O Clarín desta quarta-feira (27) traz uma matéria com o argentino Adolfo Pérez Esquivel. O prêmio Nobel chama o processo de impeachment de "golpe branco" e entende que, caso seja concretizado, geraria "riscos" para a América do Sul.
O jornal argentino conta que aos 84 anos, o prêmio do Nobel da Paz argentino se uniu aos intelectuais estrangeiros que apoiam a presidente Dilma. Ele viaja para o Brasil no próximo dia 28 de abril, onde se reunirá com lideranças do MST (Movimento dos Sem Terra).
Segundo a reportagem, no último dia de 15 de março, ele declarou seu apoio ao ex-presidente Lula e também a presidente em uma carta. Na ocasião, comparou a situação no Brasil a de Honduras de Manoel Zelaya e ao Paraguai de Fernando Lugo (ambos impedidos de terminar seus mandatos).
"Quase todos os políticos que apoiam o impeachment de Dilma têm vários processos penais em curso por corrupção. Isto indica que esta não é a variável determinante, e sim o que está em jogo é a direção das políticas do Estado e quem as deve realizar", escreveu.
Peréz Esquivel recebeu o Clarín em seu escritório, sede da ONG Paz e Justiça, no bairro de San Telmo em Buenos Aires. Na entrevista, ele condenou o processo de impeachment que chamou de golpe "branco", mas disse, no entanto, que a esquerda carece de "autocrítica".
MAS QUEM ELE É SUA BIOGRAFIA :
Adolfo Pérez Esquivel (Buenos Aires, 26 de novembro de 1931) é um arquiteto, escultor e ativista de direitos humanos argentino, agraciado com o Nobel da Paz de 1980.
Em 1974 na cidade de Medellin, na Colômbia, Adolfo Pérez Esquivel coordenou a fundação do Servicio Paz y Justicia en América Latina (SERPAJ-AL), junto com vário bispos, teólogos, militantes, líderes comunitários e sindicalistas.
O SERPAJ-AL se dedicou a defender os Direitos Humanos no continente e a difundir a Não-Violência Ativa como instrumento de transformação da realidade e de enfrentamento dos crimes de tortura e desaparecimento forçado de militantes políticos e agentes comunitários e pastorais, praticados pelas Ditaduras Militares que haviam se instalado por toda a América Latina, com o apoio dos Estados Unidos que viviam então o auge da Guerra Fria com a União Soviética.
Por essa atividade Adolfo Pérez Esquivel recebeu o Nobel da Paz de 1980. Escultor, estudou arquitectura na Escola Nacional de Belas Artes da Universidade Nacional de La Plata.
A partir de 1968, dedicou sua vida a propagar a não violência e defender os direitos humanos: fundou o Jornal Paz e Justiça em 1973, e a partir de 1974 se tornou seu secretário. A publicação se tornou a voz do movimento pacifista na América Latina.
Entre 1977 e 1979, foi preso por questões políticas. Durante esta reclusão recebeu o Prêmio Memorial de Paz Juan XXIII, entregue pela Organização Pax Christi Internacional.
É membro do Comité da patrocínio da Coordenação internacional para o Decênio da cultura da não-violência e da paz. Esquivel é também o Presidente da Academia de Ciências Ambientais de Veneza na Itália, por iniciativa desta academia, juntamente com outros Prêmios Nobeis da Paz, entre eles: o Dalai Lama, Desmond Tutu,Shirin Ebadi, Rigoberta Menchu Tum, Married Corrigan, Beth Wiliams e outros está liderando uma campanha mundial pela criação de uma corte internacional para julgar os crimes ambientais de grande monta.
A campanha foi lançada na cidade de Roma em junho de 2009, oficializada em setembro em Veneza para o continente europeu, e no dia 19/11/2009 no Memorial da América Latina em São Paulo - Brasil para o continente latinoamericano.
Como um grande amigo da organização "Fundação Vida Para Todos - ABAI" em Mandirituba - PR (sul do Brasil), e a sua fundadora, a Suíça Marianne Spiller, Adolfo Pérez Esquivel, em 2010, participou no evento do 30 º aniversário da obra.[1] Ele ofereceu-lhe um quadro pintado por ele mesmo, que mostra a Mãe Terra - simbolizando e sugerindo a dimensão eco-espiritual, que é um aspecto fundamental do trabalho da "Fundação Vida Para Todos – ABAI”. Esta aproveita do apoio ideológico e financeiro da Associação Suíça de "ABAI Freunde - Vida Para Todos".
A FALA DELE NO SENADO BRASILEIRO
A sua participação no Senado foi a prova que gostaríamos de não ter, mas, ele se entrometeu nos assuntos interno de um País.
“Venho ao Brasil trazendo a solidariedade e o apoio de muita gente na América Latina para que se respeite a continuidade da constituição e do direito do povo de viver em democracia.
Há grandes dificuldades de um golpe de Estado, que já aconteceu em outros países do continente, como Honduras e Paraguai. Espero que saia o melhor deste recinto [o Senado] para o bem da democracia e da vida do povo do Brasil”, afirmou Esquivel.
Irritado com a declaração do prêmio Nobel, o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) classificou a fala de “inaceitável” e ressaltou que não poderia ter sido permitida pelo plenário do Senado. “Estou indignado com o que aconteceu neste parlamento”, protestou Ataídes.
O senador tucano, então, solicitou ao presidente da sessão que retirasse todo o discurso de Esquivel das ata taquigráficas da sessão do dia do Senado.
