RENATO SANTOS 04/03/2018 Uma quadrilha de brasileiros e uma envolvida a candidata a miss de Espírito Santo estão presos, por clonar cartões de crédito.
Três brasileiros foram detidos no último final de semana, no Mississipi, por participação em esquema de fraude de cartões de crédito.
Taise Bragança Moscon, 26, Rodrigo Dos Santos Ferrareze, 37, e Claudio Allan Ferreira, 30, foram presos no condado de Harrison, e não tem direito à fiança.
As detenções ocorreram em flagrante, no dia 8 de dezembro. Os três foram presos pelo FBI – Federeal Bureau Investigation e respondem pelo artigo 18 U.S.C. 1029 (Fraude e atividades relacionadas em conexão com dispositivos de acesso), por estarem de posse de equipamentos de clonagem.
A capixaba Taise é residente de Deerfield Beach e acabou sendo destaque em grupos de redes sociais locais, após a sua prisão. A jovem foi candidata a Miss Espírito Santo, em 2012.
Em outro estado, na Georgia, os brasileiros Anderson da Silva Santos, 40 anos, e Julio Lopez da Silva, 37 anos, foram presos no dia 3 de dezembro também por participação em fraude de cartão.
Eles estão detidos, sem fiança, no condado de Chatham, em Savannah.
Júlio responde por 4 crimes – transação financeira fraudulenta, uso de cartão fraudulento, obstrução da justiça e tentativa de se livrar da evidência do crime. Anderson responde por dois crimes – transação financeira fraudulenta e uso de cartão fraudulento.
Os dois também estão presos sem direito à fiança.
Casos anteriores
Nos últimos meses tem sido recorrente a prisão de brasileiros envolvidos com fraude de cartão de crédito. Somente esse ano já foram registradas várias detenções.
Em agosto, quatro foram detidos em New Orleans – Fernando Minguzzi, 21, André Gonçalves Pereira, 28, Harik Enedino dos Santos, 31, e Joao Freire da Silva Neto, 33 – e respondem por conspiração, posse e tráfico de equipamentos de fabricação de dispositivos de clonagem. Em setembro, foi a vez de Francisco Alexandre Oliveira, 45 anos, e Klecyos Soares Aguiar, 29 anos, presos em Boca Raton. Todos continuam detidos e sendo julgados.
Restaurantes são vítimas das quadrilhas
Uma das vítimas deste tipo de golpe é o restaurante Padano’s Bar and Gril, de Deerfield Beach.
“Temos sido vítimas desse golpe.
Somos a parte lesada por essas quadrilhas, que vem assolando a Flórida”, destaca Eduardo Cassiano, sócio do restaurante.
“Só nesse final de semana foram quase $ 1,000 de prejuízo”, afirma Eduardo, se referindo aos “charges back” (quando o cliente cancela a conta) que recebem quando os cartões utilizados por clientes são fraudulentos. Ele destaca que desde a inauguração do restaurante, em junho, já receberam “chargeback” (pedidos de cancelamento) de mais de U$10,000.
“A gente não tem como saber se o cartão é falso; pedimos identidade, mas muitas vezes eles apresentam identidades falsas. Não há como saber. A culpa é do sistema de cartões de crédito; eles que deveriam ter uma forma de identificar na hora se o cartão é falso”, destaca o empresário.
O Padano é um alvo comum para as quadrilhas de cartões clonados, que preferem atuar em casas noturnas, postos de gasolina e grandes lojas de departamentos e shoppings centers com bastante movimentação, onde tem menor possibilidade de serem flagrados.
Picanha’s também já foi vítima
Outro restaurante brasileiro que já vive o problema há mais tempo é o Picanha’s, de Boca Raton. “Quando acontece, pela primeira vez, a gente passa a vigiar essas pessoas”, conta Ivanete Dombrowski, dona do restaurante que já foi vítima de dezenas de cartões clonados nos últimos dois anos.
Os valores disputados não são muito grandes. Giram em torno de US$100 ou menos. “A maioria das pessoas conseguimos flagrar nas nossas câmeras.
As imagens foram enviadas para a polícia, prestamos queixa, mas as investigações são muito lentas”, afirma Ivanete. No seu caso, nenhum dos fraudadores foi preso, até agora.
Os líderes dos grupos usam várias formas de roubo de dados. A mais comum é através do “chupa-cabra”, dispositivo que é instalado nas bombas de postos de gasolina. Uma vez que o cliente passa o cartão, as informações são copiadas.
J.J. (nome fictício), um brasileiro que conviveu de perto com mebros de um desses grupos que clonavam cartões, revelou detalhes de como tudo é feito. “Antes eles compravam os dados através de um site ucraniano, mas esse meio ‘caiu’. Daí passaram a usar os ‘chupa-cabras’, (credit card skimmers) que são as maquininhas leitoras de cartão. E tem também a régua. Em clubes de Miami é comum ter alguém, lá dentro, que usa uma “régua” para copiar”, conta.
A “régua”, a que ele se refere, é um dispositivo parecido com um bracelete. Algumas pessoas usam no tornozelo, escondido, e um discreto movimento próximo à maquininha é suficiente para copiar os dados. Os golpistas pagam até $100 por cada “informação” roubada, ou 30% do valor roubado, segundo afirma J.J.
“’E muito fácil. Eles imprimem os cartões e falsificam ID brasileira, com o mesmo nome e assinatura dos cartões”, afirmou na época J.J.
Perfil dos “clonadores”
Na comunidade brasileira, os envolvidos em clonagem, em sua maioria, tem o mesmo estereótipo: são jovens, que gostam de frequentar baladas e ostentar. Não se preocupam em chamar atenção gastando muito nas noitadas e dirigindo carrões; vivendo um estilo de vida que não condiz com a de um imigrante que trabalha de sol a sol para manter seu sustento.
Também viajam com frequência para outras cidades ou estados, onde usam os cartões clonados com mais facilidade, como “turistas”. Las Vegas, Geórgia, Tennessee e Mississipi são destinos frequentes.
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