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05/11/2015
fonte portal ig
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iG São Paulo |
Além da clínica de emagrecimento Ravenna, como o iG mostrou na quarta-feira (4), um canteiro de obras do Metrô, um depósito de materiais e dois departamentos administrativos da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo também figuram como pontos prioritários no plano da Sabesp para o abastecimento emergencial da Grande São Paulo em caso de rodízio oficial.
O documento "Equipamentos Contemplados no Plano de Contingência Operação Emergencial", que a companhia controlada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) tentou esconder, também relaciona como hospitais com dois imóveis administrativos ligados à Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de São Paulo, comandada por Fernando Haddad (PT).
A Sabesp, que usou a imposição de sigilo sobre seus dados para evitar a divulgação do documento, minimizou os problemas. Em nota, a companhia alega que os locais apontados pela reportagem não passaram por intervenções e que a possibilidade de adoção de um rodízio está "devidamente descartada".
Terreno onde funcionaria o Hospital e Maternidade São Leopoldo
Desapropriado e de responsabilidade do Metrô, o terreno da Avenida Sapopema, 15.120 aparece como Hospital e Maternidade São Leopoldo na listagem, composta de 544 endereços que, segundo a Sabesp, abrigam "equipamentos públicos essenciais" contectados diretamente às adutoras para terem abastecimento ininterrupto de água.
De acordo com os registros municipais e estaduais, o local chegou a abrigar um ambulatório, desativado em 2010. Não há sequer sinais dessa ocupação, entretanto, no endereço apontado pela Sabesp.
O São Leopoldo, na verdade, ficava na Avenida Santo Amaro, 6.823, na zona sul paulistana, a 30 km do local indicado no plano emergencial. Hoje, um prédio em ruínas ocupa no local – a unidade de saúde está oficialmente desativada desde 2013.
A companhia não informa os motivos pelos quais o terreno do Metrô foi colocado na lista de pontos prioritários com um hospital desativado relacionado a ele. O Metrô informou não ter pedido a inclusão do imóvel no documento, informado a Sabesp para correção.
"A gente cuida da vida do funcionário"
A Sabesp também não explica as razões pelas quais alguns departamentos administrativos da Secretaria de Estado da Saúde estão no plano emergencial.
"Aqui é administrativo da secretaria [Estadual] da Saúde", diz a recepcionista da Direção Regional de Saúde 1, localizada na Rua Conselheiro Crispiniano, 20, no centro de São Paulo, e que também aparece como hospital. O local, segundo ela, foi um posto de saúde no passado.
"[Mas] Em 2007 foi extinto", completa o segurança. "Do outro lado da Praça das Bandeiras tem uma Unidade Básica de Saúde. Desce aqui à esquerda, atravessa o farol, passa por cima do Terminal Bandeira, é lá do outro lado."
O Hospital Pérola Byington, centro de referência da saúde da mulher, aparece com três endereços na lista de pontos prioritários da Sabesp, embora só preste atendimento em dois deles. O terceiro local é um imóvel da Rua Condessa de São Joaquim, 282, onde funciona o departamento de recursos humanos da unidade.
"Aqui a gente cuida da vida do funcionário", diz uma servidora. "A entrada do hospital é lá na [Avenida] Brigadeiro Luís Antônio."
O mesmo acontece com o Centro de Referência e Treinamento DST/Aids. Além do posto de atendimento ao público, localizado na Rua Santa Cruz, 81, na Vila Mariana, a unidade teve incluída na lista da Sabesp o seu almoxarifado, que fica na Rua das Oiticicas, 349.
Administrativo municipal
O tratamento de departamentos administrativos como hospitais se estende a órgãos da Prefeitura de São Paulo. É o caso do prédio da Autarquia Hospitalar Municipal (AHM), que fica na rua Frei Caneca, 1.402, uma travessa da Avenida Paulista.
"Tem o pronto socorro Augusta, mas é longe. O pessoal vai de carro", diz o segurança do imóvel, ao ser perguntado sobre a existência de uma unidade de saúde na região.
Outro é a rua Castro Alves, 151. Descrito como Hospital do Servidor Público Municipal – cujo endereço correto está na lista da Sabesp –, o local abriga na verdade o departamento de recursos humanos, a creche e a gráfica da unidade de saúde.
Discurso muda
A garantia de abastecimento a estabelecimentos de saúde e segurança pública foi apresentada em março pelo presidente da Sabesp, Jerson Kelman, como uma das medidas adotadas para lidar com a crise hídrica que atinge a Região Metropolitana de São Paulo. À época, seriam 626 os "pontos prioritários" dos quais 361 estariam "administrados", segundo a apresentação companhia.
Os números mudaram desde então. Em abril, ao responder ao pedido da reportagem pela listagem desses pontos, a Sabesp informou que eles seriam 492, dos quais 361 estariam equacionados. A companhia, então, impôs sigilo aos documentos e, ao levantá-lo após reportagem do iG, em outubro, a relação subiu para 544 pontos. A companhia alega que o critério para as mudanças é "técnico-operacional".
A Sabesp alterou também o discurso sobre o que foi feito nesses locais. Ao divulgar a lista em 14 de outubro, informou que os imóveis foram "conectados às adutoras". No dia seguinte, ao republicar a relação, informou que eles foram "priorizados". Após o iGrevelar que havia um hospital desativado e um endereço inexistente na lista, alegou que "nem todos os locais precisaram passar por intervenção técnica".
A companhia passou ainda a descartar a possibilidade da decretação de um rodízio oficial.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que os endereços citados pelo iG "abrigam equipamentos públicos estratégicos e de apoio ao atendimento à população". Ainda segundo a pasta, "de acordo com a Sabesp, nenhum deles passou por qualquer intervenção técnica da companhia".
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que os endereços mencionados pela reportagem "abrigam equipamentos públicos estratégicos e de apoio ao atendimento à população". De acordo com a Sabesp, nenhum deles passou "por qualquer intervenção técnica da companhia".
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