renato santos
21/03/2016
Corrupção, bens adquiridos por pessoas que estavam na DIRETORIA DA PETROBRAS, causam rombo incalculáveis.
Vamos relembrar do caso PETROBRAS.
A compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena (EUA), que causou um prejuízo de US$ 1 bilhão para a estatal e que é alvo de investigação da Polícia Federal, virou o mais novo embate político entre governo e oposição. Documentos revelados ontem pelo jornal O Estado de S.Paulo revelaram que a presidente Dilma Rousseff votou favoravelmente à compra em 2006, quando era ministra da Casa Civil e presidia o Conselho de Administração da Petrobras.
Os oposicionistas cobraram a presidente. Para conter mais desdobramentos do caso e evitar que a imagem de Dilma como gestora eficiente fosse manchada, o Planalto emitiu nota informando que todos os membros do conselho da estatal foram induzidos ao erro com base em um documento “técnica e juridicamente falho”.
Investigações do Tribunal de Contas da União (TCU) apontaram que a refinaria tinha valor de mercado de cerca de US$ 50 milhões em 2005 – valor baixo, pois a unidade era considerada obsoleta. Originalmente, a Petrobras só iria comprar metade da refinaria. Em 2006, pagou US$ 360 milhões, sendo US$ 190 milhões por 50% das ações e US$ 170 milhões pelos estoques da unidade, localizada no Texas. Mas a unidade acabou sendo integralmente comprada pela Petrobras com desembolsos que totalizaram US$ 1,2 bilhão ao longo dos últimos anos.
Em 2012, quando a Petrobras decidiu colocar a refinaria à venda, recebeu apenas uma proposta, de US$ 180 milhões. Ou seja, caso decidisse vendê-la, a estatal teria um prejuízo de US$ 1 bilhão. A venda foi temporariamente cancelada.
Batalha judicial
A Petrobras enfrentou uma batalha judicial com o parceiro no projeto de Pasadena, a Astra, que possuía os 50% restantes das ações em 2006. A estatal brasileira acabou sendo obrigada a comprar a metade da Astra pela Câmara Internacional de Arbitragem de Nova York e por decisão das Cortes Superiores do Texas. Isso porque cláusulas do contrato previam que isso deveria ocorrer.
Segundo nota da Presidência divulgada ontem, a decisão de compra pelo conselho da Petrobras foi tomada com base em um parecer que “omitia qualquer referência às cláusulas Marlim e de Put Option” – que previam a aquisição total da refinaria. “Se conhecidas [as cláusulas], seguramente não seriam aprovadas pelo conselho”, diz a nota do Planalto.
O documento que supostamente teria omitido as informações importantes foi assinado pelo então diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró. Na época, o presidente da estatal era José Sérgio Gabrielli. E, além de Dilma, faziam parte do conselho da Petrobras àquela época, entre outros, os então ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Jacques Wagner, atual governador da Bahia, ex-titular das Relações Institucionais. No ano passado, Gabrielli defendeu a aquisição de Pasadena e disse que a operação foi correta e não houve “qualquer negócio escuso”.
Investigação
A Polícia Federal (PF) investiga suspeitas de evasão de divisas envolvendo a Petrobras no caso da refinaria de Pasadena. A revelação de como ocorreu a compra da unidade ocorre no mesmo momento em que a PF investiga outra denúncia envolvendo a estatal: o suposto suborno de funcionários da empresa pago pela empresa holandesa SBM, que presta serviços para a Petrobras. Esse caso levou à criação, na semana passada, de uma comissão de deputados federais para acompanhar as investigações no exterior.
Oposição vai pedir CPI na Câmara
Das agências
A oposição no Congresso defendeu ontem a necessidade de instalar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados para investigar os negócios da Petrobras – que envolvem a compra da refinaria de Pasadena (EUA) e a suspeita de pagamento de propina para servidores da estatal por meio de uma empresa da Holanda.
O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), disse que vai recolher assinaturas para apresentar o pedido de criação da CPI. “É mais um caso que revela o aparelhamento da Petrobras para atender a interesses políticos. O PT está manchando o nome da maior empresa do país, que hoje convive com prejuízos, dificuldades para investir e uma série de denúncias de corrupção. Por todo esse cenário é cada vez mais necessária a instalação da CPI da Petrobras”, afirmou.