Paulo Paim, no entanto, afirmou que havia autorizado o Nobel da Paz a falar desde que não entrasse em detalhes sobre o processo de impeachment em tramitação no Senado.
Diante da revolta de parlamentares da oposição, Paim determinou que a palavra “golpe” fosse retirada da ata que registra os pronunciamentos dos senadores no plenário.
Para o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), o discurso de Esquivel “não foi por acaso”, mas planejado por governistas. “Nós não podemos ser surpreendidos com essas montagens.
Foi premeditado. Não foi por acaso que este senhor [Esquivel] veio aqui fazer esse pronunciamento. Isso é uma estratégia que este plenário não admite”, discursou Caiado.
O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), questionou a concessão de palavra ao Nobel da Paz, que não é detentor de mandato parlamentar.
Paim, entretanto, justificou sua decisão afirmando que a autorização para o pronunciamento foi uma “gentileza” do Senado com Adolfo Esquivel para fazer uma “saudação” ao parlamento.
VEJAM O QUE ELE PENSA NO CASO DA VENEZUELA
Temos de estar cientes das mudanças que ocorrem no continente. Durante décadas, vivemos ditaduras obscurantistas impostas pelos golpes e, em seguida, o retorno de governos constitucionais e frágeis democracias no início dos anos 80, anos 90, que foram reforçadas ao longo do tempo com grande esforço, tentando encontrar formas de desenvolvimento e resistência na sua luta contra a pobreza, a fome e marginalização.
Após um período de grandes avanços no século XXI, hoje a região está passando por situações de conflito, com novas tentativas para desestabilizar as instituições democráticas em países com governos progressistas.
Estamos preocupados com os ataques contra a oposição política, a mídia e setores do poder judiciário contra o presidente do Brasil, Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que esteve recentemente vítima de uma operação policial importante para levá-lo parado. A ação política clara e injusto, que só quer gerar o descrédito público do ex-presidente, acusando-o de corrupção para parecer culpado nada foi provado.
A oposição política e seus aliados lançaram uma forte campanha para derrubar o Presidente Dilma e destruir o PT, utilizando a metodologia de golpe suave, imposta no continente para derrubar o ex-presidente Manuel Zelaya em Honduras e Fernando Lugo no Paraguai, com o cumplicidade do poder judicial e / ou parlamentares, forças armadas, empresas e o apoio dos Estados Unidos.
Batidas que adicionam às tentativas de golpes ações violentas como a Venezuela, em 2002, falhou por uma mobilização popular em defesa de Hugo Chávez. levante policial contra o presidente Rafael Correa, do Equador, em 2010, falhou devido à rápida intervenção da Unasul. E o presidente da Bolívia, Evo Morales, que sofreu várias envestidas e ações violentas para derrubá-lo.
Hoje, o governo da Venezuela, está cercado por uma guerra econômica para gerar ad nauseam como no planejado golpe de Estado de 1973, no Chile. Enquanto a oposição continua a tentar derrubar o presidente Nicolas Maduro, como no momento tentou e falhou com Chávez.
Há grandes interesses económicos e políticos que procuram a desgastar e causar todos os esforços para desacreditar certos governos, e não prejudicar os outros que tentam tomar o apoio de seu povo.
Quase todos os políticos que apóiam impeachment Dilma tem vários processos penais em curso para a corrupção. Isto indica que esta não é a variável determinante, mas o que está em jogo é a direção das políticas do Estado e quem deve realizar.
Combater a corrupção não violam a Constituição. É combatido com mais transparência e democracia. A transparência não só do executivo, mas também do judiciário poderosa e os seus funcionários.
Quero expressar a minha solidariedade e apoio para Dilma e Lula, para o seu serviço ao povo brasileiro e unidade continental. E também para chamar o povo brasileiro a avaliar criticamente as contribuições feitas, sem ser arrastado para baixo por aqueles que procuram desestabilizar o país causando golpes suaves.
progressismo latino-americano sabe como perder as eleições porque é democrático. Os últimos ajustados eleições Argentina e Bolívia são outro exemplo claro e recente deste. Aqueles que não sabem como perder e pedir neogolpismo e apoio em nome da democracia, a sua vocação autoritária, ou sua moral ilibada, não são muito diferentes daqueles previamente suportado ou ficaram em silêncio com as ditaduras genocidas de nosso continente.
governos progressistas constantemente atacado por se atrever a tomar medidas contra os poderosos e em favor da redistribuição de renda, deve repensar suas estratégias de diálogo e construção de confiança e de consenso, a fim de evitar confrontos estéreis que se desviam o apoio popular. Eles devem ter a capacidade de inicitiva propor esperança na mudança das estruturas de dependência e desigualdade que nossas necessidades região, e também Papa Francis disse quando pediu para "não falar das velhas e novas formas de colonialismo" não "não há desabrigados família, não há camponês sem terra, há trabalhadores sem direitos, sem soberania Ninguém, nenhuma pessoa sem dignidade, nenhuma criança sem infância, nenhum jovem sem chances, sem ancião sem uma velhice venerável".
Nenhuma democracia é perfeita, mas é perfectível, se a vontade política do povo e seus governantes democraticamente eleitos.
Esperamos que o povo irmão do Brasil para refazer desta forma não abandonar as boas políticas de Estado que conseguiu conquistar e pertencem, e não tem que viver um avançado anti-popular como hoje vivem nas políticas Argentina.