RENATO SANTOS 05/04/2019 Horário de verão é a prática de adiantar os relógios em uma hora durante os meses do verão, com o objetivo de fazer com que a luz do dia seja experienciada também durante o início da noite, enquanto sacrificando o horário normal do nascer do sol. Tipicamente, a população de regiões que adotam a medida, avançam uma hora próximo ao início da primavera e retornam para o padrão no outono.
A ideia moderna do horário de verão foi proposta pelo neozelandês George Hudson em 1895. A Alemanha e a Áustria-Hungria organizaram a primeira implementação, começando em 30 de abril de 1916, durante a Primeira Guerra Mundial. Vários países usaram-no diversas vezes desde então, particularmente durante a crise da energia em 1970.
#FimdoHoráriodeVerão – O @Minas_Energia recomendou a suspensão do Horário de Verão (HV). Estudos do setor elétrico identificaram que mudanças nos hábitos de consumo de energia elétrica da população não mais produziam os resultados esperados de redução de consumo com o uso do HV. pic.twitter.com/QfbGrlddwv— Ministério de Minas e Energia (@Minas_Energia) 5 de abril de 2019
Com o horário de verão, as pessoas dormem antes do habitual e acordam uma hora mais cedo. Esta alteração do horário de sono, segundo especialistas, pode trazer alguns prejuízos, como sonolência durante o dia, insônia à noite, cansaço e falta de apetite.
Essa confusão que acontece no nosso organismo é um fenômeno que os médicos chamam de "desordem temporal interna" em tudo semelhante ao jet lag. Estudos apontam, inclusive, que animais de estimação também são afetados com esses mesmos malefícios.
As discussões acadêmicas significativas sobre seu impacto na saúde humana começaram nos anos de 1970. Segundo um estudo realizado no Brasil, o corpo humano precisa de ao menos 14 dias para se adaptar totalmente ao horário de verão.
Uma análise publicada em 2011 no "The New England Journal of Medicine" demonstrou um aumento na ordem de 5% nos ataques cardíacos (infartos do miocárdio) na população como um todo, na primeira semana do horário de verão.
Para o professor Michael Downing, o horário de verão também contribui para o aquecimento global, já que aumenta o uso do ar-condicionado.
Há até quem diga que o horário de verão aumenta a incidência de infartos. A alteração abrupta no relógio biológico dos cidadãos afetados pela medida eleva em até 8,5% a incidência de infartos, aponta estudo do professor Weily Toro Machado, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), com o título Daylight Saving Time and incidence of Myocardial Infarction: Evidence from a regression discontinuity design, publicado na Revista Economics Letters em 2015.
Segundo a revista TecMundo, a falta de sincronização de dispositivos eletrônicos com o horário de verão, que pode ser uma porta de entrada para cibercriminosos, trazendo riscos à segurança de usuários e até de empresas, pois a diferença de horário dificulta o trabalho de rastrear e identificar falhas de segurança.
O analista de segurança da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), Alan Santos, comentou que a precisão é a peça-chave para também apontar a hora exata de erros ou crimes cometidos por meio da rede.
No Brasil, em julho de 2017, tramitava na Câmara dos Deputados um projeto de lei que pretendia acabar com horário de verão.
A aplicação do horário de verão resultava, no passado, em maior economia de energia elétrica, quando mais pessoas tinham um horário de trabalho tradicional, chegando em casa no início da noite, e ligando a iluminação e aparelhos elétricos em seus lares, e criando um pico de demanda.
Hoje, o uso de equipamentos de ar condicionado durante o dia (em especial nas tardes ensolaradas e quentes de verão) mudou a curva de consumo, colocando o pico no período do meio da tarde.
“[Os órgãos governamentais] estão realizando um aprofundamento dos estudos em relação à efetividade do horário de verão para o sistema elétrico, tendo em vista as mudanças no perfil e na composição da carga que vem sendo observadas nos últimos anos.
Esses estudos estão em andamento e servirão de base para os encaminhamentos futuros sobre a continuidade ou não da adoção do horário de verão”, informou o Ministério de Minas e Energia (MME), em nota. Mesmo entre os técnicos do setor, a medida tem defensores e críticos.
Em março de 2017, quando foi apresentado o resultado de economia do horário de verão 2016/2017, o governo decidiu repensar a aplicação da medida. Os órgãos que participam do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) decidiram fazer uma pesquisa em outros países para saber se há evidências sobre a efetividade do horário de verão nesse novo perfil de consumo.
A consulta a outros 15 países trouxe um resultado interessante: na maioria deles, não há avaliação que justifique a efetividade do horário de verão do ponto de vista da economia de energia. Segundo ata da reunião do CMSE de maio, a consulta apontou que na maioria dos países a adoção da medida “está muito mais relacionada ao costume da população”.