O provável candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves, afirmou que as explicações dadas pela presidente Dilma Rousseff “são pouco convincentes” e que é preciso “investigar a fundo”.
O assunto foi tema ainda da reunião da bancada do PMDB na Câmara – que está insatisfeita com o tratamento recebido do governo federal. Segundo relatos, alguns peemedebistas defenderam a ideia da CPI da Petrobras. Mas não houve consenso e os deputados não fecharam posição. Ainda assim, a oposição se animou diante da possibilidade de contar com integrantes da base de Dilma para investigar a Petrobras.
Estratégia
No ano passado, um pedido de criação de CPI para investigar denúncias de irregularidades na estatal foi apresentado na Câmara, mas o Planalto acionou o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para barrar a criação da comissão.
Ontem, foi o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), quem entrou em campo para impedir a CPI. Ele descartou a possibilidade de uma investigação no Congresso. Argumentou que o caso já está sendo investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e Polícia Federal. “A investigação política só tem sentido quando o fato não está sendo investigado pelas vias normais”, disse Renan.
Em 2015, registramos aumento de 25% no Ebitda ajustado, porém, devidos às baixas contábeis, apuramos prejuízo. Leia o comunicado divulgado nesta segunda-feira (21/03):
• Prejuízo líquido de R$ 34,8 bilhões em 2015, ocasionado por:
• impairment de ativos e investimentos, principalmente em função do declínio dos preços do petróleo e incremento nas taxas de desconto (R$ 49,7 bilhões); e
• perda cambial e despesas de juros (R$ 32,9 bilhões).
• Prejuízo Operacional de R$ 12,4 bilhões, uma redução de 42% em comparação com 2014.
• O EBITDA ajustado atingiu R$ 73,9 bilhões, montante 25% superior ao de 2014, em função dos maiores preços de diesel e gasolina, além da redução dos gastos com participações governamentais e importações de petróleo e derivados.
• Fluxo de caixa livre positivo em R$ 15,6 bilhões, ante um resultado negativo de R$ 19,6 bilhões em 2014, favorecendo a redução em 5% do endividamento líquido, em dólares. Desde 2007, não se registrava fluxo de caixa livre positivo.
• Os investimentos totalizaram R$ 76,3 bilhões, 12% inferiores a 2014. Em dólares, os investimentos atingiram US$ 23,1 bilhões, uma redução de 38%. O segmento de Exploração e Produção concentrou 83% dos recursos.
• A queda do Brent impactou negativamente o resultado da Companhia, devido ao reconhecido de perdas por impairment. A desvalorização cambial também exerceu influência negativa, afetando o resultado financeiro.
Destaques operacionais
• Crescimento anual de 4% na produção de petróleo e gás natural (Brasil e exterior), atingindo a média de 2 milhões 787 mil barris de óleo equivalente por dia (boed). A produção de petróleo no Brasil superou a meta do Plano de Negócios e Gestão, alcançando 2 milhões 128 mil barris por dia (bpd). Na camada pré-sal, a produção operada pela Petrobras se manteve acima de 1 milhão de boed desde julho de 2015.
• Incremento de 55% das exportações de petróleo em relação a 2014, resultando em melhora da balança comercial da Petrobras, que alcançou superávit no 4º trimestre de 2015 (+167 mil bpd).
• No refino, houve aumento do percentual de diesel na produção total de derivados, com maior participação de óleo nacional na carga processada. A produção total de derivados (Brasil e exterior) foi de 2 milhões 175 mil bpd, 7% inferior a 2014, devido, principalmente, às paradas para manutenção na RLAM e na REDUC.
A Petrobras atribuiu o prejuízo recorde ao ajuste (impairment) de ativos e de investimentos, "principalmente em função do declínio dos preços do petróleo e incremento nas taxas de desconto, reflexo do aumento do risco Brasil pela perda do grau de investimento (R$ 49,748 bilhões)" e pelas "despesas de juros e perda cambial (R$ 32,908 bilhões)". Pesou ainda a queda de 5% nas receitas e a queda dos preços de exportação de petróleo e derivados.
Ou seja, por conta de condições de mercado menos favoráveis e da despesa com a desvalorização do real, a Petrobras agora estima que seus ativos (reservas, plataformas, campos etc) valem R$ 47,6 bilhões a menos do que era estimado até então.
A maior parte do ajuste aconteceu nos campos de produção de óleo e gás, na ordem de R$ 33,7 bilhões. Somente a revisão geológica do reservatório de Papa-Terra resultou em uma revisão de R$ 8,7 bilhões.
