O Nosso leitor CARLOS PIRES mandou um comunicado, a importância da sua participação no blog é bem vinda, sobre o ASSUNTO DO DIPLOMA FALSO DA DILMA, ela é formada em economia da UFRGS.
NOTA-SE PEDIMOS DESCULPAS MAS FOI PRECISO PUBLICAR PARA SABER DA VERDADE, SOMO PELA VERDADE NÃO IMPORTA O PARTIDO E NEM A PESSOA.
Foi o ano do Pacote de Abril, quando a ditadura fechou o Congresso para inventar os senadores biônicos. O ano da lei do divórcio, da morte de Elvis Presley. E Gilberto Gil cantava Refavela. 1977 foi o ano desta foto, da formatura da turma de Dilma Rousseff na Faculdade de Economia da UFRGS.
Dilma tinha 29 anos. Não está na fotografia da cerimônia de 16 de julho, no Salão de Atos, porque preferiu receber o diploma 13 dias depois na sala da Reitoria. No grupo de 18 formandos, era uma das quatro mulheres. ZH localizou a maioria dos colegas da agora presidente eleita. Na lembrança de quase todos, ressurge uma moça estudiosa, mas discreta, ainda traumatizada por quase três anos de cárcere.
Dilma já havia estudado Economia na Universidade Federal de Minas Gerais, a partir de 1967. A faculdade foi abandonada quando passou a militar em organizações clandestinas. Na UFRGS, foi aprovada no vestibular de março de 1974 ao lado do amigo Calino Pacheco Filho. Antes, frequentaram juntos o lendário curso pré-vestibular IPV, na Avenida Salgado Filho.
Pacheco e Dilma participaram juntos da resistência política, quando ela aderiu à organização Var-Palmares. Conheceram-se em 1969. Um ano depois, os dois estavam presos como subversivos. Ele foi libertado em janeiro de 1972. Ela, no final daquele ano. Em 1973, Dilma veio para Porto Alegre, para ficar ao lado do companheiro, Carlos Araújo, encarcerado na Ilha do Presídio, sob a acusação de participar da luta armada.
— Ela sempre estudou muito. Lembro-me que estudávamos juntos na casa do pai de Araújo, o advogado Afrânio Araújo.
Pacheco, aos 62 anos, conta que estudou algumas matérias com Dilma, mas não fazia parte da mesma turma na UFRGS. Juntos, enfrentaram outro drama, em setembro de 1977, como funcionários da Fundação de Economia e Estatística (FEE). Foram demitidos por fazer parte de uma lista de comunistas, elaborada pelo então ministro do Exército, Sylvio Frota.
Luiz Miranda, 63 anos, já era professor na UFRGS quando Dilma começou a frequentar a Economia, mas lamenta não ter sido seu professor. Conta que tentou estudar O Capital, de Karl Marx, com seus alunos. Considerado atrevido demais por abordar o teórico do socialismo, em 1974 foi transferido para a área de Ciências Sociais:
— Me tornei um cara incômodo.
Miranda não acredita que Dilma tenha frequentado um curso muito crítico em relação ao que se passava no país:
— A Economia da UFRGS era conservadora. Era uma economia positivista, sem nenhuma chance para o debate.
Tanto, segundo ele, que a reflexão mais profunda parava nas lições de Formação Econômica do Brasil, obra clássica de Celso Furtado:
— Furtado entrava marginalmente. Dilma não teve muito a aprender com umavisão mais progressista, mesmo que ela já conhecesse Marx.
Hoje prefeito de Uruguaiana pelo PSDB, Sanchotene Felice, 75 anos, foi professor de Dilma. Concorda que a aluna era atenta. Lembra-se bem que tinha conhecimento da passagem da estudante pela prisão:
— Sabíamos que ela vinha de um período político difícil, mas era competente, estudiosa.
Só não concorda que a Economia fosse esquemática, sem estímulos à reflexão crítica:
— Uma das minhas referências bibliográficas era Florestan Fernandes (sociólogo, pensador de esquerda). Também estudávamos Celso Furtado e o francês François Perroux.
Sanchotene assegura:
— Tínhamos pesquisa científica, sociologia e história econômica e um elenco de disciplinas humanísticas. Discordo de que era um curso teórico, sem abordagem filosófica e sociológica.
O ano de formatura da turma de Dilma marcou uma das tantas etapas de arrocho do regime. Em abril de 1977, o presidente Ernesto Geisel fechou temporariamente o Congresso e baixou o Pacote de Abril. Surgem os senadores biônicos.
Yeda lembra de Dilma dos corredores
Obrigado a pegar carona entre os formandos de julho de 1977 por ter se atrasado em um semestre, o funcionário público Claudio Perrone, 60 anos, não se recorda de Dilma, porque pertencia a outra turma. Mas lembra dos tempos de repressão. Raramente os estudantes iniciavam e concluíam a faculdade juntos. O funcionário público federal aposentado Enno Leal, 57 anos, tem uma lembrança semelhante:
— Não existiam turmas regulares. Misturavam alunos de semestres distintos nas disciplinas. Para mim, é surpresa ter sido colega da Dilma.
A fusão também ocorria entre alunos de diferentes cursos, quando tinham de assistir a cadeiras comuns. Para os estudantes, isso seria parte de uma manobra sórdida da reforma universitária, imposta pelo governo, para enfraquecer a reflexão no meio acadêmico, tradicional usina geradora de resistência.
Tudo motivava protestos. O empresário Cláudio Humberto Guedes, 64 anos, lembra que se negou a participar da formatura no Salão de Atos da Reitoria porque era uma solenidade conjunta com alunos de Administração e de Ciências Contábeis. Guedes tem vaga lembrança de momentos com Dilma:
— De vez em quando, cruzava com ela no bar, fazendo um lanche. Era muito discreta. Em sala de aula, era sempre bem avaliada.
Guedes conta que a revolta contra a pompa da formatura tradicional carregava uma carga de indignação, uma forma de protesto. Além dele, outros três estudantes – entre os quais Dilma – não participaram da cerimônia no dia 16 de julho. Dilma foi pegar o diploma no gabinete da Reitoria no dia 29 daquele mês. Deixou de receber o certificado das mãos da paraninfa da turma, a professora de Macroeconomia e de Moedas e Bancos, Yeda Crusius, hoje governadora pelo PSDB. Também ficou sem as congratulações do professor de Estatística, Carlos Crusius, então marido de Yeda.
— Era uma rebeldia em relação a todas normas. Coisa de estudante – observa Yeda.
Não existe na memória da governadora momentos com Dilma em sala de aula – foi apenas um semestre –, mas Yeda lembra de conversas de corredor, quando a aluna dava sinais de sua personalidade marcante:
— Foram dois ou três momentos em que a gente se cruzou e conversou coisas normais, da vida. Temos quase a mesma idade, e ela era uma pessoa aberta, que se expunha mais. Tratava os professores de forma normal, enquanto havia um certo distanciamento dos demais alunos.