O dólar não para de bater recordes desde que ultrapassou a casa dos 4 reais. Após cinco pregões seguidos de valorização, a moeda americana abriu novamente em alta nesta quinta-feira e chegou a atingir 4,24 reais, em alta de 2,4%, em meio às incertezas sobre os cenários político e econômico do país.
No começo da tarde, no entanto, a divisa inverteu o movimento, e passou a operar no negativo. Às 13h29, recuava 1,38%, a 4,08 reais, em reação às intervenções do Banco Central (BC).
"Estamos em uma sinuca de bico. Recessão com inflação é uma espiral perigosa e, se não sairmos rapidamente disso, pode ser desastroso. E as chances de isso acontecer são cada vez menores, principalmente com a política como está", disse o operador de uma corretora nacional.
Analistas relutavam em estimar até que ponto o dólar deve subir, mas é unânime a percepção de que o câmbio deve continuar pressionado. O dólar subiu nas últimas cinco sessões, acumulando alta de 8,14%. No ano, a valorização já passa de 50%.
Para conter a escalada da moeda, o BC realiza nesta manhã leilão de até 20.000 novos swaps cambiais, equivalentes a venda futura de dólares, com vencimento em 1º de setembro de 2016.
A autoridade monetária também dará continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em outubro, com oferta de até 9.450 contratos.
Os investidores também digerem hoje a deterioração das previsões do Banco Central para inflação e o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Em relatório divulgado nesta quinta-feira, a instituição revisou para baixo a previsão de queda no PIB, de 1,1% para 2,7%.
Em relação à inflação, a estimativa é que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) alcance a casa dos 9,5% ante projeção anterior de 9%. Além disso, o IBGE informou pela manhã que a taxa de desemprego no país subiu para 7,6%, o maior nível desde 2009.
Os dados reforçam a desconfiança dos investidores com a retomada do crescimento econômico, que a cada dia parece ser mais remoto, e alimentam as percepções de que o país será novamente rebaixado por uma agência de classificação de risco, assim como fez a Standard & Poor's no início de setembro.
"O mercado está apostando em uma saída de capitais e em mais rebaixamento", avaliou o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
Nesta sessão, o avanço do dólar em relação às principais moedas emergentes, como os pesos chileno e mexicano, também pesava sobre o mercado local.
A divisa americana encerrou nesta terça-feira cotada a 4,14 reais, novo patamar recorde de fechamento da moeda desde a criação do real.
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