RENATO SANTOS 04/02/2023 ✊✊✊✊✊✊ Uma pergunta a todos, vocês sabem o que é politizar? É ruim praticar isso? Vamos tentar explicar:
Em debates mais acalorados sobre temas de interesse público, é comum ouvir alguém dizer, em tom acusatório, que a discussão está sendo “politizada”. A intenção é transmitir a ideia de que politizar o debate é algo ruim.
Como exemplo, podemos lembrar de algum governante afirmando que manifestações que não lhe favorecem são “políticas”. Mas faz sentido esse tipo de acusação? Por que a politização das discussões seria algo negativo? Mais do que isso: o que significa politizar?
Como já vimos em outro artigo, a palavra política tem origem grega. “Politikos”, na Grécia Antiga, era como se chamavam as pessoas que viviam na “polis”. Já a “polis” se referia à cidade, mas também, em sentido mais abrangente, à sociedade organizada.
Seguindo essa linha, a política é a própria participação na sociedade e nas questões coletivas. É o ato de viver em grupo e de determinar as regras, limites e leis que vão guiar a convivência.
Dessa forma, a política está em todos os aspectos da existência coletiva, em todo o lugar e situação que envolvam mais de um ser humano. Ela está na divisão de tarefas domésticas em casa, nos trabalhos em grupo na escola, nas conversas durante o trabalho.
Por isso, acusar alguém de politizar um debate soa contraditório. Todos os debates são, por definição, politizados, e dizer que um em especial não deve ser politizado já é um posicionamento político.
Porém, mesmo partindo da premissa exposta acima, o tema está longe de estar esgotado. Falar em politizar um debate pode ser contraditório, mas, em algumas situações, traz um sentido que precisa ser levado em conta.
Isso acontece porque, muitas vezes, quando se acusa alguém ou algum grupo de politizar um debate, a intenção é alertar para a invasão de interesses particulares onde se deveria discutir de forma coletiva ou técnica.
O exemplo mais próximo da nossa realidade atual é a pandemia causada pelo coronavírus. Como se trata de um tema que afeta todos os cidadãos e os interesses de toda a sociedade, espera-se que as decisões individuais e coletivas sejam tomadas visando o bem-estar geral.
Mas essa imagem não é bem vista para os politicos tanto na Câmara dos Deputados e no Senado, e nem mesmo no governo federal, sem interesses pessoais.
A polarização política entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro e parlamentares próximos ao governo do petista Luiz Inácio Lula da Silva divide a Frente Parlamentar Evangélica que, pela primeira vez desde sua criação, em 2003, terá uma disputa pela presidência.
Se enfrentam os deputados Silas Câmara (Republicanos-AM) e Eli Borges (PL-GO).O deputado amazonense é o favorito, tem diálogo com integrantes do governo, como o ministro da Integração, Waldez Góes (PDT-AP), e conquistou o apoio do PT.
Já Eli Borges busca forças dentro do principal partido de oposição, o PL. Aliados de Silas receiam que Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, possa articular uma reviravolta.
No ano passado, a frente chegou a ser composta 181 deputados e 8 senadores. Integrantes da bancada dizem que o grupo hoje tem 132 deputados e 14 senadores, força suficiente para influenciar em qualquer votação.
Eli é pastor da Assembleia de Deus do Ministério de Madureira e também tem aproximação com o setor do agronegócio. Silas faz parte da ala mais antiga da Assembleia de Deus, chamada de Missão ou Belém foi responsável por convidar Bolsonaro para a Marcha para Jesus em Amazonas no ano passado - que, como mostrou o Estadão, foi um evento usado em diferentes lugares do País para promover o ex-presidente na disputa eleitoral.
Nos bastidores, foi negociado o revezamento durante os dois anos de comando, mas a oferta foi recusada. Segundo o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), o impasse foi pelo primeiro comando. Ambos argumentam que querem inaugurar o período na presidência.
Para Sóstenes, independentemente do nome escolhido, o grupo enfrentará o PT com mais força em pautas identitárias e em temas sensíveis às igrejas, como o aborto. "A frente terá um papel ainda mais protagônico porque o governo afrontou muito os nossos valores.
A frente nasce no primeiro ano do governo Lula, em 2002", disse o deputado. "Vamos esperar. Mas se o governo vier com o que já demonstra, como nas posses dos ministros usando pronome neutro, vamos ter um trabalho de enfrentamento ideológico com o governo, independetemente de quem seja o candidato eleito.
"Para a deputada petista Benedita da Silva (RJ), que é evangélica e faz parte da frente, alega que a opção por Silas, mais próximo ao governo, ocorreu apenas porque foi o primeiro a se apresentar para conversar. "Eli não veio falar com a gente", disse Benedita. "Não temos nada contra o Eli. Mas quando Eli veio falar, Silas já tinha nos procurado e nós o apoiamos."O deputado José Medeiros (PL-MT) diz que há o componente da polarização da disputa, sem nomear quem está de cada lado, mas minimiza. "É mais retórica de campanha do que realidade", afirma.
Como mostrou o Estadão no ano passado, a bancada evangélica é composta por 80% dos partidos representados na Câmara - do PT ao PL - e vota mais alinhada às propostas do governo Bolsonaro (PL) do que o conjunto de deputados.
Ainda assim, a pauta de costumes não avançou na Câmara ao longo da atual legislatura, considerando o total absoluto de projetos.
A primeira votação para a presidência estava marcada para esta quinta-feira, 3, e teve acusações de fraude, discussões e gritos em uma sessão a portas fechadas para a imprensa e assessores parlamentares. Foram inúmeros impasses.
A sessão, que iniciou às 10h, foi à segunda chamada por falta de quórum. Sóstenes pediu para que jornalistas e assessores parlamentares se retirassem da sala para resolver o impasse. A discussão seguiu de portas fechadas por mais quatro horas.
Deputados relataram problemas para se inscrever na Frente pelo Infoleg, o sistema da Câmara. Sóstenes afirmou que houve divergência entre a quantidade de votos e o número de parlamentares que assinaram a lista de presença. Sem impasse, a votação foi adiada para o dia 15 de fevereiro.
O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) disse que diversos parlamentares votaram sem estarem inscritos. "Simplesmente 'apareceram' no plenário.
As normas são para todos os parlamentares e pleitos, certo? O não cumprimento de uma delas, pode sugerir, inclusive, fraude", afirmou, em nota enviada pela assessoria de imprensa. Otoni abriu mão da candidatura à presidência e apoia Eli Borges na disputa.O deputado Pastor Sargento Isidório gritou reclamando que o nome dele não estava incluso. "Se tiver algum problema na eleição, se houve fraude, isso não é ato do povo de Deus", disse Isidório ao Estadão.
"O povo, principalmente os fiéis, não tem culpa dessa coisa. Se esse povo que se diz de Deus, imaginem se fossem do diabo."O deputado Lucio Mosquini (MDB-RO) fala que a disputa gera um desgaste que é perigoso para a frente. "Faço parte dela há oito anos e nunca houve uma disputa pela presidência.
Na votação, eu pedi várias vezes (por uma pacificação). Mas não foi possível. Essa disputa, apesar de ser legítima, não a vejo com bons olhos", disse, mas minimiza que o fator partidário é uma influência.O parlamentar faz parte da base governista e foi eleito quarto-secretário da Mesa Diretora.
O Republicanos, partido de Silas, teve o apoio do PT para eleger o 1º vice-presidente da Câmara, o presidente da legenda, Marcos Pereira (SP), e para indicar o novo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Jhonatan de Jesus (RR), que busca atrair o partido para a sua base de apoio.