CASO NESTLE
RENATO SANTOS
centralgazeta@ig.com.br
Fonte:
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/...a-do-mundo
http://www.revistaforum.com.br/blog/2014...a-e-assim/
Peter Brabeck-Letmathe, um empresário austríaco que é presidente do grupo Nestle desde 2005, afirma que é necessário privatizar o fornecimento da água. Isso para que nós, como sociedade, tomemos consciência de sua importância e acabássemos com o subpreço que se produz na atualidade.
Palavras sujas que provocaram estupor, sobretudo quando se tem em conta que a Nestlé é a líder mundial na venda de água engarrafada. Um setor que representa 8% de seu capital, que em 2011 totalizaram aproximadamente 68,5 bilhões de euros.
Pero Brabeker junta essa a outras críticas para destacar que o fato de muitas pessoas terem a percepção de que a água é gratuita faz com que em várias ocasiões não lhes deem valor e a desperdicem.
Assim sustenta que os governos devem garantir que cada pessoa disponha de 5 litros de água diária para beber e outros 25 litros para sua higiene pessoal, mas que o resto do consumo teria que gerido segundo critérios empresariais.
Apesar das rejeições que sua posição provoca, faz tempo que ele defende, sem cerimônia, com entrevistas como esta que aparece no vídeo abaixo, que qualifica de extremistas as ONGs que sustentam que a água deveria ser um direito fundamental.
Em sua opinião, a água deveria ser tratada como qualquer outro bem alimentício e ter um valor de mercado, estabelecido pela lei de oferta e procura. Só desta maneira, aponta, empreenderíamos ações para limitar o consumo excessivo que se dá nesses momentos.
Existe uma investigação da Promotoria de São Paulo que apura o desvio de um rio para atender a fábrica. Isso mesmo, um rio. A capacidade desse desvio é de 500 litros por segundo. Fazendo um cálculo rápido chega-se a quantia de 30.000 litros por minuto, 1.800.000 por hora e 43.200.000 litros por dia de água roubada.
CASO COCA COLA
O MP indica que, em caso de seca, esse volume de água desviado causaria sério risco de escassez de água na região.
Ora, temos a maior fábrica da bebida mais vendida do mundo que utiliza 3 litros de água para cada 1 litro do veneno preto. Acredito que essa fonte de água da empresa está sobrecarregada e a seca está prejudicando as reservas mais abaixo.
Eu não sou geógrafo, mas racionando sobre o rumo das águas que desembocam no mar, acredito que isso pode afetar o sistema da cantareira.
Na própria apuração do MP, indica que "em tempo de estiagem mais de 1 milhão de pessoas podem ficar sem abastecimento de água em Campinas".
Jundiaí é sede da maior fábrica da Coca-Cola do mundo*
A localização privilegiada e a boa infraestrutura de Jundiaí foram determinantes para que o município paulista se tornasse a sede da maior fábrica da Coca-Cola no mundo em volume de produção.
A unidade tem quase 180 000 metros quadrados de área, emprega mais de 1.000 funcionários e produziu 1,7 bilhão de litros de bebidas em 2013.
Os produtos que saem de lá abastecem a maior parte do Estado de São Paulo, inclusive a capital, e parte de Minas Gerais. Recentemente, a fábrica montou um gigantesco armazém vertical com 23 metros de altura, 100 de largura e 75 de profundidade.
A estrutura é capaz de armazenar a produção de quatro dias da fábrica, o que simplifica a logística e encurta os prazo de distribuição. (Gabriel Castro, de Jundiaí)
Obrigado por compartilhar a felicidade”, diz-se no último anúncio da Coca-Cola (em espanhol), mas olhando de perto parece que a Coca-Cola de felicidade compartilha bem pouco.
Se pensam que não, perguntem aos trabalhadores das fábricas que a multinacional pretende fechar agora no Estado Espanhol ou aos sindicalistas perseguidos, e alguns, até sequestrados e torturados na Colômbia, na Turquia, no Paquistão, na Rússia, na Nicarágua ou às comunidades da Índia que ficaram sem água após a saída da companhia. Isso para não falar da péssima qualidade dos seus ingredientes e do impacto na nossa saúde.
Em cada segundo consomem-se 18,5 mil latas ou garrafas de Coca-Cola em todo o mundo, segundo os dados da própria empresa. O império Coca-Cola vende as suas 500 marcas em mais de 200 países. Quem garantiria isso a John S. Pemberton, quando em 1886, elaborou tão exitosa poção numa pequena farmácia de Atlanta.
Hoje, pelo contrário, a multinacional já não vende apenas uma só bebida mas muito mais. Através de campanhas multimilionárias de marketing, a Coca-Cola vende-nos algo tão desejado como “a felicidade”, “a faísca da vida” ou “um sorriso”.
Todavia, nem o seu Instituto de la Felicidad [ou a Fábrica da Felicidade, em português] é capaz de esconder toda a dor que a empresa provoca. O seu currículo de abusos sociais e laborais corre, tal como os seus refrigerantes, todo o planeta.
Agora, chegou a vez do Estado Espanhol. A Companhia acaba de anunciar uma reorganização que implica o encerramento de quatro das suas onze fábricas, o despedimento de 1.250 trabalhadores e a recolocação de outros 500. Uma medida que, segundo a multinacional, é tomada “por causas organizativas e produtivas”.
Pelo contrário, um comunicado da central sindical CCOO desmente esta informação e assinala que a empresa tem enormes lucros de cerca de 900 milhões de euros e um faturamento de mais de 3 bilhões de euros.
As más práticas da empresa são tão globais como a sua marca. Na Colômbia, desde 1990, oito trabalhadores da Coca-Cola foram assassinados por paramilitares e outros 65 receberam ameaças de morte, segundo “El informe alternativo de Coca-Cola” da organização War on Want.
