RENATO SANTOS 03/02/2019 Tem algo estranho nessa situação de Brumadinho, o que os cinco funcionários estavam fazendo no meio do almoço na barragem, no momento do rompimento? Estranho, será que a barragem sofreu algo de anormal ? Isso foi provocado?
A mineradora Vale informou neste sábado (2) que a presença de seus funcionários na área externa do paredão da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), era "rotineira".
Considerada incomum, a situação levantou a hipótese de que operários poderiam estar analisando uma possível anormalidade na barragem.
Por meio de nota oficial, a empresa afirma que seus profissionais realizavam "procedimentos básicos de segurança e manutenção dessas estruturas". "Uma das atividades executadas era a coleta de dados para atender ao cumprimento de requisitos legais, como determina a própria Agência Nacional de Mineração. É importante ressaltar que a Barragem I não estava em obras".
O professor de engenharia geotécnica da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro, Alberto Sayão, também considerou atípica movimentação e levantou algumas hipóteses.
Ele afirma que havia ao menos cinco funcionários no local em um horário "estranho." "O que eles estavam fazendo lá na hora de almoço?
Estariam verificando algum instrumento que teria dado um indicação fora do normal? Eles estavam ali para uma atividade importante, e isso não foi esclarecido.
A Vale deve esclarecer. Essa informação é fundamental para entender o que aconteceu", pontua. Segundo ele, as imagens deixam claro que houve um processo de liquefação. "Isso ocorre quando todo o material, com muita "Isso ocorre quando todo o material, com muita água, sofre alguma perturbação e se comporta como um líquido viscoso, ou seja, perde toda a resistência. Agora não se sabe o que causou", diz.
O vice-presidente do Comitê Brasileiro de Barragens, José Marques Filho, também afirmou ao UOL que as imagens deixam claro que alguma atividade era realizada no momento do rompimento.
"Isso mostra que alguma coisa estava acontecendo ali. Pode ser desde replantio de grama ou até coisas mais sérias. Por isso, seria muito bom falar com o pessoal de segurança da Vale, para saber planejamento e o que era feito ali", afirma.
O geólogo Paulo Rustowisch, do Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográfica, foi mais cauteloso, mas também chamou a atenção para o fato. "A suposição é válida, mas não tem como se afirmar isso sem maiores dados da empresa --se é que ela vai algum dia abrir a caixa-preta", diz.
O professor de engenharia de geotécnica do Mackenzie e da Fundação Armando Álvares, Paulo Afonso Luz, aponta que os funcionários estavam em uma área chamada talude de jusante, isto é, a parte da frente da barragem que não tem contato com a água e os rejeitos.
Nas imagens, é possível ver a circulação de pessoas que foram as primeiras atingidas pela lama de rejeitos. "A parte de cima da barragem, que é o topo, chama-se de crista. Todo o resto que a gente vê externo chama-se talude de jusante --que é parte inclinada de fora da barragem", explica.
A área citada é de acesso restrito a funcionários da empresa e pode ser acessada por técnicos para manutenção ou reparos, por exemplo. Como há um gramado no local, também há a possibilidade de serem jardineiros. "Havia operários nessa jusante da barragem, o que é estranho. Poderiam estar fazendo alguma inspeção visual ou leitura de instrumentos, ou então verificando algum problema.
Não dá para saber o que estavam fazendo lá, mas é estranho", afirma. "Em tese, em dias normais não é usual." Lama invade Brumadinho (MG) após rompimento de barragem da Vale +55 O professor de engenharia geotécnica da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro, Alberto Sayão.
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