Advogado
O advogado da família da vítima, Airton Sinto, diz que algumas pessoas teriam visto, na página do Facebook 'Guarujá Alerta', o retrato falado de uma mulher que estaria sequestrando crianças em Guarujá e pensaram que se tratava de Fabiane.
Segundo ele, Fabiane não teve tempo de se defender das acusações e agressões. O advogado diz que o autor da página na internet ainda não foi identificado, mas entende que quem fez a postagem foi responsável pelo crime.
"A gente não vai descansar enquanto não houver Justiça em relação aos agressores. A gente precisa levantar o debate em relação à irresponsabilidade das pessoas que divulgam o que quiserem nos sites de relacionamento. Eles arrasaram uma família. Eu tenho certeza que quem administra essa página não tinha intenção de matar uma mulher, mas é responsável na medida de sua culpabilidade. Eu falo dessa página porque tem 50 mil seguidores. Quando ele coloca uma letra, uma vírgula, isso vai para 200, 300 mil pessoas. Em nome da Fabiane, a gente tem que levantar esse debate", afirma.
O G1 entrou em contato com o administrador da página Guarujá Alerta, responsável pela divulgação do material. Segundo o administrador da página, que não quis ser identificado, o Guarujá Alerta sempre alertou os seguidores de que a situação era apenas um boato. O administrador da página assume que publicou um retrato falado semelhante ao da vítima, foto que foi removida algumas horas depois. O administrador afirma que a página vem sendo alvo de perseguição política, já que faz graves denúncias sobre a cidade. O responsável pela página Guarujá Alerta afirma ainda que está aberto para qualquer esclarecimento judicial e se compromete a pedir uma perícia técnica para comprovar que nada foi apagado da página do Facebook.
Fabiana Maria de Jesus, 33 anos, moradora do Guarujá, litoral paulista, morreu na manhã desta segunda-feira (5) por causa de um boato, espalhado na internet, de que havia uma sequestradora de crianças na região. A investigação policial aponta para o rumor como motivo do crime e afirma que não havia nenhum boletim de ocorrência sobre sequestro de menores no Guarujá.
Fabiana foi amarrada, espancada e arrastada, no último sábado (3), por um grupo de moradores do bairro Morrinhos, no Guarujá. Aagressão foi registrada em vídeo e, segundo os vizinhos, ela estava apanhando por ser a mulher que estava sequestrando crianças na região.
Duas imagens circulavam pelas redes sociais: um retrato falado, e uma foto de uma mulher. O primeiro, na verdade, pertence a um caso de 2012, ocorrido no Rio de Janeiro. Já a fotografia remete a uma página de humor no Facebook, chamada “Jaciara Macumbeira”.
A página no Facebook Guarujá Alerta, que tem mais de 50 mil curtidas, chegou a receber diversas mensagens de internautas sobre a existência da suposta sequestradora. No dia 28 de abril, a página alertou que não havia registro policial de sequestro na cidade, e que “tudo não passava de boatos”. Essa publicação foi compartilhada por 115 usuários.
- disso, pesquisar por mulher espanacada no guaruja
No dia seguinte, a página mais uma vez publicou que o caso era um boato, e colocou os links que esclareciam o retrato falado e a imagem de uma mulher, que circulavam na internet. Essa publicação teve 175 compartilhamentos.Moradores chegaram a afirmar para a reportagem da Rede Record que ela "estava pegando crianças" e "tentou comprar uma criança com uma banana".
Outra moradora disse que os filhos não podiam mais ir ao colégio por causa dos sequestros.
Fabiana, que também foi arrastada no meio da rua, teve ferimentos graves e chegou a ser socorrida com vida. O Corpo de Bombeiros a encontrou com os pés amarrados e o rosto desfigurado.
Ela foi internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital Santo Amaro, com traumatismo craniano.
Em declarações à imprensa local, um homem que se dizia marido dela garantiu a inocência de Fabiana, afirmando que ela era portadora de transtorno bipolar e fazia acompanhamento médico. Ela também era mãe de dois filhos, um de 12 e outro de um ano.
A agressão agora é investigada pelo 1º Distrito Policial.