RENATO SANTOS 25/04/2019 Quem é moderador de grupo whatsApp, sofrem e se os administradores não levar a sério os grupos de direita onde estão, vão ficar sendo ridicularizados pela esquerda que coloca pessoas se passando por direita na adms, como descobrir um esquerda é simples começa a falar de regras nos grupos, eles mesmo ou saim ou derrubam os grupos colocando sempre preços de notas,carteiras, como fake , logo se manifestam dizendo com bom argumento que vc publica fake para isso os adms precisam estar alinhados com moderador aquele que organiza o grupo.
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CANSADA DE BRIGAR por causa de política com o pai, um ferrenho eleitor de Jair Bolsonaro, a
estudante Brenda Silva decidiu adotar uma estratégia diferente.
Em vez de discutir com ele, passou
a agir onde sabia que o pai gastava boa parte do tempo: em grupos de WhatsApp pró-Bolsonaro.
Tudo começou quando Silva foi convidada a entrar nos grupos de que o pai participava. Ela comprou
um chip novo, para que não fosse reconhecida pelo número de telefone, e passou a enviar notícias
e vídeos – reais – que expunham os problemas do president
pessoas – eleitoras de Ciro Gomes, Fernando Haddad, Guilherme Boulos, Marina Silva e Geraldo
Alckmin – que resolveram se entregar à tarefa.
É estafante: são até oito horas diárias com os olhos fixos no WhatsApp. “Cada um mantém a
sanidade como consegue”, ela desabafou.
É o caso dos 20 editores de uma página de esquerda no Facebook. Durante a campanha eleitoral,
eles entraram em grupos bolsonaristas para entender o que pensavam os apoiadores do capitão
reformado.
Passado o pleito, decidiram continuar por ali, na esperança de mudar opiniões.
A tática escolhida é curiosa, mas vem surtindo efeito: fingindo ser eleitores de extrema direita, eles
lançam mão de argumentos ainda mais radicais que os que habitualmente circulam nos grupos.
Um dos participantes, um bacharel em filosofia que mora em São Paulo e pediu para não ser
identificado para não ser descoberto nos grupos, posta coisas como: “Bolsonaro não é só um
político, ele é Melquisedeque, a presença do Senhor na Terra, o patriarca de uma nova geração de
governantes”. Ou: “A Amazônia está pronta para receber o povo de Israel, meu pastor disse que
aqui será a nova Jerusalém”.
‘Eles não percebem o humor e a caricatura.
Mas, se desenvolvem senso crítico, pra mim está bom.’
Ouve, como resposta, habitualmente, que está louco, que Bolsonaro não é Deus e nem poderia
entregar a Amazônia a quem quer que fosse.
Alguns ficam tão revoltados que saem do grupo. É
quando o paulistano se considera vitorioso.
“Eu uso citações da Bíblia, de Handmaid’s Tale, Game of Thrones e outros livros sobre regimes
autoritários. Já mandei as máximas do Grande Irmão de [1984, romance clássico de George] Orwell
para defender a ditadura militar.
Eles não percebem o humor e a caricatura. Mas, se desenvolvem
senso crítico, pra mim está bom”, me disse.
Segundo ele, o trabalho do grupo chega a afugentar uma média de 100 pessoas por semana de
grupos que espalham fake news pró-Bolsonaro. “Nós vimos que não dá para dialogar com algumas
pessoas, então tentamos assustá-las com o próprio radicalismo.
É gente a que só conseguimos
chegar assim”, prosseguiu.
Os Agentes das Fanfics
Após dinamitar os grupos de que o pai participava, Brenda Silva percebeu que descobrira uma
maneira de enfrentar as notícias falsas e postagens intolerantes que infestam os grupos próBolsonaro.
E resolveu ir adiante, ao lado de pessoas que encontrou no Twitter para somar esforços.
A equipe que ela reuniu, chamada de Agentes das Fanfics, tem integrantes no Rio de Janeiro, Minas
Gerais, Paraná e Distrito Federal. Ninguém se conhece pessoalmente, mas todos conversam
diariamente em redes sociais.
O lema é “resistência e deboche”, me disse a bacharel em Direito
Stefany Oliveira, de Juiz de Fora.
A trupe concebeu uma estratégia peculiar, que até aqui tem se mostrado praticamente infalível:
ganhar a confiança dos participantes, conquistar o posto de administrador e deletar o grupo.
