PSDB DA GOLPE FATAL NA INTERNET
PARA A OAB A LIBERDADE DE EXPRESSÃO CORRE RISCO
A difusão de mensagens e comentários "ofensivos" à honra ou à imagem de
candidatos, partidos e coligações será considerada crime e punível com
cadeia e multa para o autor e seu contratante caso a presidenta Dilma
Rousseff sancione sem vetos uma lei enviada pelo Congresso ao Palácio do
Planalto na segunda-feira 25. A criminalização pode valer já na eleição
de 2014. Para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), há risco à
liberdade de expressão.
Os dispositivos incriminadores
de certas condutas virtuais constam da chamada “minirreforma eleitoral”.
Não faziam parte do projeto original apresentado em dezembro de 2012
pelo senador Romero Jucá, do PMDB de Roraima. Foram introduzidos no
texto em setembro, durante votação na Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) do Senado. A inclusão foi proposta pelo senador Cássio Cunha
Lima, do PSDB da Paraíba.
De acordo com a emenda de Cunha Lima, o autor de mensagens
classificadas como criminosas será punido com multa de 5 mil reais a 30
mil reais e com prisão de seis meses a um ano. O castigo para quem o
contratou é pior: de 15 mil reais a 50 mil reais de multa e de dois a
quatro anos de cadeia.
Na justificativa por escrito que apresentou ao defender a
criminalização, Cunha Lima dizia que as redes sociais tornaram-se
poderosas na formação da opinião pública brasileira, mas “têm tido seu
uso deturpado”, especialmente em períodos eleitorais. “Já se constatou”,
dizia ele, “a contratação de grupo de pessoas para que realizem
ataques, via internet, aos candidatos, partidos ou coligações”.
Se os dispositivos foram sancionados, passarão a integrar a
lei 9.504, de 1997, que estabelece as normais gerais das eleições. A lei
foi modificada em 2009 para prever um outro tipo de punição por
propaganda eleitoral na internet. Os propagandistas que atribuem a obra
deles a terceiros (a candidatos ou a partidos, por exemplo) podem ser
multados entre 5 mil reais e 30 mil reais.
Os candidatos que se sentirem vítimas de ataques em sites e
redes sociais poderão recorrer à Justiça para que esta ordene a retirada
do conteúdo do ar, também de acordo com a minirreforma. O mecanismo não
fazia parte do projeto original de Romero Jucá. Foi incluído a pedido
dele próprio na mesma votação ocorrida em setembro na CCJ.
Ao propor a emenda, Jucá disse em uma justificativa por
escrito que “o principal objetivo é dar instrumentos à Justiça Eleitoral
para combater essa prática deletéria, que tem trazido grandes prejuízos
ao andamento das campanhas eleitorais”.
O ataque à honra de um candidato já é um ato alcançado pelo
Código Penal. A conduta pode ser enquadrada como calúnia, injúria ou
difamação. A novidade pretendida pela minirreforma eleitoral, explica o
presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, é a criminalização de
atos contra a imagem de um candidato, um partido ou uma coligação. E,
neste aspecto, a liberdade de expressão corre riscos.
O texto aprovado pelos parlamentares não diferencia danos à
imagem causados por um fato verídico ou provocados por mentiras. Ou
seja, espalhar pela internet um fato verdadeiro pode ser crime, caso
esse fato arranhe a imagem de um político ou uma legenda. Por exemplo:
disseminar as prisões decorrentes do julgamento do mensalão afeta o PT,
assim como as notícias sobre pagamento de propina nas obras do metrô de
São Paulo atingem o PSDB. “Vejo esse novo dispositivo com muita
preocupação. Há risco concreto de cerceamento à liberdade de expressão
por meio da criminalização de certos atos”, afirma Furtado Coêlho.
Dilma tem até a primeira quinzena de dezembro para decidir vai
transformar a minirreforma em lei tal qual aprovada pelo Congresso, se
assinará apenas uma parte do texto ou se vai vetá-la na íntegra.
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