O sindicato colombiano Sinaltrainal denunciou a multinacional por detrás destas ações. Em 2001, o Sinaltrainal, através da International Labor Rights Fund e da United Steel Workers Union, conseguiu interpor nos Estados Unidos um processo contra a empresa por estes casos.
Em 2003, o tribunal indeferiu a petição alegando que os assassinatos ocorreram fora dos Estados Unidos. A campanha do Sinaltrainal, de qualquer maneira, tinha já conseguido numerosos apoios.
O rastro de abusos da Coca-Cola se encontra praticamente em cada canto do planeta onde ela está presente (ZooFari/Wikimedia Commons)
Encontramos o rastro de abusos da Coca-Cola praticamente em cada canto do planeta onde ela está presente. No Paquistão, em 2001, vários trabalhadores da fábrica do Punjab foram despedidos por protestar e as tentativas de sindicalização dos seus trabalhadores em Lahore, Faisal e Gujranwala se chocaram com a oposição da multinacional e da administração.
Na Turquia, os seus empregados, em 2005, denunciaram a Coca-Cola por intimidação e torturas e por utilizar um setor especial da polícia para estes fins.
Na Nicarágua, no mesmo ano, o Sindicato Único de Trabalhadores (Sutec) acusou a multinacional de não permitir a organização sindical e ameaçar com despedimentos.
E encontramos casos semelhantes em Guatemala, Rússia, Perú, Chile, México, Brasil, Panamá. Uma das principais tentativas para coordenar uma campanha de denúncia internacional contra a Coca-Cola foi em 2002 quando sindicatos da Colômbia, da Venezuela, do Zimbábue e das Filipinas denunciaram conjuntamente a repressão sofrida pelos seus sindicalistas na Coca-Cola e as ameaças de sequestros e assassinatos que receberam.
Cabe destacar ainda que a companhia não é unicamente conhecida pelos seus abusos laborais mas também pelo impacto social e ecológico das suas práticas.
Como a própria empresa reconhece: “A Coca-Cola é a empresa da hidratação. Sem água, não há negócio”. E onde se instala, ela suga a água até à última gota.
De fato, para produzir um litro de Coca-Cola, são precisos três litros de água. E não só para a bebida mas também para lavar garrafas, máquinas… Água que a posteriori é descartada como água contaminada, com o consequente prejuízo do meio ambiente.
Para saciar a sua sede uma engarrafadora da Coca-Cola pode chegar a consumir até um milhão de litros de água por dia, a empresa toma unilateralmente o controle de aquíferos que abastecem as comunidades locais deixando-as sem um bem essencial como a água.
Na Índia, vários Estados (Rajastán, Uttar Pradesh, Kerala, Maharastra) encontram-se em pé de guerra contra a multinacional.
Vários documentos oficiais assinalam a diminuição drástica dos recursos hídricos onde a empresa está instalada, acabando com a água para o consumo, a higiene pessoal e a agricultura, sustento de muitas famílias.
Em Kerala, em 2004, a fábrica de Plachimada da Coca-Cola foi obrigada a fechar depois do município ter negado a renovação da sua licença acusando a Companhia de esgotar e contaminar a sua água.
Meses antes, o Tribunal Supremo de Kerala sentenciou que a extração massiva de água por parte da Coca-Cola era ilegal. O seu encerramento foi uma grande vitória para a comunidade.
Casos similares aconteceram também em El Salvador e Chiapas, entre outros. Em El Salvador, as fábricas de engarrafamento da Coca-Cola esgotaram os recursos hídricos após décadas de extração e contaminaram aquíferos ao desfazer-se da água não tratada procedente das fábricas da empresa. A multinacional sempre se recusou a responsabilizar-se pelo impacto das suas práticas.
No México, a Companhia privatizou inúmeros aquíferos, deixando as comunidades locais sem acesso aos mesmos, graças ao apoio incondicional do Governo de Vicente Fox (2000-2006), antigo presidente da Coca-Cola do México.
O impacto da sua fórmula secreta sobre a nossa saúde está também extensamente documentado. As suas altas doses de açúcar não nos beneficiam e convertem-nos em “viciados” da sua poção.
E o uso do aspartame, edulcorante não calórico substitutivo do açúcar, colocado na Coca-Cola Zero, está demonstrado que consumido em altas doses pode ser cancerígeno, como assinalou a jornalista Marie Monique Robin no seu documentário “O nosso veneno cotidiano”.
Em 2004, a Coca-Cola da Grã-Bretanha viu-se obrigada a retirar, após o seu lançamento, a água engarrafada Desani, depois de se ter descoberto no seu conteúdo níveis ilegais de brometo, substância que aumenta o risco de cancro. A empresa teve que separar meio milhão de garrafas, do que havia anunciado como “uma das águas mais puras do mercado”, apesar de um artigo na revista The Grocer assinalar que a sua fonte era água tratada das torneiras de Londres.
Os tentáculos da Coca-Cola, assim mesmo, são tão grandes que, em 2012, uma das suas diretoras, Àngela López de Sá, chegou à direção da Agência Espanhola de Segurança Alimentar.
Que posição vai ter, por exemplo, a Agência face ao uso do aspartame quando a empresa, que até poucos dias lhe pagava o salário como sua atual diretora, o usa sistematicamente? Conflito de interesses? Já o assinalamos antes com o caso de Vicente Fox.
A marca que nos diz vender felicidade, reparte antes pesadelos. A Coca-Cola é assim diz o anúncio. Assim é e assim a descrevemos."
Em Jundiaí - SP, está situada a MAIOR fábrica da Coca-Cola do mundo.
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