Montei um passo a passo para explicar como ela funciona:
Ao receber o convite para entrar num grupo bolsonarista, um dos integrantes da equipe entra e
começa a conversar, de modo amistoso, com os demais participantes.
Com o passar dos dias, a pessoa constrói uma imagem confiável no grupo. Segundo Silva, isso requer
tempo, dedicação e muito sangue frio para ler notícias falsas ou opiniões radicais, machistas,
misóginas etc.
Nesse meio tempo, outros integrantes da trupe são chamados a entrar no grupo.
Após algumas semanas, começa a ação combinada. Geralmente, o integrante há mais tempo no
grupo é atacado por um colega de equipe. O “veterano” então procura o administrador do grupo
para reclamar da bagunça e das brigas constantes e pede poderes de moderador para retirar
pessoas “mal-intencionadas” da conversa.
Assim que se torna administrador, o infiltrado avisa os companheiros. É a senha para o grupo ser
invadido e ter início um bombardeio de figurinhas (stickers) – geralmente depreciativas a
Bolsonaro.
Em seguida, o administrador infiltrado deleta todos os integrantes, matando o grupo.
‘Uso as coisas que escuto do meu pai para me passar por
minion nos grupos.’
Desde janeiro, quando o trabalho começou, que a trupe de Silva ostenta cerca de 30 grupos
desmantelados, a maioria deles com centenas de participantes.
Entre eles, estão agrupamentos
batizados de Apenas direita, 100% Bolsonaro, Olavo x Mourão, Mulheres Conservadoras, Brasil com
Bolsonaro, Avante Capitão, Mulheres de Direita, O Filho Pródigo (em homenagem a Carlos
Bolsonaro), Aliança Israel Brasil, Solteiros Cristãos e Direita unida com Bolsonaro.
Enquanto eu escrevia este texto, eles empreendiam a estratégia noutros dois. “Uso as coisas que
escuto do meu pai em casa para me passar por ‘minion’ nos grupos e conseguir virar
administradora”, me contou Silva.
No começo, os Agentes das Fanfics usavam o emoticon de um cérebro para se reconhecerem em
grupos bolsonaristas. O símbolo ficava camuflado em meio a bandeiras de Israel e Estados Unidos,
que costumam ser usados por bolsonaristas no nome do perfil.
Hoje, eles dizem que é possível diferenciar quem é infiltrado ou não só pelo jeito que a pessoa fala.
Segundo eles, ‘minions’ não costumam debater os assuntos das postagens e têm uma obsessão
particular pelo PT. Infiltrados tentam dialogar e preferem falar do governo Bolsonaro.
A trupe elabora as próprias fake news, sempre contra o governo. É infalível sugerir que um
integrante do primeiro escalão do presidente “é de esquerda”, o mais grave dos pecados capitais
para os bolsonaristas radicais.
Com requintes de ironia, os Agentes das Fanfics sugeriram que
“esquerdistas” iriam invadir grupos de bolsonaristas para acabar com eles – que era justamente o
que eles estavam fazendo.
↑ Requinte de ironia: Agentes das Fanfics sugerem que “esquerdistas” iriam invadir e
destruir grupos bolsonaristas – justamente o que eles mesmos estavam fazendo Reprodução
“Percebemos que muita coisa que inventamos saía dos grupos de que participávamos e voltava
depois como mensagem encaminhada.
Então, sabíamos que tinham ‘passeado’ por outros grupos”,
me contou o auxiliar administrativo Fábio Alexandre, que vive em Brasília.
“Num dos grupos, eu dei a letra de que só compartilhavam notícias sem fonte e nunca discutiam
nada relevante para o país.
Claro que muitos me rechaçaram, mas outros tantos concordaram”,
comemorou Douglas Godoy, do Rio Grande do Sul, que pediu para não revelar a profissão.
O “resultado”, claro, é muito pequeno se considerado o imenso universo de grupos do WhatsApp.
“Mas é um trabalho que alguém precisa fazer.
A gente sabe que é enxugar gelo. Mas algumas
pessoas já deixaram de ser afetadas pela toxicidade desses grupos”, diz Alexandre. “Se pelo menos
10% dos integrantes de cada grupo que implodimos não entrar pra outro, já estou satisfeita”, falou
Oliveira.
A “guerrilha” não se restringe a grupos organizados. Há “lobos solitários” fazendo a mesma coisa,
ela me contou. “Tempos atrás eu estava trabalhando em um grupo, e alguém de fora começou a
destruí-lo. Até hoje não sei quem era.”