricas da empresa, uma está paralisada. As três restantes se limitam a envazar garrafas retornáveis. Faltam vidro e alumínio no mercado para produzir novas embalagens. Nos últimos meses, a Polar não tem conseguido adquirir matéria-prima fora do país.
O motivo: o governo não vinha liberando operações de câmbio para que as empresas pudessem comprar dólares e pagar seus fornecedores. Há 11 anos é preciso pedir autorização para fazer importações e operações de câmbio — as coisas se complicaram do fim do ano passado para cá, quando o governo passou a dificultar mais ainda a troca de bolívares por dólares.
A falta de divisas tornou-se um problema crônico. A Fedecámaras estima que as dívidas da indústria venezuelana com fornecedores estrangeiros cheguem a 10 bilhões de dólares.
O setor farmacêutico brasileiro tem 450 milhões de dólares a receber e ameaça suspender a exportação de medicamentos para a Venezuela. Sem conseguir importar seus produtos, muitas lojas de marcas como Nike, Zara e Sony estão fechadas.
As incertezas do câmbio afastaram os investidores da Venezuela. Um exemplo é a fabricante de cosméticos brasileira Natura, que abriu um escritório comercial no país em 2006 e, quatro anos depois, já havia deixado a Venezuela. “O controle de dólares tornava a operação inviável, ainda que o mercado fosse bastante promissor”, afirma um ex-executivo da Natura.
O controle de quem pode ou não comprar dólares é só parte do problema. O governo venezuelano mantém um sistema de câmbio fixo hoje bastante defasado em relação à cotação que o mercado estima como razoável. No câmbio oficial, cada dólar vale 6,3 bolívares — apenas uma fração do valor negociado no mercado paralelo, que chega a 90 bolívares por dólar.
Desde janeiro, o governo tem feito um esforço para flexibilizar o controle. Em fevereiro, as agências bancárias estatais foram autorizadas a vender cada dólar por até 11 bolívares. No fechamento desta edição, a cotação negociada pelos bancos públicos alcançou 52 bolívares.
“O governo começou a reduzir a pressão no câmbio e agora vai ter de lidar com uma das maiores desvalorizações da moeda na história do país”, diz o consultor Orlando Ochoa, doutor em economia pela Universidade de Oxford e um dos principais economistas venezuelanos.
A desvalorização poderá corroer o caixa das empresas estrangeiras. A fabricante de pneusGoodyear fechou 2013 com 425 milhões de dólares em caixa. O dinheiro que ganha no país está perdendo valor. “Geramos caixa, mas não conseguimos tirar o dinheiro do país”, diz Jaime Szulc, presidente da Goodyear na América Latina. A economia tem suas próprias leis — e não há comandante que possa revogá-las.