renato santos
18/08/2015
Essa segunda feira no Congresso foi de inferno para todos, aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), calculam que a denúncia contra ele não deve sair enquanto o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não tiver seu nome aprovado pelo Senado, ao mesmo tempo que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou que a sabatina de Janot na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deverá ocorrer na semana que vem, assim como a votação em plenário da indicação de Janot.
Na avaliação dos aliados de Cunha, seria constrangedor para Janot ser sabatinado no mesmo momento em que forem divulgados pedidos de abertura de processos contra políticos. O presidente da Câmara e o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) são considerados o alvo da vez do Ministério Público. Assim, a nova expectativa é de que a denúncia contra eles só saia no final do mês.
Enquanto isso, Cunha e seu aliados vão preparando novos lances na sua estratégia contra o governo.
O mais ousado, que estaria em gestação, seria reservar a aceitação, pelo presidente da Câmara, de uma dos pedidos de impeachment contra Dilma Rousseff para a mesma época em que Janot denunciar formalmente Eduardo Cunha.
O que podemos ver não passa de " jogo do poder", que pode afundar de vez a politica e a economia.
O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), lembrou que o presidente da Câmara pode abrir processo contra Dilma apenas com base na análise dos pedidos que deram entrada na Casa. Segundo ele, Cunha poderia se basear, por exemplo, nos decretos não numerados com abertura de crédito especial em 2014 que autorizam as pedaladas fiscais, sem precisar esperar por uma decisão do Tribunal de Contas da União sobre as contas da presidente.
E, na outra ponta, os aliados de Cunha apostam no aprofundamento da chamada pauta bomba, como forma de neutralizar a agenda anticrise do presidente do Senado.
Esta semana a ofensiva de Eduardo Cunha começa pela votação do novo índice de correção das contas dos trabalhadores no Fundo de Garantia por tempo de Serviço (FGTS). Projeto em tramitação na Câmara propõe que elas passem a ser corrigidas pelo mesmo índice da poupança, ou seja, passaria de 3% ao ano mais a TR para 6% mais TR. O que, segundo o Palácio do Planalto, simplesmente enterraria o Minha Casa Minha Vida. O governo tentará apresentar uma proposta alternativa.
Amanhã, Eduardo Cunha quer colocar em pauta a redução da maioridade penal para 16 anos, o que também desagrada ao governo.
Já as pautas da agenda de Renan, Cunha tem deixado claro que pretende engavetá-las quando forem enviadas à Câmara. Ontem mesmo, ele afirmou: “Ali é muita espuma. Quando baixar a espuma, não sobra nada.”