No 4º trimestre de 2014, a petroleira tinha registrado perda de R$ 26,6 bilhões – até então o maior prejuízo trimestral da história –, em balanço que calculou as perdas por corrupção em R$ 6,194 bilhões.
Endividamento recua no 4º trimestre
Além da queda dos preços internacionais do petróleo, o resultado financeiro da Petrobras tem sido pressionado pelo alto endividamento.
Na comparação com dezembro de 2014, o endividamento líquido aumentou 39% no final do 4° trimestre, principalmente em decorrência da desvalorização de 47% do real frente ao dólar.
A dívida líquida da Petrobras subiu em 2015 e tornou a petroleira a segunda empresa de capital aberto mais endividada da América Latina e Estados Unidos. No final de 2014, o endividamento líquido total era de R$ 282 bilhões, passando para R$ 402,3 bilhões no final de setembro.
No final de dezembro do ano passado, entretanto, a dívida líquida recuou para R$ 391,9 bilhões, segundo balanco divulgado nesta segunda-feira. Em dólar, o endividamento líquido recuou 5% em 1 ano, para US$ 100,379 bilhões, segundo a estatal.
O resultado causou estranheza no mercado, uma vez que até o 3º trimestre a Petrobras acumulava no ano lucro de R$ 2,102 bilhões. A média das estimativas de seis analistas consultados pela Reuters apontou um lucro líquido de quase R$ 4 bilhões para o quarto trimestre.
“O que causa estranheza é toda essa correção, o impairment, ter sido deixada para ser efetivada só no último trimestre. Dá uma sensação de pedalada”, diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset Management, acrescentando que o esperado é que todo e qualquer prejuízo ou ajuste de ativos sejam feitos trimestralmente e não somente no fechamento do ano.
Adiamento da Comperj
O início da operação da refinaria Comperj, em Itaboraí (RJ), foi novamente adiado, agora para 2023, devido à dificuldade de encontrar um sócio para o projeto que carregue investimentos necessários para a conclusão da obra, informou Celestino.
Devido ao adiamento, a baixa contábil do ativo no quarto trimestre de 2015 foi de R$ 5,3 bilhões. "Ficou para 2023, será um único trem (unidade de refino, no jargão do setor). Até agora o investimento (é de) US$ 14 bilhões", afirmou.
Revisão de ativos
Veja abaixo a lista dos resultados do impairment de ativos da petroleira:
- Campos de produção de óleo e gás no Brasil (diversas UGCs)
2015: R$ 33,7 bilhões (Papa-Terra: R$ 8,7 bilhões).
- Comperj
2015: R$ 5,2 bilhões
- Campos de produção de óleo e gás no exterior
2015: R$ 2,4 bilhões
- Equipamentos vinculados à produção de óleo e gás e perfuração de poços
2015: R$ 1,9 bilhão
- UFN III
2015: R$ 1,9 bilhão
- Complexo Petroquímico Suape
2015: R$ 782 milhões
- UFN V
2015: R$ 585 milhões
- Usinas de Biocombustível
2015: R$ 181 milhões
- 2º trem de refino da RNEST
2015: -
- Refinaria Nansei Seikiyu K.K. (Japão)
2015: -
- Outros
2015: 730 milhões
- Total do ajuste em ativos
2015: 47,6 bilhões
O prejuízo causado pelas irregularidades descobertas pela Lava Jato, no entanto, pode chegar à R$ 42,8 bilhões, segundo laudo de perícia anexado pela Polícia Federal (PF) em um dos processos da Lava Jato.
A estatal enfrenta um série de processos nos exterior em razão de perdas bilionárias decorrentes das investigações sobre suborno e propina envolvendo a companhia. Em fevereiro, um juiz dos Estados Unidos abriu caminho para que investidores processem a Petrobras em grupo.
No final de julho, a Petrobras conseguiu recuperar, após determinação da Justiça Federal, R$ 139 milhões desviados pelo ex-gerente da estatal Pedro José Barusco Filho e pelo ex-diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa. Somados aos R$ 157 milhões devolvidos em maio, a petroleira já recuperou R$ 296 milhões.
Desde a primeira das 25 fases já deflagradas pela Lava Jato, já foram recuperados R$ 2,9 bilhões para os cofres públicos, segundo a força-tarefa da investigação.